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CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ALMAS GÊMEAS

Atualizado dia 12/2/2007 10:31:31 AM em Autoconhecimento
por Christina Nunes


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Periodicamente escrevo sobre este tema que me fascina de maneira particular. Todavia, com a passagem do tempo e do estudo, sobretudo dos assuntos espíritas, atraiu-me especialmente um fator gerador de polêmica que acredito enraizado nalgo pueril, qual seja a problemática da nomenclatura - a insuficiência verbal para emprestar significação exata a tudo, como em muitos casos acontece quando nos deparamos com nuances da vida para as quais não encontramos palavras que as definam com fidelidade, ou que se as definem, suscitam todo um universo de debates e de pareceres, devido a trazerem em si um perfil indesejável de dubiedade.

É o que acontece com o tema "almas gêmeas". Os estudiosos puristas do Kardecismo rejeitam energicamente até mesmo as considerações sobre o assunto, tendo-as como fantasiosas e inoportunas, baseando-se no conteúdo da Codificação, onde os Espíritos, por Allan Kardec, enfatizam que as almas gêmeas, no sentido de serem clonadas, idênticas, não existem. Todavia, de outro lado o Espírito Emmanuel, sob uma ótica mais lúcida, declara que elas existem; mas com abordagem lógica e sensata: a das pessoas que atraídas por um grau extremo de empatia se buscam neste mundo e se adivinham, magnetizadas justamente pelos efeitos das Leis da Sintonia.

Foi deste confronto de entendimentos, inclusive, que se originou toda a polêmica tecida em torno do poema existente na obra belíssima de sua autoria trazida a público pela psicografia inspirada do saudoso Chico Xavier, "Há Dois Mil Anos". Nela, a personagem, Lívia, compõe para o marido lindos versos contidos neste conceito, iniciados desta forma: Alma gêmea de minhalma/ flor de luz de minha vida (...) Por causa do enfrentamento de interpretações tecidas acerca da existência ou inexistência das almas gêmeas em si, toda a beleza excelsa contida nesse poema proveniente das paragens de luz foi perdida e desprestigiada por muitos, crendo-se inclusive falho o trabalho de Chico, neste caso em que considerou-se que não foi o autor espiritual que ditou as palavras, mas o psiquismo do médium, transmitindo-se desta forma idéias equivocadas.

De meu lado, possuo uma visão particular do caso. Acredito que não houve erro de transmissão mediúnica. Erro há, e ainda neste momento, na polêmica em si. Muitos estudiosos da Doutrina, a meu ver, se apegam tão demasiadamente à letra, e não ao espírito da letra, que se esquecem da estreiteza com que a questão é considerada. Há consenso, de fato, de que não existam individualidades repartidas que proporcionariam a uma parte minha, desconhecida, estar andando por aí, tornando-me num ser incompleto e, em conseqüência, prosseguir numa busca sem fim atrás da sua outra banda da laranja. De outro lado - todavia! - é mais do que plausível. É fato que no decorrer da nossa jornada evolutiva encontremos almas gêmeas, e não apenas uma: variadas, afinizadas em grau extremo conosco no que diz respeito a matizes espirituais em diversificadas áreas, tais como as emocionais, psicológicas e intelectuais. E não afirmo isto baseada em devaneios aleatórios ou fantasiosos, visando talvez preencher carências, mas em vivências factuais!

Só de relance recordo ter encontrado no atual percurso de vida material duas almas gêmeas: uma convive comigo, no ambiente do meu trabalho - uma grande amiga! Outro desviou-se nas dobras do tempo, seguindo o percurso necessário ao seu aprendizado. Mas o que conta para que sejam assim consideradas é o volume incomum de coincidências simultâneas que povoam as vidas desses dois seres em comum com a minha própria: rumos e preferências escolhidas; lances vividos no cotidiano aos quais reagem numa réplica das minhas reações; a aproximação prazerosa e deliciosa no tempo de convivência, a felicidade experimentada durante essa convivência!

De fato, esses casos dizem respeito a almas que absolutamente não se perdem umas das outras no decorrer dos evos e que são aproximadas no contexto da vida de maneira praticamente mágica, através daquelas coincidências e lances sobre os quais muitas vezes referimos só serem possíveis no enredo fantasioso das novelas!

O que falta na polêmica que gira em torno das almas gêmeas é o bom senso! Por que refutar irritadiçamente uma realidade passível de tornar os seres mais felizes, uma vez que dela tomem maior consciência? Por que essa obsessão com o que Kardec não disse? É comezinha a compreensão de que as respostas dadas pelos respeitáveis espíritos da Codificação a este tema giraram em torno de uma significação muito reduzida, atendo-se somente àquela interpretação de fato mais inusual, não condizente com a realidade das nossas vivências, qual a da incompletude do ser humano num sentido literal e absoluto. Mas os espíritos com certeza não se referiram à significação principal e à única admissível: a de que as almas gêmeas existem no sentido de identificação íntima, de empatia maravilhosa entre seres plenos na troca daquele amor mais autêntico, aproximados em função da sintonia de almas!

Atentemos a que as verdades maiores da vida costumam nos colher de dentro de uma simplicidade surpreendente. É, de fato, perda de tempo e desgaste inútil de energias valiosas o empenhar-se num embate puramente acadêmico de dentro da temática espiritualista para comprovar-se apenas pareceres individuais segundo as múltiplas interpretações possíveis e existentes na infinidade de ângulos de visão com as quais são encarados, quando a própria experiência humana através dos lances comuns do cotidiano no fim é que nos oferece, sobre todos estes dilemas, o veredito final!

E eles sempre nos surgem descomplicados e evidentes, condizendo com o que mais preenche o ser humano com plenitude e com felicidade.

Com amor,

Lucilla & Caio Fábio Quinto
Autores dos romances espíritas O Pretoriano, Sob o Poder da Águia, e Elysium, Uma História de Amor Entre Almas Gêmeas

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
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