BRUXARIA, CASTANEDA E DON JUAN (1ª parte)
Atualizado dia 4/20/2007 2:06:58 PM em Autoconhecimentopor Victor Sergio de Paula
Algumas pessoas vem ao planeta com missões específicas, muitas vezes, para abalar as estruturas do estabelecido, daquilo que muitos chamam de "sistema", ou do que é socialmente imposto, a todos nós, homens e mulheres, desde o nosso nascimento. A história tem registrado a passagem dessas consciências mais avançadas, mais lúcidas que tem um alto grau de liberdade interior, prontas para apontarem outros caminhos, caminhos de libertação e crescimento interior, tanto no plano individual como no plano coletivo. Assim marcaram sua jornada aqui na Terra, criaturas como Jesus, Buda, Maomé, Leonardo da Vinci, Santos Dumont, Madame Curie, Madre Tereza de Calcutá e centenas de outros, e todos eles, sem exceção, redesenharam em seu campo de atuação o que havia de pré-estabelecido.
Dentro do que se convencionou chamar de feitiçaria ou bruxaria, no Ocidente, aponto como um dos seus maiores luminares, a figura ímpar, misteriosa, de Carlos Castaneda que orientado por um índio yaqui, Don Juan, revolucionou os conhecimentos das artes mágicas, desvelando um verdadeiro sistema para nos tornarmos um "homem de conhecimento". Carlos César Arana Castaneda nasceu em 25 de dezembro de 1935, e segundo ele declarou há muitos anos atrás, numa cidade do Vale do Paraíba no interior do estado de São Paulo, isso mesmo, Castaneda era brasileiro!
Era doutor em antropologia, formado pela UCLA - Universidade da Califórnia - onde trabalhou em suas pesquisas sobre ético-hermenêutica (estudos da interpretação perceptiva de diferentes grupos étnicos) e o uso de plantas alucinógenas pelos índios do México Central. Nas suas pesquisas de campo sobre a utilização de ervas alucinógenas, adveio o encontro com aquele que seria seu "guia" no nebuloso mundo da feitiçaria, Don Juan, e dos ensinamentos e treinamento obtidos com ele surgiram uma série de livros permeados de filosofia e da prática da bruxaria índigena: VIAGEM A IXTLAN, O PRESENTE DA ÁGUIA, PORTA PARA O INFINITO, O PODER DO SILÊNCIO, e outros.
II. O ENCONTRO COM DON JUAN
Segundo relatos do próprio Castaneda, ele recebera informações que na região da cidade de Vicam, no México, viviam alguns índios que ainda conservavam as tradições antigas do uso ritualístico das plantas alucinógenas. Determinado a obter material para suas pesquisas partiu para o México onde encontrou "por acaso" um índio yaqui, aparentemente, inculto e simplório. No livro "Porta para o infinito" que narra mais uma etapa do treinamento de Castaneda nas artes da feitiçaria, há uma passagem na qual Don Juan marca um encontro com seu discípulo numa praça. Castaneda espera por seu "mestre" sentado no mesmo banco onde sempre se encontravam e, vê aproximar-se, repentinamente, a figura de um senhor elegantemente trajado com terno e gravata. Esse cavalheiro senta ao seu lado e pergunta: "Não me reconhece?" Era Don Juan que vestido daquela forma pretendia dar mais um ensinamento ao espantado Carlos Castaneda.
Entrevistado muitos anos depois, Castaneda revelou que tremeu de medo ao constatar a existência dessa outra face de Don Juan, absolutamente desconhecida dele, pois segundo o feiticeiro yaqui ele era possuidor de diversas ações na Bolsa de Valores e estava na cidade, também, a negócios.
Aprendeu de forma ainda mais intensa que para o feiticeiro existem duas realidades que Don Juan denominava de TONAL (consciente) e NAGUAL (que não se fala). Na realidade do consenso social (consciente) o feiticeiro ou homem de conhecimento é um TONAL (homem dentro da realidade ordinária) que usa o mundo da melhor forma possível. O feiticeiro ou homem de conhecimento é um NAGUAL (homem no mundo extraordinário, fora da realidade vulgar) que controla o poder com impecabilidade e maestria.
III. O PESO DA IMPORTÂNCIA PESSOAL
A tradição mágica da qual fazia parte Don Juan é proveniente dos Toltecas, um antigo povo pré-colombiano que influenciou profundamente os Aztecas e os Maias, numa linhagem de homens de poder remontando há milhares de anos.
Esqueçamos a visão deturpada e fantasiosa sobre feitiçaria e bruxaria - caldeirões, gatos pretos, chapéus pontudos - pois no mundo mágico de Don Juan somente poderiam obter conhecimento aqueles que estivessem dispostos, entre outras coisas, A APAGAR SUA IMPORTÂNCIA PESSOAL. Em acordo com os ensinos de Don Juan, quando enfatizamos a nossa pessoa estamos julgando a nós mesmos colocando nas nossas costas um peso que vai além das nossas possibilidades de carregá-lo. Colocar tal peso nas costas "é dar uma enorme importância à minha própria pessoa", dizia o feiticeiro yaqui. Quanto mais peso as pessoas acumulam mais importantes elas se sentem e menos "ações" (tarefas existenciais que proporcionam prazer e evolução) elas executam.
No universo de Don Juan o cumprimento de tarefas substitui o “peso sobre si mesmo“ e o ópio da “importância pessoal“. Isso significa não esperar por reconhecimento da sociedade ou algo similar, o que equivale “à importância pessoal“, buscada por quase todos os seres humanos, incluindo aqueles que se dizem gurus, mestres, orientadores, bruxos, bruxas e outros títulos, no atual cenário do chamado “esoterismo”.
Castaneda sempre enfatizou que Don Juan o alertava contra os perigos de tornar-se um “pavo real“ (pavão real) pela cegueira produzida pela IMPORTÂNCIA PESSOAL. O professor de Castaneda afirmava que "quanto menos a pessoa pensa e pseudo-age em termos de auto-importância, ela se torna mais completo".
Texto revisado por Cris
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