CONSCIÊNCIA E CURA
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Autor Mani Álvarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/1/2006 3:20:51 PM
O que teria a ver Consciência com Cura? Somos prevenidos e pagamos nossos planos de saúde; quando estamos doentes vamos a um médico ou tomamos um remédio; e se a coisa piora buscamos um tratamento alternativo ou uma cura espiritual. Onde entra a Consciência?
De um modo geral, a cura ainda é vista como uma intervenção externa e não como um processo de autocorreção interno. Muitas vezes nos flagramos defendendo uma teoria holística maravilhosa, mas correndo atrás de um “bom” especialista ou de um diagnóstico “confiável” nos momentos de crise, mesmo sem fé no velho paradigma que sustenta tudo isso.
Se a Consciência é a grande sacada deste milênio, porque temos tanta dificuldade em integrar este conceito em nossa vida prática? Porque hesitamos tanto em reconhecer que possuímos um poder fantástico dentro de nós e que já é tempo de aprender a utilizá-lo? Atribuímos o poder de curar ao psicoterapeuta, ao médico, aos remédios, ao curandeiro, à benzedeira, aos espíritos, aos gurus, mas não nos damos conta de que somos nós que autorizamos a nossa própria cura, venha ela de onde vier. Quando o paciente não quer se curar, não adianta qualquer método ou intervenção terapêutica. Isto significa que existe uma instância de autoconsciência que diz sim ou não, seja à cura, seja à doença.
Sobre esse potencial que todos nós possuímos, disse certa vez o médico espiritualista Albert Schweitzer: “Cada paciente leva seu próprio médico dentro de si. Este paciente nos procura sem saber dessa verdade. O melhor que fazemos é dar ao médico que reside dentro de cada paciente a chance de trabalhar”.
Esse “médico interno” é a Consciência. Colocá-lo para trabalhar é tirar o ego do comando e entregar tudo àquela instância misteriosa que alguns chamam de Providência Divina, outros de inconsciente e outros ainda de “cura quântica”. Nomes diferentes para uma só realidade. Mas, em qualquer um dos casos, é muito difícil essa entrega. Ela exige de nós nada menos do que uma mudança radical de visão.
Quando o “movimento” Transpessoal se expandiu para além dos muros universitários americanos, na década de 70, seu método incorporou o conhecimento de antigas tradições orientais e, ao mesmo tempo, encontrou respaldo teórico nas modernas descobertas da física quântica. E aquilo que os místicos de todos os tempos diziam a respeito da união com Deus, os neurocientistas confirmavam falando sobre a integração entre os dois hemisférios cerebrais, sobre o “salto quântico” do pensamento, sobre o caminho hormonal das emoções, etc. Na confluência das duas linguagens, a Transpessoal teve o mérito de sistematizar vivências que poderiam facilitar o difícil percurso que vai da consciência pessoal e individual a uma instância muito mais abrangente e totalizante, que vai além da pessoa, do indivíduo, do ego.
E o que tudo isso tem a ver com Cura? Tudo! Pois, o maior problema que encontramos para colocar em ação a Consciência curadora que somos é justamente o obstáculo representado pela “pequena’ consciência do ego com o qual nos identificamos, e que “pensa” que não sabe, que não pode, que não é capaz, que é perigoso, que o outro é que sabe, que pode dar errado, e por aí vai...
Nosso trabalho é ir conduzindo essa “pequena” consciência a um questionamento de seus padrões autolimitantes, mudando o enfoque narcisista da imagem de seu ego, trazendo outras realidades muito mais gratificantes à percepção de si mesmo até o momento mágico do Oh! Existe algo maior em mim! Eu não sou só isso! Eu sou muito mais do que isso! Eu posso! Eu quero! Eu Sou!
Mas, percebam que em todos esses momentos o Eu que se manifesta é um Eu maior, o Eu Divino. Nesse domínio predominam valores maiores como a compaixão, a tolerância, a equanimidade, a solidariedade, o amor, a beleza, a gratidão, a saúde. Este é um momento de emergência da Consciência (com C maiúsculo). É nítida a diferença da realidade definida pelo nosso “pequeno” eu: egoísmo, intolerância, rivalidade, competitividade, inveja, medo, rancor, sofrimento. A sensação é ou de absoluta impotência ou de absoluta onipotência. Ambas irreais.
Talvez agora fique mais clara a relação que faço entre Consciência e Cura. Entendo que a verdadeira Cura é a emergência da Consciência em nós. Quando Ela nos toma, passamos para uma outra dimensão. Somos curados de nós mesmos.
Mani Alvarez
Psicanalista de orientação Transpessoal
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Texto revisado por Cris
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