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EMOÇÕES E ESPIRITUALIDADE - II

Atualizado dia 05/07/2006 18:13:15 em Autoconhecimento
por Eda Cecíllia Marini


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Voltando a falar da espiritualidade das emoções, mister se faz reafirmar que a finalidade destas reflexões é colaborar com cada leitor no seu esclarecimento pessoal e na organização de sua consciência durante o processo de desenvolvimento interno.

O dicionário nos diz que “emoção” é palavra formada pelas partes e = para fora e moção = movimentação. Portanto, emoção é algo em movimento de exteriorização, de manifestação. Mas, o que está sendo exteriorizado, se deslocando para fora? Algo muito pessoal, muito forte e profundo, cheio de ação e coloração própria: o sentimento, definido como o efeito e a capacidade de sentir-se frente a estímulos sensoriais. E o que é sentir? É a percepção dos movimentos internos, a reação às motivações sejam elas internas ou externas; é divisar esta reação na mente e no corpo com pensamentos, idéias e sensações corporais (frio, calor, tremor, prazer), respostas que levam a impulsos de ação.Portanto, conclui-se que as emoções são o meio pelo qual o ser expressa suas percepções e sensações, as quais têm uma função básica, definida, nobre e importante, como tudo o que foi criado no universo pela Inteligência Suprema.

Há muito tempo, através de experiências no cérebro e no sistema nervoso, a ciência tenta achar e provar como e onde se originam as emoções. O funcionamento da química e da circulação dos impulsos elétricos no processo de condução assim como o impacto desta energia resultante sobre determinadas áreas do cérebro já estão comprovadas. Mas, o detonador ainda é energético – não condensado – portanto, ainda imponderável e imensurável pelos métodos convencionais. Ainda mais: é algo extremamente singular e especial, definido pelas peculiaridades de cada indivíduo, de acordo com as particularidades de sua vivência, portanto proveniente de sua essência primordial. É energia pura.

No nosso pensamento ocidental extremamente racional não temos como medir, cortar e pesar concretamente esta energia que, então, passa a ser definida do ponto de vista de ‘bem ou mal’, conforme o produto final. É mais fácil rotular do que entender e conscientizar. Sentir não implica obrigatoriamente em liberar de forma adoidada todas as sensações e impulsos: uma coisa é expressar com consciência. Outra é dar uma de psicopata. Mesmo porque é preciso não cair no ciclo agressividade-culpa. Sentir é perceber os movimentos internos e sua força, orientando os fluxos da energia de forma a expressá-los adequadamente, sem agredir a si próprio ou a outrem.

Em nossa busca de autoconhecimento deparamos com diferentes sentimentos e emoções que muitas vezes não sabíamos serem tão fortes e presentes em nós. Assustamo-nos ao perceber o quanto estão escondidos, o seu peso e sua força. O ego fala mais alto e brota a culpa, num processo de auto-julgamento e condenação definitiva. Então, na condenação, reprimimos e até suprimimos. Mas, ao fazer isto estamos condenando, reprimindo e suprimindo o fluxo da vida em nós. É preciso encarar sem condenar para poder separar o joio do trigo, deixando de lado o que não serve mais, o que machuca, transformando em algo prazeiroso e realizador.

Alexander Lowen, numa definição cheia de humildade e modéstia, define: “Ser é quando conheço e aceito meus sentimentos”.

Um exemplo real e sempre presente: como expressar a raiva de modo construtivo? A emoção da raiva é parte da “agressividade” = mover para frente, oposto de “regressão” = mover para trás. O uso correto da raiva e da agressividade evita a formação do ódio ou de uma eterna vítima, do “coitadinho”, e consequentemente, de um corpo energeticamente bloqueado, muitas vezes com tensões crônicas, doenças com sintomas inexplicáveis e diagnósticos indefinidos, depressão, medo, dores ósseas e musculares, etc. E o pior: tais bloqueios podem impedir também que outros sentimentos não sejam detectados, se a pessoa não estiver conectada em seu corpo.

A liberação de raivas crônicas reprimidas através da terapia faz com que o indivíduo se torne capaz de expressar sua raiva adequadamente ao momento presente e não aproveitando qualquer ocasião para descarregar emoções antigas que nada têm a ver com o momento presente. Entende-se o passado – este não pode ser mudado mas pode ser entendido – e a pessoa se liberta, fazendo assim, com que o corpo recupere a maleabilidade e espontaneidade da expressão. A terapia corporal é poderosa ferramenta para expressar a raiva e entendê-la, em pleno processo de metamorfose.

Uma das formas de usar a força da raiva, educando-a, é usar sua força para transformá-la em coragem. Coragem de dizer não, de pedir aumento, de fazer uma dieta, de criar, de amar, de conhecer-se melhor, de se aceitar, de se expor, de enfrentar frustrações, de defender uma idéia, de pôr um plano em ação, de viajar sozinho, de se sustentar, de ter intimidade, de se relacionar com outros, etc, etc e por aí afora, no desafios do dia-a-dia.

Coragem é a propriedade exclusiva do ser humano, pois é força dirigida – pela razão e pelo coração – e não instintiva. Por isso, somos responsáveis pelo nosso crescimento e não só meros espectadores. Raiva positivada é consciência. É investimento em si próprio. É força e energia divinas em ação. Nosso processo de desenvolvimento consiste em organizar nossa consciência através do autoconhecimento e autoaceitação madura – natural, modesta e sem pretensão – simplificando a busca da integração individual, no pessoal e no social porque o homem não é um ser isolado. A raiva e a agressividade são partes importantes neste processo.

Desenvolvimento é contato íntimo com nossos opostos, é comunhão com a força interior e assim com a Força Maior que deu origem a tudo. É integração e realização, recuperando a alegria de viver. É ser divino no humano.

Paz e Luz.

Texto revisado por Cris

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