É preciso morrer antes de morrer!

Entender que Deus está cuidando de tudo é o que significa entrega. Deixe o corpo, a mente, as emoções, deixe tudo a cargo de Deus. Ele sabe exatamente o que fazer. Ele nunca erra, e a sua condução é perfeita, pois é a ação da própria Perfeição Divina que está em curso. Como pode um ser perfeito fazer escolhas imperfeitas? Como pode o Supremo cometer equívocos? Não estaríamos com medo de entregar a condução de nossas vidas a Ele por falta de fé? Não seria isso, de fato, uma prova da nossa incredulidade?

Veja o nosso corpo: ele cria sudorese quando está calor para se refrigerar e contrai os vasos sanguíneos quando está frio para se aquecer, tudo isso sem a nossa participação. Por que nos preocupamos tanto em controlá-lo? Já não está claro que a própria Natureza está no controle?

Quando vamos perceber que nós só atrapalhamos? Quando iremos entender que toda ação nesse mundo provoca reação e tudo gera carma? Quando, finalmente, aprenderemos a agir pelo não-agir?

A realização acontece quando permanecemos em Deus, quando confiamos, quando entregamos, quando nos rendemos, quando perdemos o interesse pelo corpo, pelo mundo, por Mamom. Enquanto estivermos encantados como o mundo, continuaremos sendo sugados para as profundezas de Maya. É preciso morrer antes de morrer!

Se a nossa fé tivesse o tamanho de um grão de mostarda, poderíamos remover montanhas. Não foi isso que disse o Nazareno?

Enquanto não nos desapegarmos de tudo e não perdermos o interesse pelo personagem e pelo passado que arrastamos, continuaremos escravos dessa identificação. Enquanto tivermos medo de nos jogar no vazio, continuaremos engaiolados em crenças e regidos por conceitos. Desta forma, jamais aprenderemos a voar.

A entrega absoluta é um ato de fé; é preciso ter coragem para despertar, é preciso estar pronto para renunciar a si mesmo e deixar que o Universo assuma o controle. Enquanto estivermos tentando realizar esse eu imaginário, que é apenas um personagem de uma trama mental, continuaremos na escuridão, presos na dualidade, vivendo de forma pendular.

Aquele que consegue realizar a sua Verdadeira Natureza e se manter fixo no Supremo apazigua a sua mente, aquieta as suas paixões e se livra do carma. Então, alcança a mais elevada felicidade transcendental (Gita 6-27).