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De Advogada a Astróloga

Atualizado dia 25/09/2006 18:47:14 em Autoconhecimento
por Camila de Carvalho Colaneri


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Olá. Esta é a minha estréia aqui no Somos Todos Um. Pensei bastante sobre o que escrever num texto inicial e ainda mais num site muito acessado e de conteúdo tão interessante quanto este. Então, resolvi parar de pensar e passei a sentir o que gostaria realmente de escrever neste primeiro contato.
Acabei de participar de um grande processo de virada na minha vida e, como o título deste texto já diz, mudei de profissão. Fui da advocacia à astrologia.
É, amigos, uma virada e tanto. E acho interessante compartilhar com vocês essa história porque ao contá-la às pessoas, muitas me falam que eu deveria repassá-la, pois poderia incentivar outras pessoas a irem atrás dos seus sonhos e ideais. Na verdade, eu nunca tinha imaginado que poderia ser exemplo a alguém, já que este processo foi uma busca muito pessoal, mas hoje percebo a necessidade de passar essa minha experiência, pois muitas pessoas compartilham ou já compartilharam desse processo angustiante que é mudar de carreira e talvez mostrando o que aconteceu comigo possa haver uma certa identificação e uma ajuda. Afinal, realmente ficamos mais tranqüilos quando achamos pessoas que se identifiquem com os nossos sentimentos, questionamentos e dores.
Vamos lá. Eu sempre gostei das ciências humanas, de ler, de escrever, de me comunicar. Na época do vestibular, como todo adolescente, estava perdida e era influenciável, como a maioria dos adolescentes, aos conselhos familiares e dos amigos.
Aí, juntando as coisas, resolvi fazer Direito, pois era da áerea de Humanas, poderia ser uma profissão interessante, etc. Mas fui sem saber realmente como funcionava a advocacia. Fiz a faculdade, estagiei em escritórios, mas, até então, ainda estava no clima universitário e sem encarar realmente a profissão.
Com o estágio, na verdade, já veio a primeira decepção com a área, pois percebi que o direito era muito burocrático em sua prática, o que deixava para mim uma sensação frustrante. Resolvi, então, prestar concurso público, pensei em ser juíza, pois assim poderia atingir um grande número de pessoas e auxiliá-las com o meu trabalho.
Estudei por aproximadamente dois anos e quase cheguei lá, mas por desvios, que hoje atribuo ao destino, não passei na última fase do concurso. Me desiludi - na verdade neste processo de estudo a minha insatisfação só aumentou - e resolvi voltar a advogar. Foram mais oito anos advogando, sempre buscando algo que eu não conseguia atingir: a satisfação profissional. Comecei a dar aula e fui fazer mestrado, como uma tentativa última de encontrar prazer naquela profissão. Percebi que gostava de dar aulas, de entrar em contato com os alunos, mas que não gostava de falar sobre direito. Nesta altura, as pessoas falavam para mim: " Nossa Camila, você é tão novinha, já dá aula em universidade, é mestre em direito, seus pais devem estar orgulhosos"...
Eu, que poderia me envaidecar disso, ficava muito frustrada, pois sentia que a bola de neve só aumentava, pois a satisfação não vinha e eu me comprometia com a minha profissão cada vez mais.
Esse processo passou a ser angustiante, quando numa noite, sozinha em um hotel lá em Recife, onde estava dando aula na pós-graduação, minutos antes da aula, me deu uma crise de choro, eu comecei a colocar para fora todo aquele meu tormento e decidi, após dar a aula com os olhos vermelhos de tanto chorar, que estava da hora de tomar uma atitude.
Eu precisa ir atrás do que eu realmente queria para mim, do que eu realmente gostava. "Mas o que fazer?", era a pergunta que não me saia da da cabeça.
Comecei a selecionar o que gostava, o que sabia fazer e que me dava prazer. Esse processo, confesso, também não foi nada fácil.
Percebi que sempre me consideraram uma ótima conselheira e eu sempre tentei ser uma pessoa equilibrada. Fazia isso lendo muitos livros espiritualistas. Venho de uma família espírita que sempre me abriu essa áerea: livros de psicologia, de comportamento, fazendo yoga; enfim, esses eram assuntos que me fascinavam. Também adorava Astrologia. Sendo que essa área, em especial, eu já tinha alguma inserção porque minha mãe também é astróloga - embora hoje infelizmente ela só leia num esquema mais caseiro - e quando ela fazia os mapas eu sempre me interessava, lia, pesquisava, perguntava. Aí, começou a cair a minha ficha. Era por essa área que eu devia seguir!
Me inscrevi, sem falar para ninguém, no curso de Astrologia da Gaia e nunca vou esquecer desse momento: meu professor começou a dizer o que era o curso, qual era a função do astrólogo, o que iríamos estudar e então me aconteceu uma coisa que eu nunca havia experimentado - eu tive a certeza absoluta de que era aquilo que eu queria fazer na minha vida.
Começou, então, um novo processo, pois eu já sabia o que queria fazer, mas precisava romper com o antigo para começar o novo. Precisei usar todo o meu lado escorpiniano e jogar fora o que não prestava mais para renascer. Essa etapa também foi dolorosa porque quando coloquei na cabeça que era isso que eu queria, estava tão determinada, que nem em paralelo eu conseguia mais trabalhar com o direito.
Fui cortando todos os laços, tive muita resistência familiar, principalmente do meu pai e do meu marido, que não entendiam como eu poderia largar uma profissão estável e reconhecida, por uma que, segundo eles, não daria em nada, que era só aventura.
Foi uma luta até interna, pois eu mesma precisei lidar com os meus próprios julgamentos e preconceitos, de mudar de status, de ter que rever todo o meu orçamento bancário, enfim, de começar de novo e do início; afinal a advocacia é uma profissão aceita por todos e a astrologia, infelizmente ainda sofre muitos preconceitos. Nesta fase ouvia muito esta frase: Você está louca!
Mas estava determinada e lutei para mudar. E foi engraçado porque a partir do momento que resolvi mudar, os processos judiciais que eu tocava aumomaticamente se resolveram (acordos, sentenças, repasse para colegas). Em um ano consegui me desvencilhar do direito e digo que parece que tirei uma bola de ferro da minha perna. Sem desmerecer os profissionais do direito, é claro, pois esta é uma profissão muito difícil e muito importante socialmente. É que para mim não servia mais.
Hoje eu sou uma astróloga muito feliz. É claro que existem dificuldades, pois começar de novo nunca é fácil. Estou lutando para formar um nome, estudo muito, me dedico com afinco, mas é tudo tão mais suave porque faço com o coração. Antes eu rezava para não chegar segunda-feira. Hoje eu nem percebo a semana passar. E é interessante, porque agora que eu estou me estabelecendo, formando clientela, fazendo palestras e as pessoas viram que não era loucura, que eu realmente estava infeliz e precisava ir atrás dos meus ideais, a frase que mais tenho ouvido é: Você foi corajosa!
E é isso, amigos. Quis passar para vocês um pouco do meu processo de mudança, pois sei que muitos estão vivendo histórias parecidas. Não desistam nunca dos seus sonhos e isso não é utópico ou fala marcada. Vivenciem o que o seu coração manda. Eu me sinto uma pessoa bem mais feliz e realizada e tenho certeza que as portas se abrirão sempre porque faço o que sinto e consigo ajudar, através dos mapas e das palestras, as pessoas para que se guiem e se encontrem, como eu me encontrei.
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