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Dizem que sou cruel

Atualizado dia 2/3/2008 7:05:54 PM em Autoconhecimento
por Sônia Vianna


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Dizem que sou cruel,
Que eu não penso nos que ficam,
Que não aviso com antecedência
E que não dou segundas chances;
Pensamentos egoístas e ignorantes dos que me julgam,
Só pensam em si...
O que seria pensar nos que ficam?
Como seria se eu avisasse com antecedência?
Porque pensam que eu não dou segunda chance?
Não imaginam quantas chances desperdiçaram...
Não vou ao trabalho sorrindo ironicamente, como dizem...
Tampouco chorando, me arrependendo ou coisa parecida...
Cumpro com minha tarefa, conforme combinado,
Nada sobre a vida de alguém é feito sem que esse alguém permita,
Ou já se esqueceram do livre arbítrio?
Além de se esquecerem de todo o trato feito antes...
Decerto esqueceram, também faz parte do trato.
Por isso os perdoou pelos maus julgamentos, compreendo.
Mas hoje em dia, já há tantos com maior consciência
Que eu esperava ao menos destes, maior consideração,
Mas mesmos estes, se eu vou acompanhar um filho seu...
Esquecem toda consciência que tem de si mesmos e me odeiam...
E ainda dizem que é por amor que se desesperam...
Confundem amor com egoísmo, santa ignorância! No bom sentido.
Mas quando chega sua hora e eu os acompanho,
Que felicidade!
Celebram a luz, relembram seus tratos e muitas vezes se envergonham,
Começam as lamentações, muitos se revoltam e muitos seguem felizes seguindo a luz.
Tão amado é o caminho de luz...
E esquecidos os desesperos vividos na ignorância,
Começam os novos planos até que começa a nova contagem,
Um, dois, três... nove meses e tudo recomeça.
E voltam a se esquecer de mim,
E também voltam a me tratar com arrogância,
Culpando-me, me condenando, isso sem levar em conta
Que quando vou buscá-los vou atendendo ao seu próprio pedido,
Pois me chamam quando correm na estrada,
Quando bebem, quando fumam, quando adoecem,
Ou simplesmente quando desistem de viver.
Tudo é uma questão de escolha e cada um com a sua escolha.
Dizem que sou cruel, mas sou amável...
Dizem que sou implacável, mas é um fato, todos querem partir.
E sou eu quem realiza seus desejos, e no fim, todos aceitam.
E tudo recomeça ao nascerem outra vez!
Mas, compreendo quando me chamam de Dona Morte,
Poucos sabem que sou a justiça esperada por todos,
Eu sou o início da vida nova, o que todos mais desejam,
Se eu os pudesse aconselhar, diria:
“Cuidem-se, pois assim Deus estará cuidando de vocês conforme seu desejo
E quando eu chegar, não tenham medo, confiem em mim!”

Sônia Vianna
Escritora e tradutora, autora do livro “Detalhes” (filosofia espiritual), participou da antologia poética “Palavras de Amor” e da antologia de contos “Elo de Palavras”.
Pesquisadora das religiões sempre em busca de um entendimento maior de Deus.

Texto revisado por Cris

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