CABALÁ E A PSICANÁLISE DE FREUD
Autor Renato Liberman
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/12/2005 11:44:48 PM
EXISTE RELAÇÃO ENTRE ELAS?
Por algum momento fiquei com uma enorme dúvida desde que comecei a ingressar na área do comportamento humano. Venho de uma formação exata (engenharia) e sempre afirmava que dois mais dois são quatro. Porém, com os novos conhecimentos que vinha adquirindo fui questionando tudo o que aparecia em minha frente até que aprendi que dois mais dois não são exatamente quatro. Estranho, não? Mas essa é a nossa realidade. Tudo depende de como eu a estudo, de como eu a percebo.
Quando iniciei meus estudos na Cabalá judaica fui abandonando o meu lado estritamente racional e dando espaço ao lado mais intuitivo e emocional. Não pense que foi maravilhoso, pois comecei a enxergar coisas que sempre estiveram lá mas não as percebia e nem sempre eram “boas”. Freqüentando um curso de Psicanálise, no qual entrei por curiosidade, minhas questões iam aumentando e ao mesmo tempo ia me afastando daquilo que vinha me mostrando muito: a Cabalá. O conflito era enorme. Quem estava certo? Freud com sua teoria eficaz da mente humana ou os vários “cabalistas” com suas interpretações da Torah (Bíblia = Velho Testamento) que aplicadas ao dia a dia trazem, até hoje, inúmeros benefícios?
Depois de muito tempo comecei a entender que nem um nem outro estavam incorretos. Ao estudar e atuar como psicanalista fui relacionando as teorias entre si e os métodos utilizados por Freud e os conceitos da Cabalá.
Freud, após abandonar a hipnose (1900), desenvolveu o método da “livre associação” para compreender os processos mentais inconscientes que estão por trás dos transtornos neuróticos. Os ensinamentos cabalísticos, que datam de milhares de anos, sustentam a idéia de que existe um texto manifesto e outro oculto (latente) e que o manifesto revela o oculto. Pois bem, tanto Freud como a Cabalá dão importância à palavra – o dito e o não dito. Uma técnica utilizada por um grande cabalista – Abraham Abuláfia – utiliza a associação livre, em que se repetem certas palavras até que surja uma nova espontaneamente, isto é, sem repressão.
Os mecanismos de resistência e repressão estudados por Freud são equivalentes ao “véu” que cobre a luz da alma segundo os ensinamentos da Cabalá e esta luz é o inconsciente freudiano. A interpretação dos sonhos é um outro processo de abordagem do inconsciente de Freud o que na Cabalá tem uma enorme importância.
Existem muitas outras relações da teoria psicanalítica e a Cabalá no que diz respeito à sexualidade e como se pode sublimar esta energia em outras áreas da vida. Freud denominou de EROS e TANATOS são os instintos de vida e de morte, respectivamente. Na Cabalá são denominados de YETZER ATOV e YETZER ARAH – inclinação ao bem e inclinação ao mal.
Até aqui encontramos muita semelhança entre Psicanálise e Cabalá e cabe salientar que Freud pertenceu a uma família judia e que foi criado como judeu. Pertenceu também a um movimento juvenil chamado “Bnei Brit” (filhos da Aliança).
Fica fácil perceber que a prioridade de escutar é parte da herança judia de Freud. Seu inconsciente possui os resquícios de sua criação e como a sua própria teoria salienta que somos dominados e movidos pelos impulsos inconscientes, não teria como a psicanálise não ter influência cabalística.
Respondendo à pergunta do início deste artigo: "Existe relação entre a Psicanálise e a Cabalá?"
Responda você mesmo, meu querido leitor.
SHALOM (PAZ)
Texto revisado por Cris
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