Ciências Sociais, Ideologia, Espiritualidade
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Autor Fátima Cristina Vieira Perurena
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/26/2006 2:38:58 PM
Ciências Sociais, Ideologia, Espiritualidade
O sociólogo britânico Anthony Giddens cunhou o termo reflexividade social pretendendo a aplicação reflexiva do conhecimento SOBRE o mundo social para enfrentar o desafio de novas circunstâncias e condições NO mundo social. O trabalho sociológico é, pois, um esforço crucial: vale-se de noções comuns partilhadas pelos membros da sociedade, mas as reformula e as amplia para ajudar no processo de mudança social positiva. Ora, se o trabalho sociológico vale-se de noções de senso comum partilhadas por todos, qual o valor da explicação profissional do cientista social? Giddens aponta para o que ele chama de dupla hermenêutica, ou seja, o sociólogo aproxima-se ou afasta-se dos conhecimentos da vida cotidiana, estando sempre enredado nos mesmos e nas teorias criadas por ele próprio. É por este motivo que,em boa medida, assim como no Brasil todos são técnicos da seleção brasileira de futebol, todos são, também, cientistas sociais, e este dado diz respeito, naturalmente, não apenas à sociedade brasileira. O que há, na verdade, é um entrelaçamento de conhecimentos mais ou menos refinados a respeito do nosso viver social. O saber sociológico formal penetra ao nível do senso comum assim como é penetrado pelo mesmo. Basta que se verifique os termos usados na linguagem cotidiana – classes sociais, carisma, cultura etc, entre tantos outros, já suficientemente refinados pela peneira profissional.
Ocorre que tanto um quanto outro, seja o senso comum, seja o conhecimento intelectualizado, estão impregnados de ideologia, e o problema está exatamente aqui. As ciências sociais, porquê inseridas nas premissas cartesianas da ciência, “mesclam-se” ao senso comum de maneira a privilegiar, sempre, o que está visto, esquadrinhado, provado e comprovado. O que escapa a esta cartografia insere-se em arte, religião e assim por diante. Do ponto de vista ideológico privilegiam-se, portanto, doutrinas materialistas, esquecendo-se do quanto de hobbesiano todos temos, ou seja, do quanto temos em nós aquilo que Hobbes chamou de “estado de natureza” – deixados a nosso bel prazer acabamos por matarmos uns aos outros. A proposta hobbesiana, assim, vê no Estado o demiurgo da promoção do bem estar social. De outro lado, as religiões, através, também, de suas doutrinas, buscam promover paz e tranquilidade via espiritualidade, conforme os ensinamentos de cada uma, e não há como negar a importância das mesmas na socialização humana, especialmente quando calcam seus discursos em propostas éticas.
Talvez por toda esta problemática é que cada vez mais Wright Mills parece “estar na moda” – os seres humanos contemporâneos sentem-se cada vez mais perdidos. Em casa, no recinto do lar, seguem ensinamentos éticos pregados por suas religiões. No trabalho têm de assumir o comportamento do animal selvagem que precisa defender-se para sobreviver.
É aí que entra o trabalho do cientista social, que mesmo sendo membro de uma determinada sociedade, sendo, portanto, ele próprio seu próprio objeto, busca compreender esta “parafernália” que são as relações sociais – mescladas por todos os tipos de “interferências” – teórico-ideológicas, psíquicas, esprituais e assim por diante.
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