Em que Pé Está a Sua Casa Interna?
Autor Isabela Bisconcini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/23/2009 9:50:53 PM
Quando a personalidade é arejada e as emoções circulam o ser é saudável.
Um ser é como uma casa. Não é à toa que Jung construiu sua casa em pedra - Bollingen - ao longo de muitos e muitos anos, ampliando-a e reformando-a continuamente à medida que descobria novas partes de si mesmo, concretizando fora, como símbolo, o que realizava dentro de si. Ele dizia que Bollingen era a expressão concreta do seu Self.
Estive numa celebração e, ao mesmo tempo roda de cura, de uma querida curadora que acabou a construção de sua casa e abriu-a para receber os amigos. Era seu aniversário e ao mesmo tempo o nascimento deste seu espaço. Então, com muita alegria fomos celebrar a realização de um sonho!
A casa é toda clara, toda ventilada, batendo sol por todos os lados e tudo se comunica com tudo. Não há arestas propositalmente, e o sinuoso e as linhas curvas intencionalmente compõem caminhos na casa. Não há partes esquecidas ou truncadas. Não há empecilhos e a energia circula por todo o espaço. Há uma vista linda de onde se vê a chuva chegar ao longe e é possível se orientar pelas direções norte, sul, leste oeste. Morada de curador! Tudo pensado para ser um espaço curativo! Há uma sensação de acolhimento e aconchego, e ao mesmo tempo de amplitude e espaço; fazendo movimentos de contração e de expansão.
A casa como metáfora do Ser, de construir-se, descobrir-se ou reformar-se (transformar-se) é perfeita: uma personalidade quando saudável, quando em processo de crescimento e evolução tem espaço de circulação para todos os conteúdos, ela tem movimento. Não há conteúdos apartados e isolados, e tudo comunica com o centro. Há um eixo, que serve de orientação e as partes deixam-se ver no detalhe, de todos os ângulos se enxerga o outro lado. Isso não quer dizer devassidão, mas permeabilidade. Há recolhimento quando desejado (é só fecharmos a porta), mas os conteúdos não ficam cindidos, apartados. Há um ponto no centro de onde se vê o que gira em volta, conseqüentemente há comunicação. Há FLUXO, movimento e circulação. Dá para entender o que o Feng Shui quer dizer com circulação de energia nos espaços que habitamos? Afinal o que projetamos na forma, modelando espaços, é apenas o jeito como funcionamos e como somos por dentro.
Moldamos o espaço com nossa dinâmica interna.
Uma personalidade quando saudável encontra calor para se nutrir por dentro e ela deixa entrar a luz do sol!
Numa personalidade saudável o passado passou e o presente é o que interessa.
Quanto tempo remoemos histórias antigas criando estruturas fixas e repetindo-as? Isso equivale a isolarmos um cômodo da casa que pára de se comunicar com o resto, com o todo da casa. Ele fica fechado, abafado, não entra luz e pode dar umidade. Começa a criar mofo. Quando estas estruturas ficam tão fixas e rígidas que nos impossibilitam ver o presente, estamos neuróticos. Onde há neurose não enxergamos o que está na nossa frente, só lidamos com a história da nossa cabeça. Freqüentemente esta história começou com um segredo, uma dor não compartilhada, ou esquecida - é como começamos a isolar o nosso cômodo interno. Rompemos a comunicação conosco mesmos! É realmente um perigo não sabermos o que temos dentro de um cômodo fechado! Ele acaba virando um ‘incômodo’!!! Pode virar doença.
Por outro lado, na personalidade saudável há espaço e há pouco peso (há consistência, mas não peso). E numa personalidade em processo de crescimento a visão é multifacetada: se se olha de um ângulo se tem uma bela vista, se se olha de outro, há outra vista, diferente, mas também curiosa. É essa riqueza que faz aquele ser interessante e dá profundidade a qualquer tema. É como um caleidoscópio. A pessoa é capaz de movimentar-se dentro de si, enxergando sempre uma nova possibilidade, um novo ângulo.
Nossa casa interna é como uma mandala: circular, o que quer dizer que todas as partes têm a mesma distância do centro. Todas elas são importantes, não há uma parte mais importante que outra. Todas as partes respondem a este centro e se orientam por ele: do centro se olha e se enxerga tudo. Não há partes isoladas. Há fluxo, há espaço e ela deve ser permeável à luz. Por ela passa luz. Circula luz!!
E o mais importante: o que interessa é o processo de construção, reforma e/ou ampliação interna!
Avaliação: 5 | Votos: 15
Isabela Bisconcini é Psicóloga Clínica e Consteladora Sistêmica. Terapeuta EMDR. Terapeuta Floral, Reiki II, NgalSo Chagwang Reiki, AURA-SOMA. Deeksha Giver. Dedicou-se por 25 anos ao estudo da psicologia budista e prática do Budismo Tibetano. Participou do Centro de Dharma da Paz desde 1988, quando Lama Gangchen Rinpoche o fundou. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
