Deixe-me Livre
Atualizado dia 6/23/2017 10:03:21 AM em Autoconhecimentopor Irlei Wiesel
O que acontece com o amor quando ele é submetido à pressão autoritária do parceiro(a)?
Como identificar que somos vítimas de alguém que age “em nome do amor” sem reconhecer o quanto ele é doentio?
Quando é sensato identificar se estamos aprisionando ou deixando livre?
Conta uma lenda dos índios Sioux que, uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo.
- Nós nos amamos... E vamos nos casar, disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã. Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos. Há algo que possamos fazer?
E o velho emocionado ao vê-los, tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.
- E tu, Touro Bravo, continuou o feiticeiro, deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.
O velho pediu que com cuidado as tirassem dos sacos e viu que eram verdadeiramente formosos exemplares.
- E agora o que faremos? Perguntou o jovem!
As matamos e depois bebemos à honra de seu sangue?
- Não! Disse o feiticeiro...
- Apanhem as aves e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... Quando tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres.
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros...
A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do voo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar. E o velho disse:
- Jamais esqueçam o que estão vendo! Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiver amarrado um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure: “Voem Juntos... mas jamais amarrados”.
A liberdade de abrir caminho para contemplar a missão da nossa alma deve ser respeitada. Devemos evitar distrações que ofuscam nossos passos. O amor pode ser uma desculpa e uma fuga. É preciso saber que ele pode ser uma armadilha capaz de provocar pequenas desculpas que impedem a pessoa de fazer o que é necessário.
O amor deve ser uma força impulsionadora e jamais uma força opressora. Fique atento ao tipo de amor que você diz sentir e preste atenção no como você o transforma em comportamento, atitude e desculpa de vida.
Poderá o amor ser um pretexto para esquecermos de nós?
Poderá o amor ser responsável pela opressão que provocamos em quem amamos?
Será que por amor tudo pode, até sufocar quem amamos?
Pense nisso e viva a liberdade!
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