AS CONTRIBUIÇÕES DA GLOBALIZAÇÃO E DA SEMIÓTICA PARA O SURGIMENTO DA NATUROLOGIA - parte II
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Autor Michelly Eggert Paschuino
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 02/12/2010 15:21:11
Várias são as respostas para esta adesão: além do baixo custo e facilidade de acesso, o procedimento de avaliação (conhecido como diagnóstico pelos médicos) envolve questões mais complexas no que tange as esferas de um ser também complexo. Essas esferas (bio-psico-social-sutil) favorecem uma avaliação o ser humano de forma integral, na qual todas as esferas são importantes e formam o sujeito, devendo ser consideradas durante o tratamento. O mais importante é a consciência de que cada sujeito é único e a sua vivência de vida é que estrutura essas esferas, que são ricas de compostos informacionais, símbolos, seus significados e a compreensão do sujeito perante essas informações. É como se fossemos sujeitos, mas nos comportássemos como objetos e tratássemos objetos, como se os mesmos pudessem ter vida.
A semiótica é a ciência da significação, é neste campo em que se inserem os signos, os símbolos, e sua significação, ou seja, unir o sentido à enunciação viva.
O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo." "Semiótica, portanto, é a ciência dos signos, é a ciência de toda e qualquer linguagem. (p.7) A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido. (Santaella, L. 1983. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense. pg 13)
O universo dos signos abrange as inumeráveis "coisas representativas de outras coisas": estímulos e saberes que nos chegam através da percepção e que passamos a reconhecer e relacionar através da memória e dos raciocínios associativos.
O naturólogo assim como todo profissional da saúde lida com símbolos a todo momento, seja da maneira mais objetiva através da interpretação dos exames e no conhecimento adquirido para diferenciar doença de saúde, seja, nos aspectos mais subjetivos, que são os sintomas, os hábitos, as crenças e as queixas emocionais dos pacientes.
Não existe conhecimento, sem os signos. E na área da saúde isso é óbvio, mesmo com os sinais subjetivos não sendo tão valorizados atualmente, o que reflete diretamente na desumanização da saúde.
O grande pensador da semiótica, Charles Sanders Peirce, escreveu que o próprio homem é um signo, pois somente tem consciência de si mesmo, quando se reconhece como tal, pela simples experiência de ser e saber que é homem implicando este fato em discernir o "não ser" planta, pedra ou outro animal. É na dimensão da consciência e do pensamento reflexivo que o homem se reconhece como homem (PEIRCE, 1980).
Uma ciência que está fundamentada no homem e no seu desenvolvimento em equilíbrio com o meio em que vive é a naturologia, associando as terapias tradicionais, naturais e complementares ao avanço científico. O objetivo dessa ciência é favorecer o autoconhecimento e desenvolver no paciente a autonomia de viver, focada no restabelecimento e manutenção da qualidade de vida e do bem estar. Para que a saúde seja possível o naturólogo lida constantemente com as relevâncias simbólicas que o paciente traz em cada atendimento, tomando o devido cuidado para conhecer o paciente favorecendo para que o processo de avaliação, ou de diagnose como é conhecido, seja fundamentado em todo o avanço científico através dos exames laboratoriais mas, a instância transformadora desse olhar sempre vai ser o sujeito.
A Naturologia é um conhecimento transdisciplinar que atua em um campo igualmente transdisciplinar. Caracteriza-se por uma abordagem integral na área da saúde pela relação de interagência do ser humano consigo, com o próximo e com o meio ambiente, com o objetivo de promoção, manutenção e recuperação da saúde e da qualidade de vida. (Fórum Conceitual de Naturologia, 2009)
Como o ponto de partida para o desenvolvimento desta ciência está no sujeito em plenitude, diante de um prisma hologramático, fica claro para mim, que a naturologia possui um diálogo aberto e direto, com a semiótica e as teorias da complexidade.
O ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos. (MORIN, 2000. p.15)
Valorizar o sujeito, conhecedor e portador da significação do símbolo, favorece para que a abordagem terapêutica seja mais abrangente, focada em uma investigação interpretativa da origem da doença, na história daquele paciente em particular. Onde o próprio paciente pode participar do seu processo de restabelecimento de saúde à partir de uma maior compreensão de si e de seu universo simbólico. Já para o profissional da área da saúde, esta visão promove uma possível mudança em sua atuação clínica, passando a valorizar cada paciente de uma forma única e particular, como se o universo simbólico que representa o paciente, sempre fosse algo novo para ser aprendido pelo profissional, refletindo em uma postura mais humilde e respeitosa pelo conteúdo que o próprio paciente traz.
O Símbolo geralmente possui relação com o seu significado, que é transmitido de cultura, para cultura. Palavras, letras, números, objetivos são símbolos, e o homem os usa para transmitir o seu conhecimento, ou seja, o homem é um ser simbólico. Também são símbolos figuras, objetos, gestos, quando remetem a uma idéia ou a uma significação que não tem, necessariamente, qualquer semelhança objetiva com o aquilo que simbolizam, por exemplo: a maçã como símbolo do pecado para os cristãos, ou como símbolo de alimento da vida, representativo dos 5 elementos para os celtas. Essa constatação só enfatiza a necessidade de olhar para o conteúdo do paciente sem preconceitos, sem influenciar com seus conteúdos pessoais na avaliação e na determinação do tratamento, pois o paciente diante de sua formação cultural vai ter uma característica totalmente diferente.
O diálogo e a compreensão do mesmo são fundamentais para o processo terapêutico, o homem é um ser de comunicação, é o único que criou inúmeros sistemas de linguagens, relacionando-se e revelando-se com os outros, consigo mesmo, com sua cultura e crenças e com a natureza.
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Naturóloga e Especialista em Acupuntura. Mestranda em Semiótica Tecnologias da Informação e Educação - UBC. Docente do curso de Naturologia da Universidade Anhembi Morumbi. Consultora nas áreas de Bem Estar, Qualidade de Vida e Manutenção da Saúde. Dedicação na área de pesquisa científica e aplicação das Terapias Complementares. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |