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Ao útero materno....

Atualizado dia 6/19/2006 5:23:58 PM em Autoconhecimento
por Maria Cristina Gonçalves


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Quem não gostaria de estar de volta ao útero da mamãe? Quentinho, protegido, alimentado, abrigado do frio e do calor. Mesmo que conscientemente você nunca tenha pensado nisso, a verdade é que em algum momento de nossas vidas desejamos essa proteção uterina.

Quem é mulher e passou pela experiência da maternidade pode atestar o que direi agora:
gestação é plenitude. É a espera mais compensadora que alguém pode ter. É estar acompanhado de um ser que espera pacientemente durante 9 meses para avistar seu rosto e trocar contigo o primeiro olhar. Um olhar apaixonado, sem julgamentos, pleno, que valida a nossa existência, que nos faz entender o propósito de estarmos vivos. É esperar por um ser que, ao contrário dos outros, enxerga primeiramente o seu interior para depois visualizar a sua “casca”, a sua “fachada”.

Pena que fora do útero esse ser se integrará a nós e vivenciará as dificuldades do dia-a-dia. Só assim ele sentirá saudade daquele lugar meio apertadinho, mas muito aconchegante. Pense comigo: se você não tivesse saído do útero da sua mãe, saberia quão bom era estar lá dentro?

E assim são os processos da vida: se não nos tornássemos adultos, como sentiríamos saudades da infância? Se não optássemos pelo rito de passagem para a maturidade, como seríamos únicos nessa existência? Como tomaríamos posse de nós mesmos?

Sair da barriga da mãe. Essa é a questão. Não dá para ficar lá dentro a vida inteira. Em algum momento da nossa vida teremos que crescer e nos assumir. E isso não é de todo o mal. Ao contrário, é a nossa chance de estarmos plenos do nosso ser. Mas que é doído, isso é. É hipocrisia negar a dor que acompanha uma transição.

Crescer dói, nos ossos e na alma. Abandonar a segurança do lar, do afago paterno, ou mesmo o útero materno. É difícil e desafiador. E isso pode acontecer com você aos 15, 18, 30, 40, 50, 60 anos... quem sou eu para te dizer a sua hora de crescer e existir?

O que importa é que sejamos complacentes com o nosso amadurecimento, que respeitemos as nossas limitações, revoltas momentâneas, crises existenciais. Nessas horas não cabem os conselhos padronizados ou uma lista das 10 coisas para se viver melhor. Cabe não ter medo de olhar para si mesmo, para suas transformações. Somos seres mutantes.

Cabe olhar para o próprio umbigo e se bancar. Bancar que você é o responsável pela sua felicidade, pelas suas escolhas, pelos seus erros, pelos seus acertos, pelos fracassos. Seja generoso consigo nos tropeços. Afinal, passaremos mais tempo na estrada e nos percalços que propriamente no cume. Até porque quando chegarmos num ponto alto, logo, logo almejaremos outro ainda maior.

Texto revisado por Cris

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