Dois Tetos para um Casal
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Autor Nicolette Lacerda Soares
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/8/2006 6:19:07 PM
A humanidade está passando por um grande salto evolutivo em que saímos da dualidade, onde as coisas são “ou isso ou aquilo”, para “novas soluções para novos desafios”.
Temos que dar graças por viver numa época de mudanças tão velozes.
Estamos nos movimentando de uma realidade para outra. Este é um evento monumental e surpreendente.
Surgem então, aos nossos olhos, o Novo Homem e a Nova Mulher, que não se espelham em velhos modelos, ou arquétipos gregos ou jungianos, mas criam a cada momento, um novo modo de vida, difícil, mas que tem os seus encantos.
Trabalho, sucesso e realização profissional longe de casa.
Se, por um lado, a globalização diminui o número de empregos existentes no século passado, por outro, acelerou o sucesso da terceirização e da flexibilização.
O fantasma do desemprego leva ao fato de que muitos aceitem se afastar do seu domicílio e se instalar em outro lugar, e até mesmo viverem separados de seus cônjuges.
As alternativas, promoções e excelentes possibilidades de trabalho surgem, muitas vezes, em inúmeros lugares do planeta.
A insaciável procura de melhores condições de vida pode também levar ao celibato geográfico. Atualmente, 720.000 pessoas têm, na França, um emprego fora da sua região de residência.
Sensível ao aumento dessa tendência, o Ministro da Economia e Finanças, Thierry Breton, anunciou novas medidas para estimular a mobilidade dos desempregados. Um crédito, em impostos, de 1.500 Euro beneficiará os que aceitarem mudar para outras regiões.
As crenças, muitas vezes, são teorias que não se confirmam na prática.
São muito antigas e estão muito arraigadas.
1ª crença:
quem casa deve compartilhar tudo, o bom e o ruim.
Casais que optaram pela distância para uma melhor qualidade de vida, dizem que o relacionamento é de melhor qualidade quando não se emaranha com as tensões do cotidiano.
2ª crença:
a gente se casa para viver junto.
Mesmo quando a escolha de viver à distância é obrigatória, os casais não experimentam necessariamente dificuldades devido a esse distanciamento, pelo contrário!
Hoje em dia, cada um quer viver em seu próprio ritmo.
Ora, é precisamente isso que o casamento proíbe, pois impõe a necessidade de considerar o ritmo do outro.
O pensamento dual quer tudo, e duas coisas contrárias. Quer ser casal, permanecendo si próprio. Isso exige muita reflexão interior.
Para satisfazer suas necessidades de respiração pessoal, alguns multiplicam suas atividades extraconjugais – esportes, saídas entre amigos – outros chegam até a residências separadas. Nesse caso não existe o argumento profissional.
3ª crença:
se a gente não vive junto, o casamento acaba.
Alguns casais sentem que o distanciamento permite o desabrochar tanto da vida profissional, como do próprio casamento. A distância traria prazer e frescor ao reencontro.
Essa construção leva tempo e a necessidade de compromisso e concessões, mas permite que o casamento perdure.
Alguns casais tomam gosto por essa liberdade e pelas vantagens que a vida à distância oferece. Longe do cotidiano, os apaixonados parecem não se cansar, e o sentimento de saudade se intensifica. O desejo permanece intacto e a alegria do reencontro se renova.
Enquanto os observadores, presos ao pensamento dual, pensam que alguém foi enganado, que os dois estão perdidos, nada disso é verdade.
Mas atenção! O distanciamento geográfico é o amplificador do verdadeiro estado das relações do casal, que pode se estreitar ou se distender, pois a distância cria a distância.
Como conseqüência da dupla residência, muitas vezes, o que fica sente um sentimento de abandono, enquanto o que parte se sente livre e independente. Quando o desejo pela individualidade é grande demais em relação ao desejo de viver casado, a separação pode criar um pretexto inconfessado de duas existências paralelas, correndo o risco de levar à ruptura.
Uma vez a independência reconquistada, existe o risco de esquecer que não se é realmente solteiro(a). Deixado(a) livre pela distância, há oportunidades para novos encontros, a mentira se torna mais confortável, e o terreno é novamente propício a uma vida dupla.
Evidentemente a distância não rima obrigatoriamente com a infidelidade, mas como nos casais clássicos, a felicidade é uma mistura sutil de vontade, compromisso, confiança e principalmente de amor.
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Nicolette Lacerda, Física , Humanista e Astróloga, EFT Practitioner (Emotional Freedom Techniques). Especialista na utilização da “Palavra” como Instrumento de Transformação. Facilitadora de conciliação e de cura interior. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |