Consciência: sócio-cultural e autoreferencial
Atualizado dia 10/30/2007 11:01:01 AM em Autoconhecimentopor Marcos Spagnuolo Souza
Consciência no Viés Sócio-cultural
A consciência no viés sócio-cultural é originada dos sentidos adquiridos na associação com outros homens, ou seja, no intercâmbio social, na troca de conhecimentos e dos erros comuns. Todas as percepções e conceitos elaborados são fatos humanos e nascem da relação do homem com a sociedade na qual está inserido. A consciência é passiva e reflete diretamente a realidade social. A consciência não é anterior à realidade social e sim posterior a ela. A positividade da realidade social determina a consciência. Somos apenas pó se a ordem social não nos dá vida. Servimos à ordem social e fundamentamos nossa consciência ou percepção na realidade social.
A conscientização, a percepção e todas as categorias para captar a realidade emanam da própria realidade social. Qualquer tomada de consciência do mundo exterior não é outra coisa senão o reflexo da realidade social, que existe independentemente da consciência, das idéias, representações e sensações do homem. Não é a consciência que determina a vida, mas, sim, a vida que determina a consciência. O conjunto das realizações sociais corresponde a determinada forma de consciência.
A consciência e o conhecimento humano são espelhamentos, são reflexos da realidade social no cérebro humano. O cérebro produz um excesso de conexões e somente depois define quais devem ser permanentes. O momento dessa reestruturação depende do que acontece em cada fase do desenvolvimento do ser humano, sendo que o cérebro elimina pontos de contatos excedentes principalmente baseados nas experiências de aprendizagem. As conexões das sinapses dependem das experiências da aprendizagem, ou seja, do aspecto sócio-cultural. A realidade sócio-cultural reflete no cérebro, assim sendo os mecanismos fundamentais da elaboração do conhecimento e da percepção são determinados por fatores sócio-culturais.
O aspecto psicológico ou consciência é o resultado de um longo aprendizado sócio-cultural na qual a tradição sócio-cultural imprime seu caráter na argila amorfa da consciência. Estamos vendo que os seres humanos são investidos de papéis impostos pela sociedade, como se um “script” fosse impresso pela sociedade e pela cultura na folha em branco da consciência.
Observamos que a consciência no viés do modelo sócio-cultural possui o sentido como sendo resultante dos fatores de convivência humana no interior de uma sociedade.
Consciência no Viés Autoreferencial
Necessário oferecer uma visão do que seja estrutura. Entendemos por estrutura como sendo o conjunto sintético das partes elaborando um todo indivisível biopsicoonticosocial que denominamos indivíduo ou sujeito. Segundo Bauman o indivíduo se refere a uma estrutura complexa e heterogênea com elementos separáveis mantidos juntos numa unidade inquebrantável pela gravitação e repulsão de forças centrípetas e centrífugas num equilíbrio dinâmico, mutável e continuamente vulnerável.
A consciência no viés do autoreferencial é resultante da sensibilidade da estrutura autônoma do sujeito formada a priori, isto é, anterior aos fatos. Não é uma consciência elaborada por Deus, pelo somático ou pela sociedade e sim uma consciência que é o resultado da estrutura autoreferencial que elabora o sujeito.
A estrutura é a criadora de si mesma, onde o sujeito é sempre um retorno a si mesmo reconhecendo a sua singularidade. O sujeito se forma na busca do direito de ser o autor de sua própria existência. A estrutura do ser humano incluindo suas percepções é autônoma de todos os interesses e forças que procuram interferir nas suas próprias concepções de mundo, limitando-as.
A estrutura própria do sujeito devido ao constante movimento elabora ou acrescenta algo que não se pensava. Essa criação é resultado da sensibilidade autônoma e específica da estrutura. Quando a estrutura do sujeito sofre um estímulo e conforme a sensibilidade da estrutura ocorre a elaboração de uma representação que não possui dados sensíveis. A representação elaborada pela estrutura é denominada de conceitos puros. A estrutura autônoma elabora suas próprias representações, assim sendo, desconhecemos os objetos em si; só conhecemos os produtos da sensibilidade estrutural e sem a sensibilidade estrutural nenhuma representação nos seria dada.
O mundo externo a estrutura autoreferencial é sem sentido. É o indivíduo que fornece sentido ao mundo, aos fatos. Centraliza no indivíduo a capacidade de formador e elaborador do sentido do mundo.
A percepção e o conhecimento refletem o movimento da estrutura autoreferencial do sujeito que está conhecendo. A estrutura humana é capaz de auto-organização, transformando o “imput” recebido de outro sistema em uma composição conforme a sua própria estrutura. A estrutura transforma as pressões ambientais externas em uma ordem interna própria. Cada explicação do mundo externo é fundamentada em nosso nível de consciência cujo fundamento é a estrutura do sistema humano.
Observamos que a consciência no viés autoreferencial é resultante da sensibilidade da estrutura humana.
Texto revisado por Cris
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