BELEZA E IMAGEM CORPORAL
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Autor Priscila Gaspar
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/14/2006 10:43:11 PM
A cena parece trivial. Marcela olha uma foto em que Eliana, sua amiga, está de corpo inteiro e diz: Que gata, hein! Olha só como você sai bem em fotos! Eliana, indignada, afirma que está horrível: Imagina! Olha só que rugas! E esses pneuzinhos! Nessa posição, então, parece que estou deformada!
É importante notar que Eliana não está sendo modesta, nem busca elogios. Está sendo sincera quanto ao que pensa sobre seu corpo e, especificamente, a respeito de como seu corpo lhe parece nessa foto. Quem ainda não foi surpreendido pelo elogio a uma foto sua, quando se acha “horrível”? Pior ainda quando somos surpreendidos por um “estranho” que nos encara, até percebermos que se trata de um espelho!
Essas situações são muito mais freqüentes do que parecem, pois a imagem que fazemos de nós mesmos dificilmente corresponde à realidade, muito menos é compatível com a forma como os outros nos vêm.
O termo “imagem” nos remete ao imaginário, ou seja, a forma que pensamos ter não é real, mas algo que imaginamos a partir de certas informações, portanto, refere-se ao que existe apenas em nossa mente. A imagem corporal é formada psiquicamente a partir de uma série de referenciais, entre eles as sensações obtidas a partir de nosso órgãos dos sentidos. A maior parte do tempo percebemos como está nosso corpo por meio de receptores tácteis, ou seja, do tato e também por receptores internos denominados proprioceptores, que informam sobre condições internas do nosso corpo. Olhar o próprio corpo – para as poucas parte que são normalmente visíveis –, fotos ou para o reflexo no espelho, pode nos dar mais informações, levando-nos a formar uma imagem corporal mais próxima da realidade.
Quanto menos a pessoa se olha, maior tende a ser a distorção de sua imagem em relação à realidade. No entanto, uma série de fatores afetivos contribuem para que existam, em certos casos, grandes distorções de imagem corporal mesmo entre as pessoas que habitualmente se olham. Em geral, a auto-estima atua distorcendo imagem corporal. Se a pessoa tem uma grande auto-estima, tende a se ver de forma mais idealizada, ou seja, “melhorada”. Por outro lado, é cada vez maior o número de pessoas – principalmente mulheres – que têm um alto grau de exigência com relação ao corpo e apresentam baixa auto-estima. Assim, é como se cada pequena imperfeição fosse ampliada e, sob lentes de aumento, se tornassem grandes defeitos. Esses acabam acentuando a diminuição da auto-estima, gerando um círculo vicioso de auto-depreciação e insatisfação consigo.
Um exemplo típico de distorção de imagem corporal é o das anoréxicas (mulheres que sofrem de anorexia nervosa): por mais magras que estejam, colocando em risco a vida, consideram-se gordas. Mesmo diante do espelho, com os ossos à mostra, são capazes de afirmar que estão gordas. Claro que este é um exemplo extremo, mas sempre se tem notícias sobre atrizes ou modelos que se consideram feias, mesmo sendo invejadas por outras mulheres e consideradas perfeitas para o padrão de beleza aceito pela cultura atual.
Outro aspecto bastante interessante é o do quanto a auto-estima e uma boa imagem corporal podem tornar uma pessoa mais bonita. A pessoa confiante tem postura ereta, olhar profundo e todos os seus gestos transmitem confiança, de forma que ela se embeleza. Por outro lado, a falta de confiança pode “enfeiar” uma moça bonita: anda cabisbaixa, com os ombros arqueados, desviando o olhar. Torna-se, muitas vezes, “sem sal”, como se diz na linguagem popular.
Diante do que foi exposto, torna-se óbvia a desvantagem de se ter uma imagem corporal diminuída ou inferiorizada em relação à realidade. Por outro lado, muitos diriam que é melhor tê-la melhorada pois, ainda que fosse uma ilusão, a pessoa se sentiria bem. Outros argumentariam que seria melhor diminuir a distorção e ter uma imagem corporal o mais próximo possível da realidade. O bom senso talvez nos leve a uma posição intermediária: procurar fazer com que imagem corporal aproxime-se da realidade, desenvolver a auto-estima aceitando-se como é e buscando melhorar naquilo que não nos agrada, dentro dos limites impostos pela realidade. Em outras palavras: aceitar-se e cuidar de si, ampliando o conceito de beleza para além da estética, acrescentando a esta a segurança e confiança de quem ama a si próprio.
Voltando às personagens do início, com auto-estima elevada e uma imagem corporal mais próxima da realidade, talvez Eliana respondesse à amiga: “Até que estou bem para minha idade, não é? Mas, estou vendo por esta foto, que posso melhorar se cuidar dessas ruguinhas e der um jeito nesses pneuzinhos. Acho que um pouco de ginástica também faria bem à minha coluna e melhoraria minha postura. Que você acha?”
Priscila de Faria Gaspar é Psicanalista com abordagem psicossomática.
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Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected] E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |