Bebê Rena e a dependência emocional
Atualizado dia 6/11/2024 11:41:52 PM em Autoconhecimentopor Andrea Pavlo
Bebê Rena é aquilo que era para ser uma coisa, mas no final é bem outra. Fala sobre dependência emocional sim, mas de ângulos completamente opostos. Aquilo que parece, que é institucionalizado que é dependência, na verdade, é narcisismo. E o contrário também, já que os dois são os lados de uma mesma moeda.
Daqui pra frente contém spoilers.
Marta parece a dependente. Ela conhece o Bebê Rena - apelido que ela dá e que entendemos só no último capítulo - trabalhando como barman. Ele oferece um chá para ela, que entra chorando no estabelecimento e daí para frente ela volta, todos os dias, insistentemente. Ela conta muitas mentiras sobre ela mesma. Ela se coloca numa posição de vítima, com muitos quilos a mais e uma carinha de criança perdida. A fotografia mostra uma pele ressecada pela má alimentação e pela falta de cuidados, assim como os cabelos. Mesmo assim, ela chega a cada dia com uma roupa diferente, uma maquiagem exótica, como se realmente se preocupasse.
Ele vê isso, ele sente isso. Sente que ela o vê e se preocupa em ser vista. Ela quer ser notada mas, principalmente, começa a acompanhá-lo a todos os lugares. Ele - por brincadeira - chega a dar esperanças sexuais a ela. Aliás, as investidas sexuais dela são bastante abertas.
A trama segue e ele percebe que ela é uma perseguidora. Ela manda emails todos os dias, ele encontra referências dela na internet, como uma perseguidora profissional. É aqui que o jogo muda.
Ele começa a contar a história dele e ele mesmo percebe o quanto se tornou dependente dela, mesmo na situação mais bizarra possível.
Cenas do passado dele explicam que não era a primeira vez. Uso de álcool, drogas, abusos sexuais. Tudo fruto da imensa dependência emocional dele.
Assistam. É melhor do que eu contando.
A questão é: o estrago que a dependência emocional faz na vida de uma pessoa. Uma psicopata, disfarçada de dependente, e um legítimo dependente. Como os papéis se entrelaçam, mudam, tem uma cara diferente a cada capítulo, a cada cena. Como ele, mesmo sabendo do quanto isso tudo é prejudicial, ainda se expõe, ainda tenta, ainda volta. Quem passou por relacionamentos abusivos sabe do que estou falando. Sabemos o mal, sentimos o mal, mas é tão interessante como assistir um acidente de carro. Nos colocamos em perigo - saindo de madrugada, bebendo, fumando, nos adaptando a realidades que não são nossas - perigos físicos e emocionais. A dor que sentimos é, muitas vezes, muito maior do que a dor impingida pelo outro, pelos narcisistas. como se o mundo estivesse dividido somente nessas duas espécies. O normal não nos interessa, é chato, é seco, é sem graça.
Até que nos curamos. E tudo o que está naquele seriado para de fazer sentido. Quando curamos a nossa dependência emocional filtramos o que chega até nós. Bloqueamos pessoas e situações, nos afastamos. Mas isso não é uma conversa de cinco minutos, isso pode durar meses e até anos. É uma patologia que sempre vamos carregar, mas que vamos aprender a monitorar. Sempre vamos atrair os "salvadores" que estão "finalmente" nos dando o que precisamos, mas agora eles já parecem não possuir mais a máscara. Vemos a feiura de pessoas que achávamos belas. Vemos o narcisismo e a falta de respeito e de limites - os limites que não sabíamos impor. E quando tudo isso acontece, tudo muda. Tudo. Muda. Radicalmente.
O Bebê Rena consegue ou não se livrar da sua dependência? Melhor deixar esse spoiler para vocês, já que dá asas à interpretação. Mas, depois de assistir Bebê Rena, algumas pessoas e algumas situações deixarão de fazer sentido.
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 1
Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |