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Educando sistemicamente o filho

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Autor Theresa Spyra

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 7/16/2008 8:34:43 PM


O Brasil é um país fascinante pela quantidade de raças que habitam este território e, conseqüentemente, pela quantidade de hábitos culturais diversos que convivem ao mesmo tempo. É um país novo, diferente da minha terra, a Alemanha, que já possui uma formação étnica muito mais antiga e menos miscigenada. Por que estou dizendo isso e o que tem a ver esse papo com a educação do seu filho ou a educação que você recebeu dos seus pais? O que quero dizer é que povos diferentes possuem hábitos diferentes e, portanto, educam os filhos de forma diferente. O alemães eram, até algumas décadas atrás, tradicionalmente rígidos e econômicos. Para um povo cuja terra não é tão produtiva, destruído por sucessivas guerras, e com sangue bárbaro nas veias, acho que a rigidez é compreensível. O povo japonês, que aprendi a conhecer e admirar aqui no Brasil, também é rígido, mas de outra forma. São mais calados, mais fechados, menos apegados a afagos. Conheci alguns filhos de imigrantes portugueses, e percebi neles uma grande vontade de prosperar: são econômicos, trabalham muito, e a mãe possui um lugar especial no “altar” familiar. Os italianos parecem mais falantes, mais festeiros e também brigam entre si com mais freqüência, para depois, tudo “acabar em pizza”, como dizem...
É lógico que tudo isso que escrevo são generalizações. Mas falo isso porque muitas vezes o brasileiro não consegue se identificar com a tradição cultural das suas origens, e de certa forma com justificativas, já que o vizinho é completamente diferente, e o colega de escola é completamente diferente de ambos. Acaba ficando a idéia de que sempre a educação do colega é melhor que a própria, que os pais do amigo é melhor, que o outro teve mais sorte de ter nascido numa família assim ou assado.
Trabalho com constelação familiar sistêmica, uma terapia que demonstra que os vínculos familiares são indissolúveis. Lógico que quem nasce no Brasil é brasileiro, mas é também a origem dos seus antepassados. Ao não respeitar as heranças culturais e, principalmente, reverenciar ao pai e à mãe, da forma como eles foram, ou deixaram de ser, provoca-se uma “dor emocional” que enquanto não vista, prossegue de geração em geração, gerando conflitos, crises nos relacionamentos, entre outros sintomas.
O filho que não acatou a educação que recebeu, também não sabe como educar os próprios filhos. Acho que isso é óbvio. Tenta-se “consertar” a educação “errada” dos pais e, para compensar, faz tudo ao contrário, dá toda a liberdade que não recebeu, ou então prende o filho por ter sido livre demais...
É importante diferenciar. A educação que passamos aos nossos filhos tem muito mais um cunho pedagógico do que emocional. Isso quer dizer que queremos ensinar aos nossos filhos como se comportarem dentro do sistema social, como respeitar as regras que existem e, através disso, acreditamos que eles serão felizes. Porém, a constelação familiar sistêmica demonstra que isso não adianta: educar pedagogicamente só transforma alguém em cumpridor das regras sociais.

A educação sistêmica

Acredito que cada pai e cada mãe saiba exatamente quais regras deseja que o filho cumpra ou deixe de cumprir. Isto faz parte das crenças de cada um: uns mais liberais, outros menos, uns conservadores, outros progressistas e outros até transgressores. Todo pai e mãe tem direito a ensinar as regras que desejarem. Porém, o que estou dizendo aqui são de regras sistêmicas, que não obedecem às regras sociais, mas sim, às emoções envolvidas na família.
Dentro do sistema familiar, os pais são sempre os grandes, e os filhos, pequenos. Por dois motivos: o primeiro, óbvio, é que os pais vieram primeiro. O segundo, importantíssimo, é que os filhos receberam dos pais aquilo que há de mais precioso na face da Terra, para ele: a vida. Sem os pais, ele simplesmente seria um zero à esquerda. Portanto, por menos educação que o pai e a mãe tenha dado, eles já deram o melhor ao filho. Mesmo que tenha havido conflitos, mágoas, dores, o filho deve simplesmente aceitar.
Sei que isso é difícil: quase todos que recebo em consultório tem mágoas dos pais, muitas vezes com razão. A questão não é se é justa ou não a mágoa. A questão é que, se o cliente deseja melhorar dos seus problemas, deve trabalhar esta dor interior, parar de carregar problemas que eram dos pais e, a partir de si, passar para os filhos o que de melhor possuir, respeitando a ordem sistêmica. Por isso, nossos filhos não tem o menor direito de mandar em nós como pais, e nós, como filhos, não possuímos o menor direito de mandar nos pais.
As famílias latinas principalmente possuem o hábito cultural de interferirem um na vida do outro até a velhice, e isso, sistemicamente, causa o que chamamos de emaranhamentos, quando os limites de cada um não são mais respeitados.
Da mesma forma que um filho adulto não manda na vida dos pais, os pais também não mandam na vida do filho adulto. É necessário colocar-se um muro de respeito e dignidade. Para quê? Como disse, se existe um problema, resolve-se ele com esta postura.

Sistema familiar harmonizado

Uma pessoa só consegue estar bem quando o seu sistema familiar também está harmonizado. É muita pretensão achar que nós, como seres humanos, temos o poder de, através da nossa intervenção, levar a felicidade para o outro, mesmo sendo o nosso próprio filho. O sistema familiar é maior que todos. As dores e mágoas que ocorreram dentro deste sistema devem ser vistas, aceitas, e deixadas a quem de direito pertencem. É importante dizer que, também, as alegrias, conquistas que estão dentro do sistema familiar também faz parte de todos os membros deste sistema, e quando o sitema está harmonizado, não há nada escondido, as relações são sinceras e os espaços são respeitados, esta harmonia também flui pelos descendentes. Portanto, não somos nós, como indivíduos, que podemos levar a felicidade a alguém. A nossa parte é reverenciar aos nossos pais como eles foram, colocar os filhos no devido lugar, como pequenos, soltá-los quando estiverem adultos e somente assim o amor verdadeiro poderá fluir através dos vínculos familiares. Não haverão mais cobranças, as mágoas serão coisas do passado, existirá o respeito entre todos, cada membro terá auto-confiança suficiente para alçar vôo solo, quando os filhos se casarem não procurarão buscar nos cônjuges muletas que sustentem o “buraco” que sentem dos próprios pais, enfim, o sistema familiar estará reequilibrado.
E quanto às regras sociais, como ensiná-las? Bem, escolha as que mais lhe agradar. Mas tenha certeza de que a felicidade não está nas regras sociais, mas sim nas emoções que existem claras ou escondidas dentro dos relacionamentos familiares. Se são emoções positivas, existirá harmonia. Se não são, você poderá harmonizar-se com elas, e pelo menos você estará livre das influências pesadas que as emoções negativas carregam. Ou seja, você poderá ser feliz, apesar de tudo...

Theresa Spyra
Consultora e facilitadora de Constelação Familiar Sistêmica


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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Theresa Spyra   
Theresa Spyra é alemã, trainer e terapeuta com especialização em constelação sistêmica familiar, organizacional e estrutural. Estudou com a também alemã Mimansa Erika Farny, pioneira na introdução do método sistêmico de Bert Hellinger no Brasil, e aprofundou-se nos sistemas estruturais e organizacionais, com estudos no Brasil, Alemanha e Suíça
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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