ENCANTADORA DE BALEIAS



Autor Hellen Katiuscia de Sá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/29/2005 6:29:10 PM
É um filme (neo-zelandês, de 2002) que retrata as tradições da tribo Maori, tendo como pano de fundo as relações humanas entre o avô, o filho e a neta. A história se passa numa pequena aldeia situada na costa da Nova Zelândia. O enredo gira em torno do sucessor da tribo. Segundo uma fábula Maori, o lendário Domador de Baleias chamado Paikea chegou nas costas de uma baleia encantada, onde nos dias atuais está situada a aldeia. Paikea foi o primeiro líder e fundador da tribo. E descende dele a linhagem dos líderes do povo Maori.
Nos dias atuais, a nova geração de maoris está distanciada de seus costumes milenares, precisando o atual chefe - Koro - “reconhecer” urgentemente em sua família o Grande Líder, que irá sucede-lo. A esposa de seu filho mais velho dá à luz a gêmeos (um menino e uma menina). Para desespero de Koro o menino morre no parto, levando consigo a mãe. Sobrevive somente a menina, sendo admirada e desprezada ao mesmo tempo pelo avô, pois meninas não servem para o cargo de Grande Líder e Koro se sente culpado por amar sua neta.
Seu filho mais velho - Porourang - torna-se artista plástico e não se encaixa no cargo de Grande Líder da tribo. E desafiando o pai batiza a menina que sobreviveu com o nome de Paikea e parte para a Europa, visando consolidar sua carreira, deixando a filha a cargo dos avós.
Onze anos depois Porourang retorna à tribo e verifica que a relação entre ele e seu pai e entre a menina Paikea e o avô é bastante delicada. Fica sabendo da busca desesperada de Koro pelo seu sucessor. Mesmo saindo da linhagem familiar, torna-se urgente encontrar o Grande Líder, com pulso forte e sabedoria para manter viva a cultura Maori.
Koro decide juntar todos os meninos da tribo para ensinar as tradições de seu povo e fazer um teste final de coragem e percepção objetivando encontrar dentre eles aquele que seria o Grande Líder. E nessa sofreguidão não percebe os sinais de que sua netinha, a pequena Paikea, é a líder nata que ele tanto procura, proibindo-a de participar dos ensinamentos.
Pai é uma menina diferente das outras: é forte, esperta, inteligente, dotada de sabedoria e adora o avô. Muitas vezes chora porque Koro a menospreza por ser menina; ele acha que ela não é capaz nem digna de aprender as tradições para liderar seu povo. Decide por conta própria desafiar o avô e aprender, às escondidas, todo ensinamento que Koro está repassando aos meninos da tribo.
Nenhum dos garotos passa no teste final. Koro cai em depressão e as baleias invadem a costa para que o último sinal seja observado por Koro: que ele estaria matando a Grande Líder que fora enviada à tribo. A menina Pai se aproxima da baleia líder e a encanta, subindo em seu lombo, recriando a famosa cena de seu antepassado. E a baleia desencalha da praia, levando Paikea consigo.
E quando Koro percebe que sua netinha é a Grande Líder enviada pelas baleias e que também foi consagrada pois passou no teste a que ele próprio submeteu todos os meninos da tribo, ela está prestes a ir embora para o fundo do mar... Koro, enfim, compreende que sua inflexibilidade, intolerância, insensibilidade e incapacidade de ouvir o que sua netinha tinha a dizer-lhe, tornou-o cego para os sinais escancarados à sua frente, apontando que Paikea era a guia de seu povo.
A menina é, então, tragada pelo fundo do mar como uma franca lição de que todos nós devemos ser mais flexíveis perante os fatos que se desenrolam aos nossos olhos, antes que a nossa grande chance vá por água abaixo...
Saber ouvir o outro; o que ele tem a nos dizer; atentarmos para as famosas “coincidências”; e não, acharmos que sabemos de tudo e que nada mais poderá mudar aquilo que decidimos para nossa vida, é uma forma de estarmos abertos ao novo, de estarmos receptivos à vinda daquilo que muitas vezes pedimos em orações e buscamos incessantemente pela vida inteira.
A saga da menina Paikea não termina com ela no fundo do mar, mas poderia ser assim. Mesmo com tudo indo contra ela nunca abandona aquilo em que acredita, nem mesmo por causa da inflexibilidade de seu avô, porque além de ser sábia, era forte e decidida a ir ao encontro de seu destino, independentemente de seu caminho parecer fechado. Paikea ainda nos deixa uma frase de perseverança e de esperança pela vida: “Meu irmão gêmeo morreu, mas eu não...”
Helen Katiuscia de Sá
29 de agosto de 2005
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 7




Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |