DA MULHER ITALIANA
Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/8/2004 1:12:33 AM
Tenho a alma pacífica
Do meu povo simples
Que trabalha a terra.
Planto amor.
Minha paixão arde livre
E vibra, rola, se entrelaça
Aos feixes de trigo
Das medas perfumadas,
À beira das estradas.
De vinhas maduras
E frutas sazonadas,
O aroma que recende de mim,
Que a minha pele exala.
Dos meus lábios
Escorre o mel quente
Das bagas entumecidas
Pelo sol do verão.
O zumbido suave
De abelhas tontas,
nas campinas
Procurando flor,
Baila ondulante
Na minha voz.
Meus seios túrgidos
Deliciam meu homem,
Alimentam filhos.
Cultivo a calma, a paciência,
A entrega, a doação.
Pela minha mão, na alvura
Delicada da farinha,
Realizo cada dia,
O milagre do pão.
Mas, se minha paz
É perturbada, transformo-me
Em revolução. Intempestiva,
Levanto do chão a minha enxada,
Empunho feito arma.
Defendo minha dor
Com muita raiva.
Tenho a simplicidade do campônio,
Irada, ferve o sangue da raça
Em minhas veias.
Destila fel, a minha entranha
E o coração e a boca
Expelem chama se
Ofendem, subestimam
Minha honra.
E quando passa o vendaval
E a harmonia retorna,
O cotidiano, minha paz retoma.
Eu volto, calmamente,
A arar a terra.
Eu cuido da semente.
Sou uma mulher italiana.
ILUSTRAÇÃO:"FALL HARMONY"- oil on canvas- Fred Doloresco
Avaliação: 5 | Votos: 14
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