Coisas vivas que já não existem!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/19/2013 9:18:40 AM
Coisas vivas que já não existem!
Atos, fatos, palavras, enfim, situações provocadas por alguém, que muito nos magoaram e que abriram sérias feridas. O tempo passa, mas quem foi atingido não consegue se desprender, esquecer, perdoar. A conseqüência é o sofrimento constante a cada lembrança do ocorrido e o sentimento de mágoa pelos causadores deste sofrimentoEssa dificuldade de desprendimento, de desligar de ocorrências negativas em nossas vidas nos faz pagar um preço muito alto, pois passamos a valorizar esses momentos negativos em detrimento dos positivos, atrapalhando assim o nosso bem-viver. Pessoas amargas, pessoas irritadiças, pessoas que se mostram nitidamente infelizes, são "portadoras" dessa bagagem que deveria ter ficado no passado. Como já exposto em meu artigo "Perdoar", perdoar não é esquecer, "(...) pois somos seres históricos, com memória e, portanto, é muito difícil ter o esquecimento como condição para o perdão. Tenho constatado que perdoar, muito mais do que esquecer, é um constante exercício de desprendimento. Desprender-se significa desvencilhar-se do que se está ligado. Deixar para trás, sem alimentar as emoções que as referidas lembranças causam."
Todos sabem e reafirmam isso: "A palavra, depois de proferida, não pode mais ser apagada". O que é uma grande verdade. Porém há mais verdades que não contrariam esta e para a qual não atentamos. A vida segue seu curso, queiramos ou não. Em um determinado dia esta mesma vida nos coloca em situações que nos farão sentir surpresos e necessitados de socorro. Precisamos de alguém para nos acalentar e então percebemos atitudes, gestos e atos naqueles mesmos que julgamos ter nos magoado. Estas mesmas pessoas agora estendem suas mãos, sem nenhuma intenção de redimir-se ou fazer "média". Percebe-se a sinceridade e a doação de quem quer, sinceramente, ajudar.
Nesta hora ficamos sabendo que as mágoas, as tristezas, estão vivas apenas dentro de nós, pois para o outro nada disso existe. Não que o ocorrido no passado não tenha sido significativo para ele, mas sim, resolvido, superado e, no mínimo, deixado de lado, a fim de não ocupar o espaço reservado às coisas mais importantes.
Uma das verdades a serem consideradas é que somos nós mesmos que escolhemos a que vamos dar importância ou não.
Cobramos do outro, a cada momento, a demonstração de que somos importantes para ele. Queremos que o mundo gire ao nosso redor. E até quando vamos agir assim? Quanto tempo desperdiçamos, remoendo algo que não existe, nos consumindo interiormente e nos impedindo de conviver de maneira saudável em nosso meio?
As demonstrações de carinho e afeto devem ser espontâneas, jamais podendo ser cobradas segundo a nossa concepção de como elas devem ocorrer. Há pessoas que são amorosas, ternas e fazem questão de nos passar essa amorosidade e ternura. Mas muitos não são assim. Para alguns, o simples tapa nas costas na hora do encontro já diz tudo, já é uma demonstração de atenção. Para outros, digamos, mais "brutos", a pergunta "O que você precisa?" já expressa tudo.
À medida que paramos de cobrar certas formas de manifestação de afeto, passamos a perceber o quanto somos amados pelos que nos cercam. Cada um demonstra de uma maneira, mas sem exceção, todos estão próximos. Só não se aproximam mais porque há muitas "coisas que não mais existem" impedindo-nos de nos aproximar deles, e não o contrário.
Quando alguém está com um problema de saúde lhe dizemos: "Se você não cuidar (gostar) de você, quem vai cuidar (gostar)?" Vejo "todos" dizendo isso, mas quase ninguém praticando. A nossa auto-estima não pode estar vinculada à maneira como os outros nos vêem ou como eles agem em relação a nós. A auto-estima está ligada a como cada um se vê. Ter auto-estima é gostar de si mesmo da forma como se é, e para isso é preciso saber mudar aquilo que você mesmo não gosta em si. Quais são as coisas que, dentro de você, estão sendo alimentadas e que já não existem mais? Procure-as e façam com que elas desapareçam definitivamente.
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