AS CONTRIBUIÇÕES DA GLOBALIZAÇÃO E DA SEMIÓTICA PARA O SURGIMENTO DA NATUROLOGIA - parte III
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Autor Michelly Eggert Paschuino
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 02/12/2010 15:26:25
Apesar do símbolo possuir uma linguagem universal, o que Jung identifica como inconsciente coletivo, o símbolo é mais importante e válido, quando estudado e compreendido em uma linguagem particular, seja do sujeito, seja da cultura, etnia ou grupo social que ele pertença. Além de conceber sentido para as coisas, acredito que a semiótica se ampliada ao olhar do profissional da área da saúde, pode ajudar o paciente a compreender o sentido da sua própria vida, essa visão potencializa e foca no sujeito como peça fundamental para o tratamento. O sujeito passa a assumir a autonomia de sua vida, a partir do momento em que ele compreende que quem é o responsável pelo processo de cura é apenas ele, a adesão ao tratamento será facilitada e o paciente pode se empenhar na manutenção e na busca da sua saúde.
Faço essas observações sem a pretensão de atingir nenhum profissional, até mesmo porque todos vão concordar que o tratamento só terá sucesso, se o paciente fizer a sua parte seja através de uma reeducação alimentar, atividade física, administração dos medicamentos nos horários certos, e porque não a sua saúde mental e emocional?
Como naturóloga costumo dizer, que somos facilitadores do processo de restabelecimento da saúde, indicamos o melhor caminho a ser seguido, mas quem decide percorrer o caminho é o paciente. Acredito que nesta busca a Naturologia se destaca por percorrer o complexo universo simbólico do sujeito, associado ao desafio de fazer dialogar ciência e tradição.
Sua contribuição assemelha-se a proposta de manter a dualidade no seio da unidade ao associar dois termos ao mesmo tempo complementares e antagônicos como razão e emoção. O parâmetro cartesiano-racionalista separa e opõem os dois, na Naturologia estariam em constante diálogo ajudando a estabelecer as bases para o bem estar e qualidade de vida que são os objetivos últimos deste conhecimento. (SILVA. 2008. p. 9)
Sendo assim, acredito que a humanização da saúde só será possível, quando os profissionais, passarem a considerar a relevância do universo simbólico, estudado pela semiótica, e pelo presente momento faz mais parte do que nunca do universo da naturologia.
O ser humano é um ser simbólico, e os símbolos que fazem parte de sua vida, podem ser permanentes ou temporários, mas são significativos e fazem parte da sua formação como sujeito, que será transmitido às gerações, formando a teia do conhecimento, que conta a sua história e forma constantemente culturas diferentes. Por isso é de extrema importância que os profissionais da saúde considerem os fatores simbólicos objetivos e subjetivos como fatores importantes no tratamento e na saúde dos pacientes.
Faz-se necessário compreender que a naturologia interage entre a evolução frenética da globalização e a semiótica focada no desenvolvimento histórico de cada paciente, que foi explorado neste artigo, como se a prática profissional nos direcionasse constantemente para a evolução mas, a semiótica nos faz refletir sobre a tradição cultural do paciente, nos fazendo voltar o olhar para o sujeito, que aparentemente pareceria mais simples, mas é tão complexo, senão mais, do que o domínio da compreensão de sinais e sintomas.
Sendo assim pode-se dizer que a naturologia apresenta-se como uma ação transdisciplinar em saúde, que favorece o diálogo de uma equipe interdisciplinar, focada nas esferas de desenvolvimento do sujeito, para que o mesmo possa ter saúde e reconhecer que o atendimento de saúde é humanizado, porque está focado no humano que é o sujeito.
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS
CANCLINI, Néstor Garcia. Leitores, espectadores e internautas. Trad. De Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008.
MORI, Henry. Mapas Fundamentais do I Ching e avaliação em Naturologia: Um novo método de observação. Trabalho de Conclusão de Curso. UAM. 2006.
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na PóS Modernidade. 3° edição. Rio de Janeiro: DP&A Editora. 1999.
BENKO, Georges. Mundialização da economia, metropolização do mundo. Revista do Departamento de Geografia, 15 (2002) p.45-54.
LUZ, Madel T.. Cultura Contemporânea e Medicinas Alternativas: Novos Paradigmas em Saúde no Fim do Século XX. PHYSIS: Revista Saúde Coletiva, RJ, 7 (1): 13-43, 1997.
PAIS, C. Teodoro. Sistemas de crenças, imaginário coletivo: investigações semióticas. IN "I Encontro Mestrado de Semiótica, Tecnologias de Informação e Educação. Mogi das Cruzes, 19.novembro.2004. UBC.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação futura. 2°ed. São Paulo:Ed. Cortez. 2000.
NASCIMENTO, Lígia Cabús do. Semiótica fácil. Disponível em: https://ligiacabus.sites.uol.com.br/semiotica/signos.htm. Acesso em 28 de set de 2010
PEIRCE, Charles Sanders. Terceiridade degenerada. In Conferências sobre o Pragmatismo. As categorias (continuação), § 1. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (col. Os Pensadores)
Site da Associação Brasileira de Naturologia - ABRANA. Conceito de Naturologia. Disponível em: https://www.abrana.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=46&Itemid=12. Acesso em 30/03/2010 às 13:30.
SILVA, Adriana Elias Magno da. Naturologia: prática médica, saberes e complexidade. V Jornadas de Investigación en Antropología Social - 19 al 21 de noviembre de 2008.
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Naturóloga e Especialista em Acupuntura. Mestranda em Semiótica Tecnologias da Informação e Educação - UBC. Docente do curso de Naturologia da Universidade Anhembi Morumbi. Consultora nas áreas de Bem Estar, Qualidade de Vida e Manutenção da Saúde. Dedicação na área de pesquisa científica e aplicação das Terapias Complementares. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |