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DEUS FICA COM O GESTO

Atualizado dia 11/10/2008 16:04:57 em Autoconhecimento
por Isabela Bisconcini


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Tempos atrás li num livro - Comer, Rezar, Amar, de Elisabeth Gilbert, Ed. Objetiva - a descrição de um ritual xamânico da Indonésia, Bali, onde a autora fala que são feitas oferendas que depois são comidas por toda gente: “Essa comida não será desperdiçada; depois da cerimônia da oferenda, sempre é permitido, às famílias balinesas, comer suas próprias oferendas aos deuses já que a oferenda é mais metafísica do que literal. Segundo a visão dos balineses, Deus pega o que pertence a Deus - o gesto - enquanto o homem pega o que pertence ao homem – a comida em si”. Pois bem, o que me interessou e disparou a reflexão foi a distinção importante entre o sutil e o material. Entre a intenção e a materialidade dos fatos.

No Budismo dizemos que a coisa mais importante ao executar uma ação é a nossa motivação para ela. Em seguida, enquanto executamos a ação, ficamos atentos à nossa mente e ao que está passando por ela, lembrando-nos da nossa intenção original da mesma maneira que um foguete corrige a rota ponto a ponto da trajetória, para garantir que não sairá pela tangente no espaço curvo. Ao terminar a ação, dedicamos a energia gerada por ela e, com isso, garantimos que essa energia não se perca; dizemos que dedicar a energia a algo (que pode ser à longa vida de seu mestre, a alguma causa ou a alguém em especial) é como “salvar” um arquivo no computador: se você não nomeá-lo e endereçá-lo, o arquivo será perdido ao se desligar o computador. Pois bem, o que é lindo no texto de Elizabeth Gilbert, é a delicadeza da percepção dos balineses que ela faz o favor de nos contar nesta frase forte: “Deus pega o que pertence a Deus - o gesto - enquanto o homem pega o que pertence ao homem – a comida em si”.

Nossa vida é a história de nossas intenções, a história contínua de nossos gestos. Gestos que imprimimos no espaço de nossas mentes através dos nossos pensamentos, no espaço aéreo através da nossa fala e no espaço de nossas vidas com as atitudes conosco e com todos aqueles que nos cercam. Atitudes (ações) de corpo, palavra e mente: atitudes grosseiras, sutis e muito sutis. A cada momento nos gestos que oferecemos à vida “Deus pega o que pertence a Deus: o gesto”, como a trama de fios de um tapete ou o desenho dele (e é isso que cria o efeito que experimentaremos depois, o ‘karma’ - a palavra ‘karma’ quer dizer ação) e nós saboreamos a experiência: a dor ou o prazer que ela nos traz. Nós a saboreamos como o peso do tapete das experiências de nossas vidas. Tapetes bordados com brocados delicados de amor, ou tachas e pregos de raivas, mágoas e ressentimentos.

Texto revisado por Cris
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Conteúdo desenvolvido por: Isabela Bisconcini   
Isabela Bisconcini é Psicóloga Clínica e Consteladora Sistêmica. Terapeuta EMDR. Terapeuta Floral, Reiki II, NgalSo Chagwang Reiki, AURA-SOMA. Deeksha Giver. Dedicou-se por 25 anos ao estudo da psicologia budista e prática do Budismo Tibetano. Participou do Centro de Dharma da Paz desde 1988, quando Lama Gangchen Rinpoche o fundou.
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