Aprender a andar de joelhos
Autor Hélio Arakaki
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/30/2007 6:23:12 PM
É normal que um cargo ou uma posição, nos faça sentir poderosos. É neste momento que devemos estar mais atentos, uma vez que cada atitude gera uma reação. Assim, por exemplo, se semear a lealdade, colherei a lealdade. Se semear a deslealdade, provavelmente sofrerei algum tipo de retaliação.
Metafisicamente falando, pode-se dizer que o Universo nos retorna os acontecimentos como o eco. Para quem não acredita, narro este incrível fato.
Dia desses, meu amigo Dr João Jazbik, competentíssimo cirurgião cardíaco, chegou me dizendo: “Precisamos aprender a andar de joelhos”. Antes que eu lhe perguntasse do que se tratava, foi me contando o seguinte episódio: tempos atrás, no município do interior em que se situa a sua fazenda, dirigiu-se a um órgão do governo para registrar algumas novilhas compradas recentemente.
Na ocasião, fora atendido por uma pessoa muita nervosa. Disse-lhe que aqueles registros não poderiam ser feitos. Alegou que tal procedimento deveria ser feito não naquela cidade, mas na qual residisse. Ao tentar argumentar com aquele atendente, ouviu o seguinte: “Vocês, criadores de gado, também são uns grandes criadores de confusão. Não adianta. A minha resposta é: não é possível!”.
Indignado com o atendimento, retirou-se e, em seguida, por telefone contatou com aquele órgão da capital. Foi orientado a aguardar alguns minutos para retornar e falar novamente com aquela pessoa.
Seguindo as orientações, deu um tempo e retorna ao local encontrando a pessoa mais nervosa ainda. “Não estou dizendo! Vocês são de uma raça que só quer fazer rolo. Vou fazer isto só porque estão me pressionando e blá-blá-blá”, disparou a falar aquele homem.
No final, depois de muito aborrecimento, conseguiu os registros.
E eis que, ontem, ele recebe um telefonema urgente de sua clínica. Chegando ao local, para a sua surpresa, encontra aquele mesmo homem que o atendera tempos atrás, enfartado, com somente 90% de seu coração funcionando.
O pobre homem ao reconhecê-lo, desesperadamente lhe suplica: “Doutor, não me trata mal. Me ajuda, pelo amor de Deus”. “Calma, vamos fazer de tudo que estiver ao alcance”, tranqüilizou-lhe.
E, realizada a cirurgia, a pessoa encontra-se agora em plena recuperação.
Esta foi a história que ouvi. E eu aqui, imagino aquele homem em sua cama, repensando a sua vida, talvez, arrependido por muitas coisas que já fez com as pessoas. Aprendendo a andar de joelhos.
Devemos rever o nosso conceito de poder. O que nos torna poderosos não são os atributos que formam o que denominamos de personalidade forte, e tampouco, títulos, cargos, status social. Mas o nosso caráter quando desenvolvido a partir das virtudes e qualidades como a lealdade, o respeito e, principalmente, a humildade que nos retornam em forma de admiração e o respeito que despertaremos nas pessoas.
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