CARNAVAL, uma alforria provisória
Atualizado dia 2/20/2007 4:40:18 PM em Autoconhecimentopor Fátima Rodrigues Graziottin
Há controvérsias sobre a origem do carnaval, em termos de anos. Alguns falam em três, seis e até dez mil anos antes de Cristo! Sabe-se que, no entanto, já antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar os demônios da má colheita. Os primeiros agricultores exerciam a capacidade humana que, já nas cavernas, se distinguia em volta da fogueira, da dança, da música, da celebração...
Com a evolução da sociedade grega, os rituais evoluiram, acrescidos da bebida e do sexo nos cultos ao deus Dionísio, com as Celebrações Dionisíacas. Dionísio, mais conhecido entre nós como Baco, era um deus bastardo para os pagãos. Perambulara por muito tempo pela Ásia Menor até que, conta a lenda, pelas mãos do sacerdote Melampo, introduziu-se nas terras gregas. Tornou-se um sucesso. Conforme as plantações de parreira se espalhavam pelas ilhas da Grécia e pela região da Arcádia, mais gente o celebrava. Em todas as festas no campo ele se fazia cada vez mais presente.
Por essa altura, já entronado como deus das vindimas, representavam-no como uma figura humana, só que de chifres, barbas e pés de bode, com um olhar invariavelmente embriagado. Consta que as primeiras seguidoras do deus Dionísio foram mulheres que viam, nos dias que lhe eram dedicados, um momento para escaparem da vigilância dos maridos, dos pais e dos irmãos, para poderem cair na folia "em meio a danças furiosas e gritos de júbilo", como disse Apolodoro, testemunha duma daquelas festas. Nos dias permitidos elas, chamadas de coribantes, saíam aos bandos com o rosto coberto de pó e com vestes transformadas ou rasgadas, cantando e gritando pelas montanhas gregas. Os homens, transfigurados em silenos e sátiros, não demoraram em aderir às procissões de mulheres e ao "frenesi dionisíaco". A festança que se estendia por três dias encerrava-se com uma bebedeira coletiva em meio a um vale-tudo pansexualista.
Na Roma Antiga, bacanais, saturnais e lupercais festejavam os deuses Baco, Saturno e Pã.
A sociedade clássica acrescentou uma função política de distensão social às celebrações, tolerando o espírito satírico, a crítica aos governos e governantes, durante os dias de festejos.
A civilização judaico cristã fundamentada na abstinência, na culpa, no pecado, no castigo, na penitência e na redenção renegou e condenou o carnaval.
Muito embora seus principais representantes fossem contrários à sua realização, o Papa Paulo II – no século XV - contribuiu para a evolução do “nosso” carnaval “moderno” imprimindo uma mudança estética, ao introduzir o baile de máscaras. Permitiu que em frente ao seu palácio, na Via Lata, se realizasse o carnaval romano. Como a Igreja proibira as manifestações sexuais no festejo, novas manifestações adquiriram forma: corridas, desfiles, fantasias, deboche e morbidez. Assim,o Papa Paulo II conseguiu reduzir o carnaval à celebração ordeira, de caráter artístico, com bailes e desfiles alegóricos.
Em 1723, os portugueses das ilhas da Madeira, dos Açores e do Cabo Verde instituíram no Brasil, o “Entrudo”, brincadeira de loucas correrias, mela-mela de farinha e água com limão, surgindo depois as batalhas de confetes e serpentinas. “Entrudo” é uma palavra que vem do latim “introitus” e que designa as solenidades litúrgicas da Quaresma.
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Imagem: Bacantes, Jacques Philippe Caresme
Texto revisado por Cris
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