Depressão

   

Autor Paulo Salvio Antolini

Depressão.

 

A depressão é um mal que sempre existiu, porém, nos tempos atuais está mais freqüente, mais intensa em suas manifestações e se agrava a cada dia pelo afastamento do homem de sua essência. Os sintomas são amplamente divulgados, mas muitas pessoas ainda não sabem percebê-los. Por outro lado, qualquer estado de introspecção ou tristeza já é diagnosticado como depressivo. Assim como qualquer criança mais estimulada é tida como hiperativa. Costumo definir o estado depressivo como uma "vela cuja chama vai se apagando". Por "n" motivos a pessoa vai perdendo o interesse por tudo e por todos que a cercam. Nada mais a incentiva ou vale a pena. A depressão está sendo considerada a doença do século XXI.

Há pessoas que escondem de si mesmas o estado depressivo através de uma aparente "alegria" ou interesse que não existe, mas isso pode ser percebido através de pequenos sinais emitidos por ela, como esquecimento de coisas significativas e expressões faciais não condizentes com a alegria demonstrada.

Foi-me perguntado o que pode acontecer a um indivíduo que tem depressão e não procura tratamento. Em casos extremos, alguns chegam ao suicídio, outros ao abandono total de si mesmo. Na maioria dos casos, ocorre como que uma "robotização". Tudo no automático, apenas o mecânico, o "preciso fazer".

Familiares e amigos do depressivo podem ajudar no tratamento. O primeiro passo é buscar compreender o que está acontecendo com a pessoa. Tentar ter uma idéia do quadro que ela está vivendo. SEM JULGAR! O depressivo não precisa de julgamento ou de críticas, pois ele tem noção de que não está bem. Precisa de acolhimento sem pieguice, amparo sem superproteção e sempre que possível, precisa buscar a mudança de rotinas, hábitos há muito enraizados e que mantêm a pessoa no estado em que se encontra.

Podemos identificar se a pessoa está no princípio de uma depressão observando se coisas que antes eram empolgantes começam a cair no desinteresse, leve tristeza, porém generalizada, incômodo interior sem razões aparentes e em alguns casos, hostilidade ou mesmo agressividade  não justificada.

As mídias muito têm a contribuir no que se refere ao assunto depressão, começando por  deixar de explorar a "desgraça", o que infelizmente é muito vendido. Trazer notícias que elevem, que mostrem que a bondade e o amor existem, seria de importância fundamental.

Falamos que o mundo está cada vez pior, mas se isso fosse verdade, já não estaríamos aqui, pois a maldade já teria desencadeado o final de tudo. Vivemos sim alternâncias, onde o amor e a bondade humana prevalecem, embora acuados e envergonhados. As pessoas sentem vergonha em dizer que amam, mas se orgulham por manifestar grandiosas paixões.

Os meios de informação têm papel fundamental no que diz respeito a estimular as pessoas a identificar seus verdadeiros sentimentos, explorando menos as emoções. As emoções são a corporificação dos sentimentos. Uma emoção deveria retro-alimentar um sentimento, mas nos dias atuais as pessoas estão se desvinculando de seus sentimentos, agindo e reagindo apenas pelas emoções e com isso, fazendo com que o que existe de mais importante em nós, nossa essência, seja enfraquecida e sufocada.

Somos um todo, indivisível,  mas os chamados do mundo atual enfocam apenas o que é de interesse visual, a beleza física, o vestir-se "gamourosamente", o ter material, e agora, mais que isso, o aparentar. Falaremos disso em outro dia.

Identificar quais são os sentimentos que estão gerando nossas emoções é o que chamamos de auto-conhecimento. É o conheça-se a si mesmo.

           

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