CADÊ A NAVE?!!... (REFLEXÃO)

   

Autor Christina Nunes

Sabem, amigos?! O certo em todo tempo é que só aprendemos lições duras e lições fáceis com o aval de mérito da experiência. Não descreio de manipulação ultra avançada das energias por civilizações milhões de anos à nossa frente em termos evolutivos, a partir do que seja mais do que provável que se façam presentes bem acima de nossas cabeças sem que disso nos demos a menor conta. Não há dúvidas desta possibilidade; dúvidas há, antes, da utilidade de uma coisa dessas acontecer do modo contundente como vem sendo alardeado aqui e ali com propósitos salvacionistas.

Fico me perguntando se civilizações e federações galáctivas de fato avançadas cometeriam o erro desastroso de intervenção no livre-arbítrio, de impedir o avanço das nossas conquistas a partir dos nossos méritos - o que implica em errar feio, desastrosamente talvez, com finalidades didáticas - para que cada um de nós possa realizar, conscientemente, as suas escolhas: o que queremos para nós afinal?! A atual baderna caótica na qual o mundo se tornou?! Ou persistir na perseguição dos nossos mais dourados sonhos de coexistência pacífica, de uma convivência pautada em amor, respeito, harmonia, que já tardiamente se faz desesperadamente urgente?!

Mais uma tragédia abate nossos ânimos em Santo André, São Paulo. Há pouco, outra ainda nos chocava no Rio de Janeiro, com o pequeno João Roberto e sua flagelada família; mais atrás ainda, neste mesmo ano, era a vez da menina Isabella Nardoni entrar para o lastimável rol das vítimas martirizadas dos nossos tempos.

O que mais é preciso acontecer para que todos enfim compreendam?!

Caros... o primeiro passo para o progresso é a humildade no reconhecimento dos próprios erros, e de se aprender a crescer com eles. Nossa civilização está estruturada sobre valores deteriorados. Mais do que necessária se faz a renovação de rumos, a revisão de valores, a revelação mundial de verdades encobertas que, de há muito, prendem a humanidade num parâmetro mesquinho de valorização e de compreensão da Vida!

Que é, pois, esta Vida?! Ganhar um bom salário fingindo não ver a miséria de muitos à sua porta? Competitividade, sem considerar oportunidades equalitárias que ponham fim aos argumentos mesquinhos daqueles que alegam que o ter é o grande objetivo final, em sendo fruto de arroubos intelectuais, econômicos ou mesmo da sorte, embora em detrimento dos direitos de todos à qualidade de vida?! Uma chance efêmera e única de se percorrer um período vertiginoso neste ponto perdido no Cosmos, e que, em sendo (se fosse) única a vida, justificaria plenamente o grande "salve-se quem puder" que orienta hoje as atitudes humanas, pautadas no egoísmo tacanho do "tudo para mim, porque mereço mais, e o resto que se dane"?!

Há um teorema que diz que se uma borboleta bate as asas no Japão, um maremoto se desencadeia no outro lado do mundo. Mas o sentido da propalada globalização só é levado em conta do ponto de vista econômico, financeiro e comercial.

Mas a história, caros, é bem mais do que isto! A globalização - o "Somos Todos Um" - não diz respeito apenas a se enviar um email do Brasil para Portugal em intervalo ínfimo de tempo; não implica somente na crise econômica dos Estados Unidos provocar seqüelas a nível planetário. Num Universo de energias que une a tudo e a todos num grande bloco, iniciativas, o mais ínfimo e aparentemente despercebido pensamento gera conseqüências de extensões positivas ou negativas difíceis de se prever! 

Assim, é mais do que chegada a hora de rever conceitos: Vida é isso?! Assassinatos bárbaros e quase diários daqueles que, completamente desorientados, perderam integralmente a noção do sagrado valor desta mesma Vida que se estende ao infinito, para além das portas deste pequeno mundo, com oportunidades de crescimento para todos nós?! Ignorar que a Vida não é apanágio exclusivo da Terra; que somos, mais que povos em bairros, cidades e nações, terráqueos se contorcendo em crise monumental de desespero e de desorientação, cobrando revisão urgente de um modus vivendi falido que já atenta contra nós mesmos a cada dia que chega, a cada ano que finda, cheio de lances terrificantes de irmãos planetários se lançando, ensandecidos, contra os outros na ilusão de que se pode atentar impunemente e com sucesso contra esta Vida que há de latejar, eterna, rediviva, - a própria Nêmesis justiceira de cada sopro e de cada ato - em todos nós, devolvendo-nos, implacável, os resultados concretos das nossas escolhas?!

Que seja benvinda a nave de qualquer tamanho, formato ou origem - em forma humana, de idéia, de governos, de iniciativas coletivas ou individuais! - que nos tire deste atoleiro suicida no qual nos metemos! Mas não uma nave que nos venha resgatar em bandos, como se de bandos fôssemos formados, quando sabemos que cada qual de nós é um universo com limitações, avanços e conquistas íntimas particulares, carecendo de destinos também exclusivos para cada uma das nossas necessidades. Isto seria infantil e questionável - e por isto mesmo, ainda agora, não crível, já que evolução é assunto pessoal e intransferível, que descarta a chance deste resgate maciço a que se alude para destinos que, obrigatoriamente, não levam em conta as incontáveis idiossincrasias individuais!

A nave da qual precisamos é a do bom senso - do respeito à Vida manifesta como um todo, em cada ser e cada coisa da Criação à nossa volta. A nave proveniente das paragens do Amor e da veneração a esta Vida, que há de se materializar definitiva e instantaneamente à nossa volta a partir do momento em que este padrão depurado se consolide, antes de mais nada, no nosso espírito, nas nossas atitudes, entranhando-se irreversivelmente em cada hálito e mais diminuto pensamento, na essência mesma do nosso Ser!

Avaliação: 5 | Votos: 8

     

Conteúdo desenvolvido pelo Autor Christina Nunes    Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.