AS ARARAS AZUIS
Autor Lucya Vervloet
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/10/2009 2:30:39 PM
Assistindo a um programa na TV paga sobre a extinção e preservação destas lindas aves, lembrei-me de um triste episódio relacionado a elas na infância. Triste para o adulto envolvido no drama, porque para mim estava tudo certo. Acho que é bem assim que se pode traduzir a inconsciência de nossos atos. Para nós, pelo nosso raciocínio na época, estava “tudo certo”, sem culpa ou maiores dramas ou sofrimentos. Lembro-me de ainda ter ficado perplexa e ofendida com a reação exagerada do ofendido.
Tudo começou quando o proprietário do sítio onde eu morava comprou um casal de araras azuis. Isto por volta de 1965 em Brasília, mais especificamente, nos arredores, no Estado de Goiás. Ah! Saudades do “cerradão” caloroso pela manhã e fresquinho lá pela tardinha, ao pôr-do-sol, sopinha quente, pequi, doce maracujá, fogueira e carinho.
Bom, como já era de se esperar, a “dona” arara colocou o seu primeiro e “precioso” ovinho. Todos radiantes: eu e meu coleguinha de travessuras, nada. Não havíamos entendido nadinha de nada, ou seja, o porquê de tanta alegria e algazarra por causa de um ovo! Havia tantos na granja, e maiores! Este era tão pequenino... Mal sabíamos o que nos aguardava mais adiante.
Passávamos dias e dias em frente ao ninho das araras aguardando o que poderia advir de todo aquele ritual, onde a mãe arara não saía de lá, o pai arara vez por outra ia e vinha e tudo nos parecia muito monótono. Daí, depois de algum tempo, a grande idéia! “Que tal se jogássemos água na casinha deles”? Com certeza sairiam e nós, enfim, “mataríamos a nossa grande e longa curiosidade”. Não deu outra... Mas, infelizmente... Hoje sinto a dor do fundo de meu coração e ainda me vem à lembrança com mais força a figura atônita em que o casal apareceu na portinha da casa, sós e desamparados com a imobilidade do filhinho que acabara de nascer! E acabara de morrer afogado...
Foi uma semana, um mês triste no sítio. Não cheguei a ser castigada severamente. No entanto, afastaram-me do meu único coleguinha da redondeza. Lembro-me que alegaram ser ele o mais velho e que poderia ser má influência. Novamente, encontrava-me sozinha em minhas andanças e aventuras. A tristeza e a decepção que percorriam a alma das pessoas envolvidas tocaram sensivelmente o meu ser. Nem mais “jogar as galinhas na piscina” pra ver se nadavam me interessava. Voltei a andar pelo cerrado a procura de novidades, de novos sabores de frutas, de novas pedrinhas coloridas, ou quem sabe de um novo companheiro.
A ativação desta lembrança trouxe-me um cuidado e atenções maiores para o presente atual. O que, qual a atitude estou tomando, por curiosidade, inconsciência e ou ansiedade, que um dia poderei arrepender-me por não ter mais volta? Um cuidado especial com nossos pensamentos, sentimentos e a partir daí movimentos, faz-se necessário no momento atual. Nunca em nenhuma época a oportunidade de desenvolvimento da consciência humano-divina esteve tão próxima de nós. Nunca tivemos tantos propagadores e exemplos vivos de que com cuidado e amor podemos proteger a nós e aos “outros” de nossos desejos, caprichos e vontades absurdas que muita dor e sofrimento podem gerar ad infinitum. Vamos crescer e amar? Vamos dar tempo ao que é vivo desenvolver, madurar, florescer, viver e morrer na sua devida estação? Enfim, vamos viver e deixar viver?
Namastê
Lucya
Avaliação: 5 | Votos: 5
Astrologia (básico na Regulus/SP) e autodidata. Participei de workshops de Runas, Tarot místico/terapêutico com Veet Pramad. Estudei Numerologia e quirologia. Iniciei-me na energia Reiki. Estudei 12 meses do Curso de Psicanálise/ES. Com uma visão universalista da vida dediquei-me ao aprendizado de idiomas e culturas estrangeiras. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
