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Com disciplina é mais gostoso

Atualizado dia 10/22/2006 1:36:17 PM em Autoconhecimento
por Daniel Ferreira Gambera


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Quando se fala em disciplina, uma das primeiras imagens que me vêm à cabeça é a da disciplina militar. Isso, provavelmente, é devido à noção que nossa cultura tem da disciplina. Quero criticar essa noção e propor a idéia de que, provavelmente, aquilo que consideramos tradicionalmente disciplina é, na verdade, uma forma estruturada de se desorganizar e se desestruturar, nos levando, finalmente, a um estado crônico de indisciplina...

Isso por que a idéia tradicional de disciplina está associada mais ao comportamento, ou seja, àquilo que a pessoa mostra, do que às suas atitudes interiores. Alguém, por exemplo, pode executar uma atividade com precisão à custa de muito conflito interior e ser considerada disciplinada. Alguém pode aprender a realizar as coisas à custa de tornar-se surdo para sua própria sensibilidade e valores mais profundos e, ainda assim, ser considerada disciplinada.

Na minha visão, o próprio conflito interior e a insensibilidade já demonstram a desorganização e indisciplina, não importa muito se, na hora da ação, a pessoa saiba calar essas vozes. Se isso não for resolvido de uma forma efetiva, mais cedo ou mais tarde, uma situação que parecia bem encaminhada acaba saindo do controle. Então, os modelos de “disciplinados” e “disciplinadores” que muitas vezes temos são daquelas pessoas que se tornaram anacrônicas, insensíveis, inflexíveis. Estão muito longe da verdadeira disciplina...

Não é por acaso que, hoje em dia, se associa freqüentemente, disciplina com desprazer e desconforto e muitos acham que não há prazer sem um pouco de indisciplina... Na minha visão, não... Considero mais disciplinadas as pessoas que conseguem ser leves, bem humoradas, responsáveis, sensíveis, flexíveis. E isso, para mim, é disciplina... Considero disciplina a capacidade de permanecer atento às coisas que realmente importam e de agir de forma coerente e consistente com seus próprios valores, resolvendo seus conflitos interiores da melhor forma, antes de se pôr em ação.

Se alguém faz cara sisuda, estufa o peito e age com violência... já vejo logo: indisciplina... Se alguém faz de conta que tem certeza daquilo que nunca procurou aprender, passa por cima de todos, não tem dúvidas mesmo quando as coisas dão sinais de não serem da forma como inicialmente pensou... já vejo logo: indisciplina... Se alguém há anos não muda, nem de idéias, nem de atitudes, nem de hábitos... indisciplina...

Pensando bem, a disciplina acaba sendo uma das coisas mais doces e desejáveis a que se pode aspirar. Possivelmente, as áreas de nossas vidas em que nos realizamos bem, em que temos satisfação e que nos trazem prazer genuíno são aquelas em que adquirimos uma disciplina maior. Possivelmente, muitos problemas em nossa vida que nos parecem insolúveis, nada mais são do que a expressão da nossa necessidade de um pouco de aumento de disciplina nessas áreas. Quando formos mais disciplinados, eles já não serão problemas...

O músico treina e desenvolve a sua habilidade de compreender os sons e os ritmos e de expressar-se através deles. Produz, então, música de qualidade. Disciplina. O dançarino treina e desenvolve a sua habilidade de se harmonizar com o ritmo da música, de controlar os seus próprios movimentos e de expressar-se através deles. Disciplina.
Qualquer que seja a atividade, o trabalhador desenvolve sua habilidade de compreender as relações entre as coisas, no ramo em que se dedica. Desenvolve assim, uma compreensão profunda e seu trabalho aparentemente mundano lhe mostra e lhe ensina muitos valores e atitudes que serão importantes não só para o momento presente, mas por toda a eternidade. Disciplina. Trabalho com prazer.

O que ama aprende a agir com amor, a distinguir os efeitos de sua ação, se são benéficos ou não. Aprende a se empenhar em não causar o sofrimento do ser amado e, ao mesmo tempo, a não causar sofrimento a si mesmo. Aprende a se empenhar em trazer prazer, realização, significado à sua vida e às daqueles a quem ama. Disciplina. Amor maduro.

O que está em conflito se empenha em aprender a ouvir a sua voz interior, a mudar os valores que em si se contradizem, a equilibrar em si os desejos que se contrariam e a, naturalmente, encontrar formas melhores de pensar, de sentir, de ser, de se expressar. Disciplina. Desenvolvimento espiritual.

Sem disciplina até os momentos destinados ao prazer e à descontração podem se tornar desconfortáveis e desagradáveis. É necessária, pelo menos, a disciplina de saber fluir.
Como pude ler uma vez, a verdadeira disciplina é sempre auto-disciplina. Então, da próxima vez que ouvir a palavra disciplina não pense em ficar numa atitude fechada, rígida, unilateral, para “se disciplinar”. Não pense em se submeter voluntariamente a valores diferentes dos seus. Ao contrário, fique mais sereno, mais atento, mais aberto, mais consciente da sua capacidade de ser responsável. Veja a si próprio mais livre, mais satisfeito, com mais boa vontade. Preste mais atenção no que está sentindo, no que está pensando, no que está querendo e no que está fazendo. Identifique e valorize o que é realmente importante para você e aja de acordo. Isso, sim, é disciplina!

Texto revisado por Cris

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