Desafios
Autor Daniel Ferreira Gambera
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/6/2006 2:01:01 PM
A vida necessita se expandir, isso é uma condição natural. A cada dia, mais de nossa divindade necessita se manifestar através de nós e daquilo com que temos contato. A cada momento, o nosso espírito possui o impulso de gerar mais autonomia, mais ordem, mais prosperidade, mais beleza, etc. Mesmo que, às vezes, nos pareça que nossos impulsos são negativos (vão contra a nossa divindade), por trás dessa negatividade creio que haja, na verdade, um impulso positivo que ainda não consegue se manifestar adequadamente.
Uma das formas que vejo a positividade se manifestar em nossas vidas é através dos desafios. Diante dos desafios somos sempre confrontados com a seguinte pergunta básica: “Estou à altura de vencê-lo?”.
O interessante é que, se formos utilizar nossas experiências passadas, nossos conhecimentos e recursos atuais, nossa resposta terá que ser sempre não. Afinal, se já soubéssemos de antemão que temos tudo para resolver determinada questão, ela não se constituiria, então, um desafio, mas apenas uma tarefa.
À luz de nossa memória e de nosso passado, o desafio não pode ser vencido. Sob a luz de nossa imaginação e de nosso desejo, porém, a vitória passa a ser uma possibilidade real.
Assim, talvez, seja o ato de fé em si mesmo e na Vida que nos permita receber os desafios que nos conduzem a um desenvolvimento, a uma expansão e a um aprimoramento que nos levam a manifestar um pouco mais de nossa divindade e, no momento devido, a superar a questão proposta.
Sob certo aspecto, então, ao aceitar um desafio, estamos nos comprometendo com algo que sabemos que não somos capazes de resolver hoje.
Que essas palavras, porém, não sirvam para justificar a irresponsabilidade. Não é por que o desafio se refira a coisas que eu não consigo lidar hoje, mas tenho a expectativa de aprender a lidar amanhã, que qualquer coisa que eu não saiba lidar hoje constitua um desafio legítimo.
Não estou convidando a que fiquemos agindo sem medir nossas capacidades, os riscos a que nos expomos, nem as conseqüências de nossos atos. Isso é necessário. Porém, é importante, também, aprender a ouvir nossa intuição, que nos informa sobre nosso potencial (que é geralmente muito maior do que o que conseguimos perceber) e sobre aquilo que necessitamos.
Uma outra coisa interessante é ver como nossa forma de avaliarmos nossas capacidades está mal orientada. Pelo senso comum, podemos crer que seja mais fácil realizar uma tarefa (que temos certeza de sermos capazes de resolver) que não nos traz nenhum benefício real do que vencer um desafio (que, por definição, possui o fracasso como uma das possibilidades concretas) pelo qual nossa alma anseia.
Após muitas tentativas, minha experiência pessoal me mostrou que a última condição é a que tem mais chance de sucesso. Quando nos acomodamos no conhecido, embora nossa alma clame por uma expansão, começamos a definhar e toda a situação se degrada. Nesse estado até o simples se torna complicado, até o fácil se torna difícil, até o possível não se realiza.
Muitos desafios se apresentam suavemente, se insinuam discretamente em nossas vidas e podemos ou não aceitá-los. Podemos até fazer de conta que não existem. Podemos ou não reconhecê-los. Mas, uma vez reconhecidos, escolhidos e aceitos, temos uma excelente oportunidade para nos permitirmos crescer e aprender com eles.
Porém, quando passamos muito tempo sem escolher os desafios que queremos na vida, chega um ponto em que a Vida nos impõe alguns deles. Esse momento costuma ser sempre muito doloroso, pois é realizado contra nossa vontade. Quando isso acontece, temos dificuldade em perceber que é o Universo ostensivamente nos dizendo que não aceita mais que continuemos manifestando menos do que somos. Ele vem em nosso socorro, para nos libertar do sofrimento que causamos a nós mesmos ao vivermos uma existência menor do que a nossa Vida.
Texto revisado por Cris
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