Dificuldades versus vícios.
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 19/08/2013 15:34:49
Dificuldades versus vícios.
Nos dias atuais, o que não nos faltam são contrariedades e dificuldades que, em outras épocas, não se apresentavam da mesma forma. Inseguranças que ameaçam a própria existência, tensões relacionadas à estabilidade, não saber se no dia seguinte haverá trabalho ou dinheiro para saldar a conta que vence ou que até já venceu.Nesse mundo em que o capital financeiro é que prevalece e de que todos correm atrás, mesmo em detrimento de outros valores e interesses, os recursos que chegam à grande maioria é escasso, não suprindo as necessidades ou aspirações das pessoas.
A situação é semelhante para todos. O estresse causado pelas fortes tensões e pressões do dia-a-dia; o empresário que conta com a quitação de uma duplicata por parte de um cliente, a fim de pagar seus empregados e que se frustra por não recebê-la; a fiscalização que já chega intimando e intimidando, ao invés de solicitar o que deseja averiguar; a dona de casa que não pode fazer o prato que planejou para um almoço especial, pois o cheque não está liberado no banco e não dá para comprar os ingredientes extras; os telefonemas de cobranças e avisos de cortes dos serviços por falta de pagamento; o escritório de cobrança ameaçando tomar o bem, caso a parcela em atraso não seja quitada.
Mas há outros fatores que se somam aos citados acima, e muito mais graves: a escassez de recursos para tratar da doença do filho, do pai, do cônjuge, ou de outro ente querido; o atendimento médico que deixou a desejar; o consolo espiritual não encontrado no momento de desespero, a falta de uma palavra amiga, que às vezes é substituída por frases feitas do tipo: "você mesmo procurou por isso" ou "não se preocupe, tudo há de passar, ore bastante". A fé é muito importante, mas não se pode esperar que as coisas simplesmente aconteçam, independentemente da ação.
Nesse estado de tensão contínuo, os vícios são as primeiras válvulas de escape que surgem e pelas quais as pessoas se deixam levar. Drogas que dopam, que alteram o estado de consciência, propiciando assim uma falsa sensação de alívio, de liberdade, de que tudo está tão mais distante e, portanto, tão mais fácil de suportar. Mas há o retorno, a volta ao estado de consciência normal. E os problemas continuam todos ali, à sua frente e, pior, ampliados, pois sempre que se utiliza desses recursos temporários de alívio, o enfraquecimento da vontade se intensifica. E enfrentar o problema torna-se cada vez mais difícil.
A ressaca provocada pelo "porre" tomado no dia anterior exemplifica bem o que exponho aqui. A pessoa sente seu organismo enfraquecido e ficar deitado é a melhor opção para se recuperar, sente tremedeiras e mal consegue segurar um objeto, tamanha é a fraqueza. Imaginem este estado agravado pelo acúmulo e pela repetição constante do mecanismo de "fuga", qualquer que seja ele: álcool, drogas (maconha, cocaína, heroína) ou mesmo drogas medicamentosas, excesso ou falta de alimentação, pois a pessoa perde totalmente o apetite, ações compulsivas, inflexibilidade para encarar determinadas situações, enfim, todas elas são tentativas de se aliviar as pressões.
Tantas doenças e mal-estar. A somatização causada pela pressão interna. Vocês não imaginam o número de pessoas que ficam doentes por fugirem dos problemas. Vocês querem mais do que um motivo justo que seja estar impedido pela doença física de se resolver algo? É um recurso inconsciente muito mais usado do que se imagina. Nossa mente é o que mais desafia e surpreende a ciência e, portanto, a nós mesmos, seres humanos.
Quando entendermos que a maior parte das pressões que permitimos que sejam exercidas sobre nós só estão sendo possíveis de ocorrer por causa da forma que encaramos as dificuldades, elas deixarão de existir e então poderemos dedicar muito mais atenção e energia canalizadas à real solução dos problemas.
Quem recorre ao vício e usa como justificativa as dificuldades, é porque não quer ainda deixa-lo, pois as dificuldades nunca deixarão de existir.
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