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CIÊNCIA, CONHECIMENTO, OBJETO E MÉTODO: SUBSÍDIOS EPISTEMOLÓGICOS PARA A PRÁTICA CLÍNICA (PARTE 1)

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Autor Fernando Salvino

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 1/8/2008 2:42:36 PM


A ciência surge com a própria necessidade do ser de conhecer objetos, ou seja, aquilo que o ser não identifica como sendo ele mesmo, o que está fora dele, o que não é o ser. A ciência é construção da própria necessidade humana de conhecer, de conhecer um objeto visando algo, uma intenção. A ciência surge devido às intenções de múltiplos sujeitos que necessitaram ir além de outras formas de conhecimento tão pouco exigentes e metódicos, tais como o conhecimento mais religioso, mítico e místico. Em outras palavras, a ciência preocupa-se com uma espécie de conhecimento racional e intelectivo da realidade, buscando afastar as emoções que poluem o discernimento e a percepção.

Como mesmo afirma Moreira (2002, p. 1) “ciência é um outro mundo, agora artificial, construído sobre o mundo físico e emocional do homem: é uma tentativa de reconstrução do mundo e do homem feita em termos simbólicos, conceituais”.
Para Vieira (2002, pp. 11 e ss.) ciência é:

“(...) conjunto organizado de conhecimentos relativos a determinado objeto, especialmente os obtidos mediante observação, verificação, experiência quanto aos fatos e método próprio; sistema de proposições rigorosamente demonstradas, constante e gerais, ligadas entre si pelas relações de subordinação; conhecimento que não só apreende ou registra fatos, mas os demonstra pelas suas causas determinantes ou constitutivas”.

Para Reale (1978, pp. 73 e ss.), ciência pode ser compreendida sob um duplo aspecto, sendo que o primeiro é “todo conjunto de conhecimentos ordenados coerentemente segundo princípios” e o segundo como “todo conjunto de conhecimentos dotados de certeza por se fundar em relações objetivas confirmadas por métodos de verificação definida, suscetível de levar quantos os cultivam a conclusões ou resultados concordantes”.

E continua o filósofo esclarecendo que “devemos partir da consideração de que toda ciência implica um objeto próprio. Toda ciência possui um objeto que representa a sua razão de ser” (p. 74). Mas o que vem a ser objeto?

“Conhecer é trazer para a consciência algo que supomos ou pressupomos fora de nós. (...) Toda ver que falamos em conhecimento, envolvemos dois termos: - o sujeito que conhece, e algo de que se tem ou de que se quer ter ciência. Algo, enquanto passível de conhecimento, chama-se objeto que é assim, o resultado possível de nossa atividade cognoscitiva.” (REALE, 1978, p. 53).

A ciência é, pois, campo organizado do conhecimento humano seja este conhecimento regido por princípios somente ou mesmo submetido a experimentos e colocado à prova através de rigorosos métodos de investigação. O conhecimento é a correlação entre o sujeito que visa conhecer e o objeto. Objeto vem do latim objectum, ou aquilo que jaz perante nós, aquilo que se põe diante de nós, no caso, o que se põe diante do sujeito de conhecimento, ou aquilo que aparece para a consciência em seu campo perceptivo como fora dela mesma. Em outras palavras:

“conhecer é trazer para o sujeito algo que se põe como objeto: - não toda realidade em si mesma, mas a sua representação ou imagem, tal como o sujeito à constrói, e na medida das “formas de apreensão” do sujeito correspondentes às peculiaridades objetivas” (1978, p. 53).

O ser humano, como esclarecido acima, viu-se da necessidade de conhecer e para isso focalizou sua consciência no conhecimento de algo – no dizer de Husserl em que toda consciência é consciência de algo –, na apreensão de uma realidade percebida como fora do sujeito e, portanto estranha a ele, o objeto. O conhecimento é a correlação entre o sujeito e o objeto. Para haver ciência pressupõe-se que exista coerência entre o sujeito e o objeto através do conhecimento e do ato de conhecer. Conhecer é querer apreender o real daquilo que se supõe fora do sujeito através da percepção e da aplicação de rigoroso método. É neste território que repousa toda a necessidade de fundamentação da Fenomenologia, tal como proposta por Husserl. É aqui também que encontramos as relações íntimas essenciais entre o conhecimento, o ato de conhecer e o método de conhecer, onde a ciência é, em grande medida, o método que utiliza para conhecer.

“Em lugar de se conceber o sujeito cognoscente como planeta a girar em torno do objeto, pretende Kant serem os objetos dependentes da posição central e primordial do sujeito cognoscente”. Continua o filósofo da ciência: “uma ciência viria a ser o seu método, porque o sujeito que conhece, ao seguir um método, criaria, de maneira, o objeto, como momento de seu pensar” (Kant apud Reale, 1978, p. 77).
Objeto é para o sujeito aquilo que se põe fora dele, mas ao mesmo tempo é criação e construção vinculada ao processo do próprio ato de conhecer científico, sempre vinculado a um método. Método e objeto estão, pois, diretamente relacionados e são interdependentes. Seguindo o raciocínio de Kant, o objeto é criação do sujeito que, vinculado a um método de sua própria escolha intencional, aparece dentro do momentum do ato de conhecer. O objeto não é dado, nem existia antes do sujeito; é criação dele. O objeto aparece quando o sujeito decide que ele apareça e quando ele aparece foi porque o próprio sujeito o construiu intencionalmente. O objeto, pois, está diretamente relacionado com a intencionalidade do sujeito de conhecimento, da consciência. Em última instância a essência do objeto está no sujeito.

Estas bases epistemológicas ou como observa Reale, ontognoseológicas, nos coloca na complexa questão das correlações entre sujeito, objeto, conhecimento e método e, com isso, no conceito mais próximo do que realmente vem a ser ciência.
Ciência é conhecimento do relativo, pois se trata de conhecimento limitado aos limites dos extratos ou regiões de realidade explicada. Em se tratando de Conscienciologia, o extrato de realidade que buscamos conhecer é a consciência. Neste sentido, o conhecimento conscienciológico é relativo. O problema de sabermos se o conhecimento relativo ao extrato consciência é verdadeiro ou não é outro. Podemos afirmar que o conhecimento científico aponta para certas verdades, mas verdades relativas ao extrato de realidade (objeto) investigado, conhecido. Por isso podemos dizer que ter certa coerência afirmarmos que a Conscienciologia lida com “verdades relativas de ponta”, porque em se tratando do objeto “consciência”, até o momento, o conhecimento conscienciológico mostra-se como o mais esclarecedor dentre todos os demais, o que vai mais próximo da essência do objeto que procura compreender.
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