Descobrindo como dar e receber!
Atualizado dia 8/15/2006 2:24:58 PM em Autoconhecimentopor Paulo Valzacchi
Eduardo é um jovem pai com seus 30 anos, tendo dificuldades em seu relacionamento, tanto como pai, como marido; não sabia mais o que fazer.
As cobranças começaram a ser direcionadas também para seus pais. Ele não conseguia digerir o fato de quando era criança não ter recebido carinho, apoio ou segurança.
Hoje, inseguro e medroso, em relação a tudo, não sabia ao certo como se relacionar com seu filho e sua esposa.
Em uma de nossas conversas ficou claro que toda a cobrança havia sido passada para si mesmo. Ele queria ser perfeito, mas a pressão era tanta que ele deixava de fazer as coisas essenciais e acabava ficando nervoso e agitado, um poço de ansiedade e frustração.
Em meio a uma conversa despretensiosa, surgiu a questão:
- Quais os momentos de sua infância que você mais gostou?
Eduardo lembrou-se do dia em que seu pai o levou a um campo de futebol para brincar de bola, ele tinha seis anos de idade; descreveu-me o cheiro da grama, a tarde maravilhosa, o brilho do sol; o momento em si o marcou profundamente; essa foi uma das poucas vezes que manteve um contato real com seu pai.
Mostrei-lhe, então, como pequenos momentos vividos plenamente têm o poder de marcar a nossa vida. Perguntei-lhe o que estava fazendo para marcar a vida de seu filho.
Certamente em sua cabeça, por alguns segundos ele retrocedeu no tempo e observou-se como pai. Viu seu semblante sempre bravo e exigente; num momento, lágrimas começaram a brotar de seus olhos, o silêncio foi invadido por um breve choro apertado.
Naquele instante, Eduardo percebeu como pequenas situações podem realmente fazer uma grande diferença, transportando-se para o olhar de seu filho e podendo ver o pai que era. Isso o ajudou muito a modificar sua vida em relação aos seus contatos afetivos.
Tive notícias de que suas mudanças fizeram, no geral, uma aproximação maior entre ele, seu filho e sua esposa. Claro que no seu dia-a-dia ele ainda continuava tendo os seus problemas, mas hoje era uma pessoa mais doce, que se envolvia mais com as pequenas coisas.
Assim como Eduardo, Márcia, uma colega, tinha também diversas cobranças com o seu pai. Era a menina do papai até completar 15 anos; parou de sentar em seu colo, brincar... e começou a namorar. A distância foi inevitável. Hoje uma mulher com seus 40 anos, possui uma barreira afetiva neste relacionamento. Não se abraçam como antes e houve um distanciamento; mas o que será que aconteceu?
Na verdade, Márcia se distanciou por achar que o pai não gostava mais dela e preferia seu irmão que, ao começar namorar, foi como se ocorresse uma troca.
Conversando sobre esse aspecto, perguntei-lhe também sobre qual fato em sua infância a marcou mais, em relação ao seu pai. Depois de uma longa descrição, ela começou a perceber a importância de se resgatar aquele vínculo maravilhoso que havia deixado para trás. Sem dúvidas, alguém precisaria dar o primeiro passo e ela então tomou para si a responsabilidade de unir-se novamente.
Tempos depois, aquele rosto de mulher madura parecia mais de uma criança (o que um abraço apertado e um "eu te amo" podem fazer por uma pessoa!) Eu estava simplesmente extasiado com a alegria que partia de seu rosto; era como se uma porta se abrisse rumo à felicidade.
Como Eduardo e Márcia, muitas pessoas constroem muros em volta de suas emoções mais puras, criam exigências, dão margem ao orgulho e se esquecem de sua criança interior; aquela criança, segura, amada e repleta de carinho.
Resgatar esse aspecto de nossa vida e não transferir esses comportamentos aos nossos filhos é uma tarefa gratificante quando vemos os resultados: um abraço apertado, um "eu te amo", deitar a cabeça no colo, dormir com a mãe num tempo de chuva, um presente com amor... São esses gestos maravilhosos que criam uma atmosfera de felicidade em nossas vidas.
Pense sobre isso e faça o que seu coração tem para fazer, deixe fluir o amor e crie sua felicidade interior.
Afinal, você e as pessoas que mais o amam na vida MERECEM!
Dr.Paulo Valzacchi é Biomédico, palestrante e professor especialista em saúde emocional. É autor de uma série de CDs de autoconhecimento.
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Texto revisado por: Cris
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