Compaixão!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/30/2013 8:25:15 AM
O Dicionário Etmológico da Língua Portuguesa diz: “Sofrimento comum; comunidade de sentimentos; simpatia.” No Michaelis o significado é: “Dor que nos causa o mal alheio; comiseração, dó, pena, piedade.” De maneira geral, todos sabem o que é a compaixão. Poucos, entretanto, são os que sabem aplicá-la. A falta de compaixão pelas pessoas é o que há de pior nos relacionamentos, tanto entre casais, pais e filhos, trabalho, etc. E por quê? Porque quem não a possui torna-se cruel. O que pode levar as pessoas a se embrutecerem e perderem a sensibilidade para identificar as dores alheias, ou mais do que isso, as dificuldades alheias, dificuldades que chegam mesmo a impedir aqueles que estão passando por ela de agir diferentemente ou superar obstáculos que estão à frente?
Um dos principais fatores é o fato de serem pessoas que tiveram uma educação extremamente rígida e com poucas manifestações de afeto. Quando muito, palavras soltas de carinho, mas normalmente não acompanhadas por gestos carinhosos. Ao crescerem e constituírem suas próprias famílias, quando surgem dificuldades de relacionamento, seja com a mulher, com o marido, com os filhos, com colegas, amigos ou pessoas do trabalho, imediatamente surge um forte ímpeto para o julgamento e que passa então a reger e justificar para elas mesmas suas atitudes que vão além de enérgicas. É o destravar a “mola tencionada” no passado e que agora pode ser liberada.
Se ninguém teve compaixão com essas pessoas, fazendo-as amargarem desencantos e decepções quando mais novas, por que agora ela teria de ser diferente com os demais? Como as pessoas que as cercam estranham tais atitudes, muitas vezes questionando-as duramente, sentem-se ainda mais incompreendidas e agem de forma ainda mais dura. Se no inicio dessas situações ainda havia algum sentimento que pudesse facilitar uma mudança em suas posturas, agora, com as recriminações sentidas, ele desaparece, fazendo com que seu coração se torne realmente apenas uma máquina de bombear sangue para o corpo físico, pois o “coração” que bombeia amor para todo seu organismo já não está mais a pulsar.
Pessoas sem compaixão tratam aqueles que caem em suas malhas sem o mínimo de respeito e consideração. Exatamente, não agem assim com todos, mas que estes que estão sendo poupados não se “atrevam” a sair do esperado, ou passarão a ter o mesmo tratamento dos demais.
Patrões lidam com certos funcionários como verdadeiros feitores, tratando-os como escravos. Exemplo muito frequente ocorre com as empregadas domésticas cujas patroas se sentiram prejudicadas pelas empregadas anteriores, e passam a generalizar. A partir de então, tratam todas as outras empregadas sem a menor consideração ou compaixão. Elas estão dando apenas o que acham que as empregadas merecem. Esposas com maridos e vice-versa, pais com filhos, enfim, se um erro foi praticado e esse erro acionou o mecanismo até então adormecido, agora não há mais lugar para o perdão. Não há mais o que redima os “acusados” (os que erraram) frente aos olhos de seus algozes, esses pobres seres que no passado, carentes de amor manifesto e reconhecimento, agora dão vazão a todas as suas cicatrizes e amarguras, como se estivessem se recuperando de suas infelicidades.
Elas buscam de todas as formas poderem manifestar suas emoções, seja através de artes, do cultivo de plantas, da música ou da pintura, também através de estudos, principalmente relacionados com a condição do ser humano e sua razão de viver. Pode ser pela visão científica ou, principalmente, mística da vida.
Ter compaixão não significa ser conivente com os fatos que ocorreram, mas saber reconhecer o momento do outro, saber identificar que pode haver sintonia de sentimentos. Significa exercitar nossa capacidade de amar incondicionalmente, sendo brando nos julgamentos e reconhecendo que o outro pode estar se transformando e que neste momento ele precisa de ajuda, apoio e reconhecimento. Compaixão é ter a compreensão amorosa das limitações temporárias (ou não) do outro.
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