Crescer com Arte - O crescimento humano através da Arteterapia
Autor Nilce Helena Gomes
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/5/2006 10:31:54 PM
"Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínímo que fazes.
Assim, em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Fernando Pessoa
Como ser inteiro? Pondo o quanto és no mínimo que fazes! Para ser inteiro, cresças, principalmente em teu interior; busca-te nas asas frágeis da borboleta que ao enfrentar, no casulo, a escuridão, ao transmutar, usufruindo do néctar das flores, fecha suas asas em símbolo de prece, em agradecimento a essa transformação; na rosa que precisou ser semente, antes na terra com estrume, para depois perfumar jardins; no vento que sopra veleiros para chegarem a seus destinos; na água que escorre pelas faces quando vês algo infinitamente belo ou covardemente rude; no fogo que ilumina o caminho, derretendo a vela que cria imagens; na luz,os desenhos das sombras que o corpo traduz em paredes caiadas de branco, sorrindo do que podes criar ao transformar as sombrias formas em claros contrastes; percebas como é possível, através de teu comando consciente, dessa luminosidade, tornar-te um gigante ou um ponto no círculo de tua vida!
Pinte vários pontos, de variadas cores, nesse centro e vás esparramando até as bordas de teu círculo e construindo na tua mandala, o símbolo que te revela!
Cresças cavando, cavando teu inconsciente com as ferramentas que lhe são oferecidas para a busca de tua essência. O caminho, a princípio, vai parecer-te tenebroso e poderás te sentir caindo num abismo sem fim. Rodopiando, circulando, até mergulhares e começares a nadar em mar até, então, misterioso. Qual escafandrista em busca do que? Por quê? Para quê?
Calma, nades lentamente e vá pegando o que achares interessante, mesmo que certo medo te assuste ao ver algo que pensavas escondido no fundo de algum lugar, no qual agora mergulhas. Enche tua rede de tudo um pouco. Voltes à superfície, respire fundo, inteiro! Agora esparrama o que encontraste e, com paciência, observa o que trouxeste. Coloques de um lado o que amas, do outro o que até então te causa estranheza. Tantas coisas guardadas, tanto tesouro escondido, tantas crostas emergem desse mergulho! Feches os olhos, apalpe, sintas a textura áspera, macia, o incógnito: o desconhecido "conhecido" que em aflição ainda não consegues perceber.
Apazigua-te, abre os olhos ("quem olha para dentro sonha, quem olha para fora acorda", falou Jung). Perguntes o que é isto? Aonde quero, agora, colocar? Agrada-te ou causa-te medo ainda? A cada forma que vês conscientiza-te: servem para ti? Se achares que sim, aconchega em teu coração, teu lugar sagrado! Se não te serve, deixe que o vento leve, soprando qual folha que seca desprende-se da árvore, antiga morada.
Como vês, não é tão difícil tornar-se inteiro! Crescer! Isto é arteterapia, a chave simbólica que irá, através de várias modalidades artísticas - pintura, escultura, dança, contos de fadas, mitos, colagens, cenários criativos - faze-lo(a) tentar abrir as portas de seu inconsciente, mostrando conteúdos, muitos até então desconhecidos à tua consciência, tornando-o mais saudável e inteiro, com melhor conhecimento de si mesmo e do outro, neste Universo onde somos todos um: "Assim na Terra como nos Céus".
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 7
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