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Contos: PROCURA-SE UM BENZEDOR

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Autor Alberto Carlos Gomes Lomba

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 5/2/2005 3:53:43 PM


A figura de Pai Pachequinho, folclórica e cínica, é até hoje lembrada com certa hilariedade pelos seus seguidores. Durante anos foi notícia nos sertões do noroeste do Estado de São Paulo e há quem diga que seu casebre se tornou um local de romarias: um terreiro santo.

Benzedor, mulherengo, canastrão, possuía sensibilidade, ou mesmo mediunidade, de perceber o que as pessoas queriam. Apreciador de uma boa pinga passava a maior parte das horas em que ficava acordado em estado letárgico, melhor dizendo, etílico. Conversador e contador de “causos”, dizia que era filho de uma escrava de Guiné-Bissau com um americano, embora seu avô fosse francês. Porém, mudava de raça de acordo com a bolsa do freguês. Assim, foi um dos primeiros a globalizar suas origens.

Políticos, empresários, artistas e toda uma “fauna” de lindas mulheres eram a freguesia do benzedor.

Dava suas consultas num casebre, mas possuía uma mansão comprada com a “dinheirama” que tomava dos incautos.

Das Cruzes, uma mulata de dar inveja a qualquer destaque de escola de samba, cuidava das suas “cabritas“, ou seja, das meninas “que enfeitavam sua casa”. Huck, um africano com dois metros de altura, pesando 140 quilos, primeiro da lista a herdar seu império, era o socorro imediato quando as meninas estavam alvoraçadas e o benzedor estressado. Cuidava, também, da agenda de consultas e do casebre.

Porém, o que mais notabilizou a vida do Pai Pachequinho foram as suas benzeções.

Gostava do idioma inglês porque certa feita foi procurado por família rica vinda dos Estados Unidos, cujo filho era casado com Mary Anne da Carolina do Sul e que ainda trazia, nas veias, as tradições da família que tinha sido possuidora de escravos.

Mary Anne vinha se queixando do desempenho do rapaz e amigos da família informaram que o benzedor era “taco firme” nesses assuntos. Quando Mary Anne deu de cara com Pachequinho, a sós, que naquele dia tinha tomado um alambique de cana, gritava a todos pulmões: “Help, help, help, that is a devil!”. Porém, a benzeção foi milagrosa, segundo contam, pois a menina nunca mais reclamou do maridinho e quase virou noviça.

O benzedor, por sua vez, não só se apaixonou pela loirinha como também pelo “devil” e quis até mudar de nome, até que lhe explicaram que a palavra significava “capeta”. E para completar a cena, o benzedor não se deu de rogado, pegou uma das suas “cabritinhas“, mandou pintar o cabelo de loiro e aprender “este tal de ingrês”.

Os repentistas cantam em prosa e verso, até hoje, a benzeção da mineira Cremildes.
“Seu marido era cornudo e pediu ajuda a santo.
A mulher virou capeta e dava pra todo mundo.
Pediu ajuda ao Pachequinho que benzeu a belezura que, de joelhos, gritava: Arre Pai, que gostosura.
Depois da cura nefasta o marido agradecia, pois Cremildes virou beata e só Pacheco a benzia”.

“Quinzinho“ era um dos políticos mais promissores do interior de Alagoas mas roubava tanto que resolveu vir conhecer este quebrador de galhos. Sem pompas e honrarias sentou-se no banquinho, acendeu um cubano legítimo, deu uma baforada e abriu a matraca. “Como é, meu velho, vou ser ou não cassado?” Pai Pachequinho perguntou na lata: “Quanto o menino tem no bolso?” A resposta foi imediata: “Uns vinte mil dólares”. “Me dá esse dinheiro mardito”. E já estendendo a mão tomou os dólares do político emergente, olhou bem e passou para Huck, que estava com os olhos estatelados. “Queima tudo, menino”. Huck desapareceu como o vento, levando os 20 mil dólares.

Quinzinho, aliviado, ainda deu mais um cheque, que, diga-se de passagem, nunca foi pago pelo banco. Porém, nem desembarcou em Alagoas, Quinzinho foi cassado. Ficou na cadeia por “longos“ 47 dias e depois fugiu para Miami com a mulher do comandante da guarda que não resistiu a seus encantos e à mala de dólares.

Quanto aos dólares, Pai Pachequinho, Das Cruzes, Huck, afilhados e “cabritas“ promoveram uma profana noite de orgias. Até hoje conhecida como “A Noite do Dólar Roubado.”

Depois desse evento, ninguém sabe o porque, Pai Pachequinho desapareceu no mundo. Uns dizem que foi meditar no Tibet, outros que foi trabalhar como conselheiro em Brasília, outros o dão como morto, enfim, um verdadeiro ícone, talvez um megastar da benzeção.

Das Cruzes entrou para um convento. Huck é personal-trainer de um político jovem e emergente e a maioria das cabritas foi ganhar a vida no eixo São Paulo-Rio, onde, como Cinderelas, esperam encontrar seus príncipes encantados.

Texto revisado por Cris

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