ASSUNTO DE MULHER
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Autor Christina Nunes
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/14/2006 10:43:37 AM
Desejo tocar, com este artigo, num ponto crítico do comportamento feminino. No entanto, mulheres conscienciosas entenderão; se dispuserem da necessária imparcialidade e do senso crítico com o qual eu mesma - antes de tudo mulher - costumo me policiar.
Há frases costumeiras nas conversas femininas: "mulheres não são unidas como os homens" - correto. "Trabalhar (em escritório, repartições ou em qualquer lugar onde haja grandes grupos) com homem é muito melhor. O trabalho rende mais, os homens são mais objetivos, mulher perde muito tempo com fofoca, com competição idiota acerca daqueles cargos batizados como funções de pequenas autoridades!" - em muitas vezes. Noutras tantas enumeram os vícios de comportamento masculinos: vaidosos em demasia, espaçosos em casa, sem a consciência clara da divisão de tarefas, traidores, mentirosos, acomodados (querem tudo na mão, não são nem mesmo capazes de descascar e cortar uma laranja, forrar a própria cama ou colocarem no baú a própria roupa suja); as mais lúcidas, contudo, observam que isto é vício oriundo de um erro de criação próprio, geralmente, de mães super protetoras: criam o "reizinho", desde cedo, inflando-o como um balão, tirando-lhe a iniciativa para as coisas mais banais (como cortar e descascar um laranja). E o "reizinho" inevitavelmente vai seguir assim pela vida afora, até atingir a época do casamento quando, então, acha que a esposa deve ocupar, no lugar da mãe, a tarefa de babá...
Em dependendo de quem se trate, tudo muito certo. E, destarte, devem as mães modernas - e pais! - policiarem a educação ministrada aos seus filhos homens. Parar com esta utopia de usurparem deles, desde cedo, a utilidade das suas mãos, naqueles afazeres que não constituem favor, mas antes, obrigação e responsabilidade. Atribuir a eles, para o seu próprio bem, tarefas domésticas. Sim, porque não? Comprar o pão da manhã na padaria, arrumar sua cama, guardar nas gavetas - arrumadas! - as suas roupas limpas e passadas, jogar o lixo fora... São algumas boas alternativas viáveis, entre tantas outras possíveis, que os ensinarão a verdade de que o lar é realidade grupal, nas boas como também nas necessárias coisas a serem feitas; e, como tal, deve ser zelado em regime de partilha de deveres... É um bom começo de correção, principalmente no comportamento materno...
Outra boa correção se dá na conduta emocional.
Já vi muita mulher esclarecida fazendo comentários desastrosos em relação à síndrome de traição crônica no comportamento masculino: "a ordinária que se meteu com meu marido"; "a ordinária que tirou o meu marido de casa"; "a ordinária que se mete com homem casado"... e vai por aí... O marido, por sua vez - a criança inocente - sempre vítima! Sempre, de algum modo, através desta visão, inocentado; "homem é homem", algumas dizem. “Cabe à mulher evitar. Por ele... ele não queria”, só falta dizer! Será?!
Não cabe à mulher, não! E, tão certo quanto andar pra frente, ele queria, sim! Que me desculpem as partidárias do contrário, mas a diferença de opiniões não muda a realidade! E sabem porque?! Porque quando um não quer (mulher e homem) dois não brigam!
E naqueles casos em que a adolescente idiota e desprevenida é envolvida pelo espertinho - casado - que jura de pés juntos que não tem compromisso com ninguém?! Teria que ter ela bola de cristal?! Ser médium de vidência?! E quando não se enxerga a aliança no dedo, que muitos, hoje em dia, nem usam? Como iria saber?
Quando, enfim, a tonta foi saber - por intermédio daquele escândalo que a honrada senhora armou ameaçando tirar-lhe a vida caso "não parasse de dar em cima" do seu marido - o susto passa a ser tão dela quanto seu! Como vocês, não sabia de nada. Só falta enfartar. E, se tiver decência, de fato ela fará o que também lhe caberia: mandar para o inferno o espertinho que fez as duas de trouxas...
Mas, também aí a síndrome de super-mãe prevalece. Aquele erro que se origina lá na infância, com o endosso materno para a negligência de responsabilidade no comportamento dos filhos meninos vai se evidenciar também aqui. E isto, a meu ver, é insultuoso até aos homens; pode lhes ser conveniente - mas é insultuoso...
Senhoras: os homens traem porque quiseram trair! Todos são maiores de idade e vacinados! Não lidamos aqui com deficientes psicológicos nem tontos! Lidamos, aqui, com o conceito universal de lealdade na vida em comum, e deste valor moral, façam-me o favor, descarta-se na conduta diária quem quer e na hora que quer, obedecendo-se, nada mais, que a livre arbítrio! Então, que tal uma mudança na forma de encarar e de reagir aos fatos, no sentido de se cobrar deles - com urgência e já com bastante atraso! - dignidade e caráter, ao menos na hora de assumirem para si a responsabilidade e a autoria plena das suas iniciativas?!
Assim, trairam porque quiseram, ou porque a infidelidade é um apanágio de sua personalidade, ou porque o amor acabou entre vocês, ou traiu porque traiu, e não - não mesmo - porque qualquer "ordinária" lá fora, segundo a visão de algumas mulheres, tiraram, à revelia da pobre vítima (estranho, mesmo para a masculinidade e força de caráter deles), o infeliz de casa, ou deste relacionamento romântico que vocês tanto prezam. Muitas vezes, minhas queridas - e isto é fato! - o romantismo só está na cabeça de vocês, numa convivência que eles mesmos - coitadas de nós - estão levando na base do "empurrar com a barriga" ou do "sem nada melhor para fazer"...
"As ordinárias" lá fora, queridas, são mulheres como nós! Que sentem tanto quanto nós, se apaixonam da mesma forma e nos mesmos padrões que nós; sofrem como nós, e são enganadas como nós, em qualquer situação de ilusão decorrente de uma boa mentira pregada sob juras e promessas melosas, naqueles instantes de enlevo no escurinho do cinema...
E mesmo não ignorando que mulheres, sim, há, destituídas de dignidade e do devido respeito à sagrada instituição do lar - que também eu prezo como todas - ainda assim, ouso propor uma mudança no ângulo de visão que, mais que cobrar brio e responsabilidade dos homens, exigirá maturidade também de nós, mulheres, através de um modo mais lúcido de encarar os fatos: que tal, em situações de traição, apurar melhor as coisas e, conforme for, unir-se à outra tonta, tão enganada quanto você, para - as duas! - diante dele afirmarem que não são tão bobas quanto lhe interessa, ou quanto queria?!...
Para sermos respeitadas temos, antes, que nos dar o respeito - e a célebre atitude de avestruz que enfia a cabeça na terra pra fazer de conta que o perigo não existe, não nos ajudará em nada nestes casos! Talvez no dia em que incorporarmos esta noção de responsabilidade quanto a nós mesmas, e ao respeito que nos devemos como seres humanos, a atitude do homem quanto a nós, enfim, também se torne mais respeitosa, mais amadurecida.
A fila pode andar, também para vocês, minhas amigas! A vida é rica e vasta!
Fica a sugestão...
Com amor,
Lucilla
Elysium
https://www.elysium.com.br
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Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |