Conto: O FUTURO A DEUS PERTENCE, MAS TADEU DESACREDITOU
Atualizado dia 5/18/2006 11:10:08 AM em Autoconhecimentopor Alberto Carlos Gomes Lomba
Seus pais, Paulo e Elizete, assim como os amigos mais íntimos, consideravam que o rapaz tinha idéias muito avançadas para o seu tempo. Filho único de pais abastados, residia em uma mansão numa propriedade rural próxima a Ribeirão Preto.
Certa feita ficou, dias e dias, trancado em um galpão, que era meio laboratório, meio dormitório, construindo um artefato que o tornasse invisível, para bisbilhotar a vida alheia, necessariamente de suas colegas da universidade, incluindo sua musa, Maria Silvia. Depois do fracasso de se tornar um fantasma ambulante, foi tomado por um sonho um tanto bizarro e cientificamente improvável: avançar futuro adentro.
O que seus pais ignoravam era que Tadeu queria mais. Queria brincar de deus; de ir além das fronteiras do real para se projetar no futuro próximo e, quem sabe, longínquo.
Quando um caminhão de transportes parou em frente ao galpão e ali desovou várias caixas lacradas, seus pais não se incomodaram e um malicioso comentário foi feito: “Será que vai construir um foguete?”.
Ao chegar da faculdade, à noite, o filho sorriu de satisfação. Alegou, no jantar, que tudo aquilo eram equipamentos para acelerar seus micros. Deu boa-noite e se trancou no galpão. Sua excitação era grande. Até seus colegas notavam. Nem mesmo a bela Maria Silvia chamava a sua atenção. Saía correndo da faculdade, engolia o jantar e ia dar continuidade à sua grande invenção: o portal do tempo, um trambolho em forma de círculo que tomava conta de boa parte do laboratório. Fios saiam dos computadores e se ligavam em vários setores da sua grande invenção.
A cobaia pioneira foi trazida da universidade. Equipamentos ligados e lá se foi o ratinho para dimensões desconhecidas. A cadelinha Lala, também, teve seu nome ligado à evolução da ciência. Tadeu era só felicidade. Conseguira seu intento. Iria viajar no tempo futuro e retornar para contar suas experiências e, quem sabe, trazer algum outro viajante de outros lugares. Antes de se lançar na sua aventura, como era um cientista sério, fez ainda um último teste. Desta vez foi com o bezerro Xodó que foi empurrado, a duras penas para o portal, berrando de indignação.
Enfim, chegou o grande dia. Na noite da partida jantou normalmente, comentou o desaparecimento da cadelinha Lala e do Xodó, beijou a mãe e abraçou o pai que ficaram surpresos com aquele comportamento tão carinhoso e estranho do filho. Equipamentos ligados, computadores programados para uma viagem curta de apenas um mês e o desbravador do futuro caminha na direção da fama, pois seu invento mudaria os rumos da humanidade.
Dias se passaram e nada de Tadeu aparecer. “Certamente deve estar à volta com suas pesquisas”, dizia seu pai. Depois de um mês o fato ficou incômodo e os pais, em comum acordo, resolveram pela primeira vez, quebrar a privaticidade do filho. Bateram várias vezes na porta do galpão. Sem resposta, chamaram alguns peões e derrubaram a porta. Elizete desmaiou, Paulo perdeu a voz. Um bezerro com a cara do filho latia como a cachorrinha Lala e tinha um rabicho de camundongo.
Nota do autor: a presente ficção não tem o objetivo de banalizar a ciência, mas de deixar claro que a verdadeira ciência emana de Deus.
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 7
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