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DESMITIFICANDO JESUS

Atualizado dia 12/18/2007 11:44:13 AM em Autoconhecimento
por João Carvalho Neto


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A imaturidade humana tem buscado eleger mitos para modelar as perfeições que deseja para si mesmo, sem reconhecer-se capaz de possuí-las. Na infância vemos esta necessidade projetada na figura do pai, o primeiro mito que se elege como símbolo da segurança, da lei e da força que anseia e que sobre ele projeta.

Na história da humanidade os totens, os ídolos de ouro, as imagens santas, ocuparam o papel da paternidade espiritual, sendo os mitos de que a humanidade se serviu e serve para projetar seus anseios de perfeição e santidade. Ou seja, se não posso ser deus, crio um mito para torná-lo meu modelo de adoração, aliviando a angústia da minha limitação.

Os mitos têm ocupado papel fundamental no processo de desenvolvimento humano e social como metas de evolução que se transformam em referência daquilo que desejaríamos ser mas não admitimos poder conseguir. Nesse sentido, se o mito é importante nos estágios mais primitivos da história da humanidade como da vida infantil, se permanece sem solução, quero dizer, sem desmitificação, passa a manter a criatura na condição de seu dependente, incapaz de construir em si mesma a perfeição que idealiza nesse mito, já que ele mesmo, o mito, é para a criatura um objeto inalcançável. Isso significa que enquanto o mito existir, continua justificada a permanência da submissão.

Jesus tem sido um dos maiores mitos da humanidade. De tamanha envergadura que algumas religiões tradicionais o elegem como Deus, expresso na figura de um filho. Ora, é claro que todos somos filhos de Deus, mas a representação que essas religiões fazem de Jesus é de que ele é um filho diferenciado, o próprio Deus.

Concordo que ele é um filho diferenciado, aliás como cada um de nós o é, na sua subjetividade; mas não por ser Deus. Na nossa imaturidade ainda temos uma percepção de Deus antropomórfica, se não mais como um idoso de barbas, mas ao chamá-lo de pai (que é a representação de um papel humano) e ao atribuir-lhe uma função procriativa humana. Talvez coubesse perguntar: e quem seria a mãe? Maria...? Deus fecundou Maria...? Deus é então homem, antropomórfico? Qual a diferença desse Deus para o Deus de Moisés ou para o Deus da Renascença?

Prefiro acreditar em um Poder Criador da vida, causa primária de todas as coisas, impossível de ser percebido na sua complexidade absoluta por aqueles que estão ainda em trânsito na relatividade. E em Jesus como um espírito, como cada um de nós, que está sujeito às leis cósmicas da vida, tendo reencarnado incontáveis vezes para atingir o grau de evolução que, se por um lado o diferencia de nós, também nos coloca à mercê de igualá-lo nos caminhos reencarnatórios que continuarão marcando nossa própria história evolutiva. Com a expressão “Vós sois deuses”, em Jo 10:32, referindo-se aos Salmos, Jesus confirma sua equivalência filial conosco.

Essa desmitificação da figura de Jesus, ao invés de rebaixá-lo da condição de modelo para a humanidade, ao contrário, o faz muito mais factível, ao ser menos divino e mais humano. É o que vem sendo demonstrado pelas mais recentes descobertas no campo da arqueologia.

Com isso vamos deixando de esperar milagres salvacionistas de mitos protetores de nossa fragilidade, para assumirmos a responsabilidade pelas transformações que desejamos em nossos anseios de melhoria e crescimento. Não mais um Jesus que vem nos salvar do mal e de nossas imperfeições, mas um Jesus que vivenciou desafios como os nossos e que nos faz perceber, com sua presença, o quanto podemos fazer por nós mesmos.

Dessa forma, deixaremos a postura de adoração e louvor ao mito, para caminhar ao seu lado, compartilhar com ele as expectativas de renovação da vida ao nosso redor, abandonando a submissão omissa pela responsabilidade ativa.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro “Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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