CRIANÇAS, EU VI!
Atualizado dia 11/05/2008 12:10:08 em Autoconhecimentopor Eduardo Paes Ferreira Netto
Compadecido pela criaturinha, apanhei uma vareta e espantei o ofídio que me brindou com um olhar de revolta; esgueirou-se pela relva e sumiu. A avezinha voltou ao ninho, certamente feliz por se livrar da faminta serpente. Comentei alegre aos companheiros do monastério a boa ação cometida.
Ao cair da tarde, como de costume, nos reunimos para a meditação. O mestre, após as orações iniciais e notícias dos eventos do dia, passou a me admoestar pelo feito do qual me orgulhara: ter salvo a pequena ave da crueldade da serpente. Falou o mestre: "A natureza é de uma beleza extraordinária, mas ao a olharmos mais fundamente veremos que por trás de toda essa beleza há um mundo verdadeiramente cruel; há em todos os níveis uma presa e um predador: a ave come o inseto e este come um menor; a serpente come a ave, a águia come a serpente. Um antílope é comido por uma onça e essa pode ser devorada por uma outra serpente. Graças a esse ciclo é que a natureza se mantém em equilíbrio. Ao salvar a ave, Joseph, você interrompeu esse ciclo e essa ação, que a seu ver foi um ato louvável, é antes, motivo de recriminação. Há certamente uma atenuante - seu coração de bondade - mas a serpente pode ter morrido de fome; seu amor é descriminativo. Na natureza nenhum ser mata ou provoca sofrimento em outro por simples prazer, isso é “privilégio” do ser humano."
Saí da reunião cabisbaixo, pensativo e rememorando as ações que nós humanos cometemos com toda sorte de seres, apenas pelo prazer. Não precisamos matar para comer. A natureza nos dá tudo de bom para nos alimentar e termos uma vida saudável: frutos maravilhosos, verduras, legumes, etc. Nosso prazer podemos encontrar na música, na leitura, nas artes em geral, na companhia de familiares e amigos; não precisamos fazer sofrer os animais para nossa diversão. A paz, a felicidade e o amor que desejamos para nós deveremos levar aos demais seres da natureza; como nós, eles também têm direito à vida e à felicidade.
Texto revisado por Cris
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