Casar e ter filhos - Restringir-se de viver?
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/28/2013 4:29:03 PM
Casar e ter filhos - Restringir-se de viver?
Eu ainda não havia escolhido o tema para o artigo desta semana, quando me lembrei de uma conversa que tive com uma pessoa que esteve em minha casa há uns quatro meses atrás. Recordo-me que nesse dia conversamos a respeito do seu casamento e sobre quanto seus filhos, de oito, dez e dezessete anos, estavam sendo um entrave na relação do casal.Não tinham mais tempo para si, pois a toda hora eram solicitados por um dos filhos. Não podiam sair porque não tinham com quem deixá-los. A moça, primogênita, começando um namoro, o que, de certa forma, trazia certa preocupação, o que é normal.
Lembro-me de ter falado, após longo tempo de escuta, sobre a importância de o casal reservar um tempo para si, e que no caso específico deles, os filhos já não eram criancinhas e que, portanto, havia a possibilidade de se criar tais momentos.
Ele me contou que, ao sair dali, ficou a refletir sobre o que eu havia dito. Disse ter se sentido indignado com o quanto estava se sufocando e à sua mulher, tendo os filhos como pretexto. Há realmente algumas situações em que o casal não pode se eximir de estar presente, mas isso não significa se abster por completo de um tempo exclusivo para os dois.
"Inicialmente foi desencadear uma turbulência em casa, pois minha mulher não entendia o que eu estava pensando", disse-me. Foi interessante ouvi-lo relatar o trabalho e a dificuldade que ele teve para mostrar à esposa o que para ele já estava absolutamente claro, desde que conversamos. Ao perceber que não conseguia se fazer entender e ciente de que sua esposa não era uma ignorante, lembrou-se de que, quando conversamos, eu não tentei convencê-lo, apenas falei o que achava. Disse-me então que, ao tomar consciência que estava tentando impor à esposa o que havia percebido, parou e começou tudo de novo. Iniciou perguntando: "Você não acha (...)?" e assim foi conseguindo conversar e argumentar com ela, esclarecendo algumas dificuldades dela sobre o assunto e ao mesmo tempo mostrando as formas de possível superação das dificuldades.
"Você não imagina como foi boa a viagem que fizemos, sozinhos, para a praia, apesar de todo esse frio", relatou-me. Disse ainda que ficaram três dias no litoral e que "a casa não caiu". Passearam como namorados na faixa dos quinze anos e riram das coisas mais tolas, sentindo-se verdadeiros adolescentes.
Aqui eu afirmo que todos podemos ter esse adolescente dentro de nós, mas que nem por isso seremos irresponsáveis. É só nos permitirmos sê-lo. Foi o que esse casal fez: se permitiu ser jovem novamente.
Mas as mudanças relatadas não pararam por aí. Mudou também a forma como se portam com seus filhos. Hoje todos têm suas responsabilidades na arrumação da casa e, principalmente, das suas coisas pessoais, incluindo o marido, que agora faz trabalhos domésticos aos sábados, junto com sua mulher, a fim de que sobre mais tempo para todos. O resultado é uma proximidade maior entre os membros da família e uma diminuição nas reclamações dos filhos que, aliás, têm manifestado agrado pela nova forma de ser da família.
Vamos pensar um pouco no porquê de deixarmos determinadas situações interferirem em nossas vidas. Por mais desagradável que possa parecer, um dos principais motivos é estarmos sempre "vivendo a vida dos outros", como uma fuga dos nossos próprios problemas. Só que a vida passa e devemos estar cientes de que chegará um momento em que vamos "cobrar" por aquilo que "doamos" e estaremos sujeitos a ouvir como resposta algo semelhante a: "você fez porque quis. Eu pedi, mas não lhe obriguei".
Vale a pena rever como cada um está lidando com esta situação, para tentar mudar o que não estiver de acordo com as expectativas. A hora é agora, não lamente o "leite derramado" ou o tempo perdido. E isso vale também para os que estão sós, separados, etc.
A vida não nos restringe. Nós, sim, nos restringimos.
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