Compreendi a inveja e chorei
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Autor Merit Rabanés
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/7/2004 12:28:07 AM
Essa é a história de minhas amigas Fátima e Amelita, contada pela primeira.
Fui admitida como funcionária da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo em março de 1980.
Bons 24 anos se passaram e muita coisa aprendi.
Quando conheci minha seção e a sua chefe, entrei em pânico: era tudo muito lindo e Amelita, a chefe, muito elegante.
Eu só tinha uma calça jeans e três camisetas e uma sapatilha, que deveriam ser usados ao menos até o primeiro salário, que na época, só era pago três meses depois.
Cheia de medo, perguntei a Alice, que me ensinaria o trabalho, se não levaria bronca por estar trajada tão simplesmente.
Ela pediu que eu observasse os demais colegas e tirasse minha própria conclusão. De fato, todos estavam vestidos com roupas simples, à exceção da chefe. Até a Diretora não "estava vestida de acordo com o cargo".
Cada dia Amelita desfilava uma roupa mais bonita que a outra, sem contar a bolsa combinando com o calçado e estes com os acessórios.
Percebi que vivia entusiasmada para chegar ao trabalho, só para ver que roupa ela estaria usando. Mas quando lá chegava, um outro sentimento, deprimente, se apoderava de mim. Deixava de sentir o tal entusiasmo para me sentir inferior, desafortunada, pobre. Um misto de raiva e tristeza passaram a dominar os meus dias e a me deixar incomodada.
Numa noite, numa sessão de Umbanda, depois de ser benzida por um Preto Velho, perguntou-me ele: "se você pudesse escolher, gostaria de ser uma mulher elegante com muitas roupas de dar inveja e infeliz ou preferiria ter poucas roupas e sossego no coração?"
Fiquei meio assustada, afinal, nunca comentei minha situação com qualquer pessoa. Além do mais ía ao Centro sozinha e lá ninguém me conhecia.
Pai Antonio falou, com aquele típico sotaque dos pretos velhos, que seria bom para mim mesma pensar e dar uma resposta:
-"Num precisa falar para mim, não". Porém, a doçura e o "acerto" daquele espírito me fizeram, num ímpeto, falar sem titubear. Disse-lhe que se pudesse escolher, teria poucas roupas e sossego. Aí ele concluiu: - "Foi isso que você julgou bom antes dessa encarnação; agora precisa aprender a admirar as roupas da moça do trabalho e o caráter dela também. Quando inveja a roupa, também inveja seu olhar triste e seu passo sonambúlico?"
Nessa hora já estava derramando lágrimas, pois em poucos momentos consegui entender e aceitar que invejava Amelita e que isso só causava mal a mim mesma. Nunca soube se minha inveja minou as energias dela. Tomara que não!
O Preto Velho me abençoou, frisando que o reconhecimento era o primeiro passo para a reforma íntima.
Foi a primeira vez que ouvi falar da necessidade do autoconhecimento e da renovação interior. Até então, sem religião, caminhava na vida a passos trôpegos. Se era feliz ou não; correta ou não, justa ou não, não me importava.
Aos vinte anos morri de inveja, compreendi a inveja e chorei. E renasci. Lavei minha alma. A leveza que senti é indescritível.
No dia seguinte, preparava-me para ir ao trabalho quando pensei "forte e insistentemente" em como era bom ser comumente elogiada pela Diretora da minha seção. Nunca havia pensado no assunto, acreditando que não fazia mais do que a obrigação, mas naquele dia, o assunto chegou de uma forma intensa, porém leve.
Cheguei ao trabalho sem o entusiasmo pelo desfile de moda, mas muito disposta a fazer o que me era dever e que fazia com muito prazer. Ea bom ser a melhor...
Passei a valorizar cada elogio, tanto dos superiores como dos colegas. O tempo foi passando e reconheci que não mais sentia "vontade de ter tudo o que a Amelita tem".
Alguns meses depois, Amelita me chamou para delegar uma atribuição especial. Após o cumprimento da tarefa, disse-me ela: - "Fátima, o que está acontecendo com você? Você nunca sorriu para mim. Sempre me olhou com olhos tristes. Por que está tão feliz?"
Fui pega de supetão e não conseguia falar. Com a voz embargada, menti que vivia feliz por estar aprendendo coisas novas no Centro de Umbanda que vinha freqüentando há meses. Com uma expressão indefinível, ela simplesmente disse: "Ah, bom".
No dia seguinte, mais uma surpresa. Amelita me chamou para uma conversa particular. Meu complexo de inferioridade me fez tremer e pensei que houvesse cometido um erro grave. Ofereceu-me um café e pediu: - "Posso ir com você nesse lugar que a faz feliz?". Começou a chorar e entre soluços falou: "Tenho um marido lindo, que me trai. Tenho um filho inteligente, que gosta mais da babá. Todos me acusam de ser estúpida, grosseira. As mulheres invejam minhas roupas, minhas jóias, meu cargo.
Já notou o meu caminhar? Percebe que pareço carregar um peso nas costas? O que eu fiz para ser tão infeliz? Até quando terei que viver uma vida de mentiras?"
Aquela foi a primeira experiência que tive, natural, de exercitar a empatia. Anos depois, ela seria aprimorada nos meus desempenhos como voluntária do CVV-Centro de Valorização da Vida.
Chorei junto com ela, a sua dor e toda a inveja que um dia dela senti. Entendi a natureza de um ditado que minha avó vivia citando: "por fora bela viola, por dentro pão bolorento". Relembrei as indagações do Preto Velho e chorei ainda mais.
Amelita passou a freqüentar o Centro de Umbanda (que recomendava aos iniciantes, o estudo das obras da Codificação Espírita, de Allan Kardec).
Em 1985, conheci Fátima e Amelita num Centro Espírita kardecista, em São Paulo-SP, onde fazia a Escola de Aprendizes do Evangelho.
Hoje, as duas são amigas inseparáveis e voluntárias do Centro de Valorização da Vida e trabalhadoras daquela mesma instituição.
Merit Rabanés é Taróloga em Mauá-SP e trabalha com orientação e encaminhamento espiritual (atividade gratuita).
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