CRIME E RESGATE (O fato narrado, queiram ou não, é real)
Atualizado dia 20/04/2008 11:44:40 em Autoconhecimentopor Terapia de Cura
Ano de 1806. Estamos na Freguesia de Parathy, litoral da antiga província fluminense. Em pequenina casa colonial na esquina do Beco da Capela, com a rua da Fresca (atual Dr. Pereira) encontram-se furtivamente Cláudio de Campos Fernandes com a "cortesã" Tarsila dos Santos di Piero.
Cláudio, bem sucedido boticário, era o único herdeiro de um casal de portugueses abastados. Alto, atlético, bem apessoado. De costume era rude e irônico, mas tinha lá o seu lado brincalhão e solícito, o que lhe granjeava alguma simpatia de clientes e de alguns amigos, principalmente diante de uma boa rodada de "bebidas quentes".
Tarsila, que era de origem obscura, teria vindo da Cisplatina (mas há quem afirmasse ter vindo das bandas da provícia do Piauhy), era proprietária de uma taverna pobre, na illha do Araújo, frente à costa paratinense, que escondia uma "casa de tolerância" onde vivia de explorar mulheres brancas e mulatas "forras", satisfazendo a lascívia de fazendeiros e comerciantes locais, bem como de outras vilas como Ubatuba, Angra dos Reis e Barra Mansa.
O encontro de Cláudio e Tarsila, às horas mortas, tinha a embriaguez do vinho e o frenesi das paixões desenfreadas, próprias dos faunos e das ninfas... Cláudio, mocetão elegante, a despeito de vinculado espiritualmente pelos laços do matrimônio com Dona Lídice Vale de Alenquer, com quem assumira perante a consciência débitos no passado e que deveriam ser resgatados, mandou "às favas" os escrúpulos e, já havia dois anos, mantinha intenso relacionamento carnal com Tarsila, enxovalhando a honradez do lar e esquecendo-se de compromissos seculares com a ingênua esposa - cada vez mais esquecida a cada encontro de Cláudio com a amante - mulher ardilosa e calculista na arte da devassidão como visgo de conquista... Frágil de caráter, na medida em que cobria a amásia de jóias e de vestes pincipescas, transferia de seus bens e do patrimônio de D. Lídice, vultosas quantias, arrancadas quase a fórceps, para a quitação de tão elevados débitos, fato que arruinava progressivamente a economia da família que já se ressentia da falta do marido e do pai sempre ausentes.
Naquela noite de libações a Baco e de culto a Vênus, mesmo tomados pelo álcool e pelo sexo infrene, Cláudio e Tarsila ainda tiveram tempo de arquitetarem, sem nenhum laivo de remorso, o assassinato de D. Lídice que, já sabedora do adultério do companheiro, humilhada na sua dignidade de pessoa e de mulher, definhava a olhos vistos sob severa depressão, ante o testemunho angustiado dos três filhos, pouco mais do que crianças e, como tais, indefesas e impotentes...
Novembro de 1806. Festa de São Benedito. Quermesses e festival de música dalém mar. Ruas apinhadas de gente iluminadas pelos velhos e nostálgicos lampiões de gás. Azáfama. Cláudio, no recesso do lar, depois de breve descanso, dissimulando ternura e compreensão para com a esposa abatida, convida-a para de braços dados voltearem às margens do Perequê-Açu. Ingênua, a ainda jovem senhora acredita no galante convite ou faz esforço para acreditar que o moço guapo de outros tempos deseja a reconciliação, a recuperação do tempo perdido, a reedificação do lar... Era quase ditosa.
Volteavam o Perequê-Açu chupando roletes de cana caiana e envolvidos pelas músicas hipnóticas dos negros. Inesperadamente, aterrorizada, sente-se violentamente arremessada ao caudal do rio. E, subitamente, conquanto implore alucinada pela própria vida, nos estertores da morte, é tragada pelas águas revoltas em direção ao mar de Parathy...
No outro dia bastaram explicações rápidas dadas pelo desditoso marido, sob forte comoção, para que a polícia concluísse por um "lamentável" acidente...
Tudo estava consumado!
Século XX. Quase duzentos anos depois, agora sob o sol escaldante do Norteste, entre Fortaleza e o delta do Parnaíba, único em mar aberto no Continente Americano. Os infratores de ontem - que haviam assumido o compromisso de se reabilitarem: Cláudio reassumiria os compromissos com Lídice e outras vítimas do passado enquanto Tarsila assumiria crianças inválidas - ambos caem novamente, reincidem no mesmo erro e, mais uma vez, atraídos pela mesma onda de freqüência, presos pelo mesmo visgo doentio do passado, caem no adultério autofágico, dominados pela própria luxúria. São espíritos mutuamente vinculados vibrando na mesma baixa freqüência magnética do passado. E sem nenhuma comiseração vitimam pela humilhação que fragiliza a auto-estima e violenta a alma, a jovem L.P.F, a Lídice de antigamente, agora mãe de uma menina-moça, "C" e de dois rapazolas, "R" e "R", desde o passado setecentista carentes de segura orientação nas diretrizes do bem...
No outono da vida, quando os tempos são chegados, os trânsfugas de ontem e reincidentes de hoje, pressentem" no ar" a aproximação da JUSTIÇA e buscam, como os trabalhadores da última hora, o REINO DE DEUS, conquanto passando-se por marido e mulher, enganem, no interior dos próprios templos que freqüentam, os companheiros de ideal cristão.
E enquanto não se ajustam à verdade, ela, "T"(a Tarsila de antigamente), ainda guarda o ranço do orgulho do passado, embora sofra dores físicas resultantes da deterioração óssea e das inflamações articulares que lhe tolhem praticamente todos os movimentos, consequência da alma enferma. Não bastasse o sofrimento, recentemente sofreu a perda traumática de "P", um dos atuais filhos queridos e antigo companheiro de desatino...
Ele, o antigo boticário, ao tempo em que sofre as limitações da escassez da moeda, angustia-se pelas dificuldades materiais por que passam vários dos seus antigos aliados, agora vinculados à parentela...
Hoje, mais recentemente, aprende a conviver - no meio dos seus - com os efeitos da AIDS, até ontem embalando ou amparando velhos comparsas das noites de orgia na bela Parathy de antanho... Outros males que já carregam consigo, no mais recôndito dos perispíritos, moldados por vícios de outras épocas ou abusos de agora, estão próximos de eclodir. É o que a inexorável Lei lhes impõem em favor da redenção de ambos. Afinal,se "a sementeira é livre, a colheita é obrigatória". Porém, ainda é tempo de tomarem novos rumos. O dia do juízo não tarda. O tempo ainda espera.
Elias, esp. amigo.
O texto acima foi psicografado pela médium "M", em centro espírita desta capital, com orientação para que cópias fossem enviadas aos dois confrades envolvidos no episódio, sem maiores detalhes, vez que ambos fazem parte do Movimento espírita local. Pelo que temos conhecimento o casal subestimou o texto, desconsiderando-o. Todos os dados como ruas, acidentes geográficos, rios e ilhas foram "checados" e confirmados. Segundo o comunicante é possível encontrar informações sobre o fato nos arquivos da antiga Província do Rio de Janeiro.
Dra. Nesa Gomide
Psicoterapeuta - TVP
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Texto revisado por Cris
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