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Contos: SEMENTES DO PARAISO

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Autor Alberto Carlos Gomes Lomba

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 4/10/2005 3:53:12 PM


Aos 66 anos de idade, Rhadi Nahany não se conformava em ver e constatar seu envelhecimento. Adepto da Yoga Kundalini tornara-se Mestre iogue e mantinha uma classe de discípulos na cidade de Chindwara, região central da Índia.

Considerava-se um avatar, a reencarnação de um espírito luminoso e que viera ao mundo para mudar seu carma. Na verdade, Rhadi vivia em constante conflito entre o ocultismo, sua lapidar pobreza e a libertação iogue.

Enquanto esperava seus aprendizes, lia, escondido, “Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola” e grifou um trecho onde se lia: “O Homem foi criado para dar graças e reverenciar Deus e por esses meios salvar sua alma.” “Literatura ocidental, casuísmo católico”, blasfemou o iogue, não sem antes levantar os olhos para uma estatueta de Buda em sinal de perdão por não ser tolerante.

O primeiro a entrar no salão, que parecia uma varanda, foi o menino Nirmala, que logo reverenciou o Mestre: “Shri Mataji” (“Dai-me conhecimento”).

Enquanto meninos e meninas faziam algazarra, o que nada traduzia os ensinamentos de meditação, Rhadi pensava na sua fórmula de rejuvenescimento. Queria ter a aparência de um homem de trinta anos, ser ungido como Mestre Universal e gozar de todas as prerrogativas que iam desde a boa comida, uma casa confortável, muitos vassalos e ainda o estandarte rosa da dinastia Sahaja.

Depois de mais um dia estafante, o professor se recolheu aos seus aposentos. Preparou um banho frio para despertar, alimentou-se de bolinhos de farinha, mel, tâmaras e um copo de leite. Acendeu um incenso, uma lamparina e, com óculos comprados em Nova Delhi, observou várias sementes de maniguetas ou pimentas da Guiné, originárias da África, popularmente conhecidas como “sementes-do-paraíso“.

Rhadi estava excitado. Naquela noite faria a primeira experiência com a fórmula que lhe restituiria a juventude tão cobiçada, na qual a semente era predominante. “Amanhã serei um novo homem. Respeitado, bajulado, com um futuro promissor e um envelhecimento tardio”, regozijava-se o indiano.

Quem lhe dera as sementes fora outro iogue que tinha mais de 70 anos e que num belo dia sumiu da vila. Meses depois apareceu um lindo jovem, possuidor de poderes sobrenaturais, uma reencarnação, quem sabe do príncipe Sidarta.

As sementes eram muito difíceis de serem conseguidas, pois, para encontrá-las, era necessário perambular por regiões inóspitas da África. Daí o seu valor místico. Depois de muito amassar as pequeninas pimentas elas foram se transformando num líquido amarelado e um tanto oleoso. Terminada esta fase, o iogue foi até seu rústico fogão a lenha e depositou uma quantidade ínfima desse óleo numa vasilha de cobre que, de tão limpa, parecia um espelho.

Foram apenas alguns segundos e a infusão estava pronta. Rhadi guardou-a com cuidado ao lado da sua esteira de dormir, pois os iogues têm por princípio a humildade e o desprezo pelas riquezas materiais.

A infusão deveria ser bebericada exatamente às três horas da madrugada. Um sono profundo se apoderou do Mestre iogue, levando o seu espírito para regiões desconhecidas.

Sentia-se leve. Remoçara uns 30 anos. A beleza física lhe dava um estilo encantador. Sua casa era um palácio, com muitos serviçais e mulheres lindas, semi-nuas, que o cortejavam. Rhadi pensou estar no paraíso.

O cantar do galo, prenunciando os raios matinais, trouxe Rhadi à realidade. Aos gritos e soluços de um recém-nascido, observou a sua realidade. Quem seria aquela criança, quem a colocara ali para que um ancião, mestre, cuidasse dela? As respostas eram confusas.

“Meu elixir, onde está? Quem o bebeu?” Chamado à razão, o iogue observou que a criança chorona estava envolta nos trapos que, no dia anterior, cobriam o corpo do seu discípulo Nirmala, que tinha por costume vir acordá-lo e bisbilhotar seus pertences.

Na parede do quarto, observou a sabedoria de um mantra colocado em um quadro. “Senhor, perdoai meus erros cometidos contra meu espírito, minha soberba e minha vaidade.”

Texto revisado por Cris

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