DESATANDO OS NÓS ESPIRITUAIS - SEM RITUAIS
Autor Paulo Valzacchi
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 27/03/2006 14:22:43
Em uma de nossas instruções maçônicas aprendemos sobre a matéria e o espírito. Os mestres tentavam nos passar a informação sobre como tudo é efêmero e impermanente, e isso me causou um impacto profundo.
Nós acreditamos fielmente que nada de ruim irá acontecer conosco, doenças, problemas financeiros e inclusive a morte. Passamos a vida pensando que somos super-heróis, até que despreparados, passamos por um daqueles momentos difíceis e amargamos em recuar o pensamento de que nada acontece conosco.
A vida é extremamente impermanente. A exemplo disso, às vezes, você conversa com determinada pessoa e daqui a algumas horas ocorre a morte dela. Às vezes estamos brigados com um parente, ressentidos, cheio de mágoas e de repente lá se vai ele... Pessoas morrem de acidentes, infarto, doenças e violência e saem de nossas vidas em questão de segundos, deixando um vazio enorme... Mas na nossa concepção acreditamos que isso aconteça com os outros... e nós?
A lei também se aplica a nós, mas esquecemos disso. A lei da impermanência age constantemente, mudando o nosso universo a cada segundo! Perceba que a qualquer instante, momento, podemos subitamente ser acometidos de uma infelicidade por assim dizer. Quantas pessoas mudaram drasticamente as suas vidas devido a um acidente, um tumor, um derrame, um tiro, ou qualquer coisa do gênero, e nós aqui ainda pensando em coisas tão pequenas, como mágoas, ressentimentos e orgulho.
A vida é como um piscar de olhos: rápida, fugaz, passageira. Se ficarmos aqui discutindo quem tem ou não razão, ela simplesmente escapa de nossas mãos e certamente não chegaremos a um acordo. Sabe aquela pessoa que você não perdoa, aquela que você acredita que lhe fez tanto mal? Pare por um instante e tente a todo custo deixar de lado a justiça e ir ao encontro à possibilidade do perdão. Primeiro dentro de si, depois o realize.
Tive uma paciente que enquanto jovem mal conversava com o pai; nos últimos instantes de sua vida ela não estava presente para apenas dizer um "eu te amo". Uma pessoa rebelde que depois de alguns anos sentiu o peso da perda naquele instante libertador.
Outra paciente me disse da dificuldade de abraçar o seu pai e dizer "eu te amo"; o pai veio a falecer e ela perdeu essa oportunidade.
Abrace seu pai, sua mãe, faça a sua parte. Lembre-se: cada um se expressa de uma maneira diferente, mas faça a sua parte.
Uma jovem, após amargar anos e anos se arrependendo do que fez à sua mãe, em um desses momentos indiscritíveis, chegou até ela, pediu perdão e abraçou-a profundamente dizendo "eu te amo"; a mesma jovem faleceu depois de uma semana em um acidente, mas estava liberta das dores da alma.
A vingança e o orgulho são sombras que nos arrastam para conseqüências terríveis e nos separam de nossa liberdade espiritual. Há alguns anos uma paciente de um hospital no qual trabalhava me contou sua história de vida; uma verdadeira odisséia de amor, desencontros e dor. Falou de seu amor e de seu distanciamento, as raízes da mágoa a tomaram definitivamente; ela amargava o leito do hospital com uma doença terminal. Por incrível que pareça, dias antes de falecer recebeu a visita daquela pessoa tão especial, mas tão distante. Pude observa-los conversando: lágrimas, dor e perdão. Percebi como os laços se desfizeram e sua alma se aliviava; a energia pulsava e os nós se desatavam.
Perguntei a mim mesmo: "Por que não em vida?" Por que esperarmos tanto para solucionar problemas tão pequenos em relação à nossa liberdade espiritual? Por que querer atar-se a pessoas num fluido de negatividade? Por que gerar dor e sofrimento a outros?
A resposta é porque não entendemos o nosso papel diante da vida; não entendemos as leis universais, o quanto tudo é mutável; as coisas se modificam num piscar de olhos; tudo é impermanente, muda com o tempo. Em um segundo estamos aqui, em outro estamos lá.
Sentado sobre os degraus do templo percebi a infinidade da abóbada celeste repleta de estrelas; e do silêncio profundo do ambiente interno e externo, na meditação que se seguia, acalmamos a mente e paramos de falar por dentro. Começamos, então, a ouvir as palavras do Grande Arquiteto do Universo dizendo suavemente para que integrássemos a realização de uma vida cheia de paz, amor, fé e coragem e não de sofrimento, mas que louvássemos tudo aquilo que nos foi dado com tanto amor.
A mensagem havia sido dada. A transitoriedade da vida nos ensina a não pouparmos esforços para a harmonia e a paz. E o agora é o momento precioso para nos despojarmos de todas as asperezas que carregamos. Portanto, pense carinhosamente em promover dentro de você a experiência de transformar o sofrimento em paz espiritual.
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Texto revisado por Cris
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