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Encontros e desencontros do Caminho - Capítulo 9 - 2a. parte

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Autor Fernando Tibiriçá

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 2/4/2006 8:35:44 PM


Convivendo com vários povos no caminho, dá para perceber que a globalização leva a isso. Infelizmente. Mas é o caminho.
De Atapuerca à Burgos era uma boa levada. Fui em frente, subi uma montanha todo inspirado e cheguei ao final. Havia passado por pedras, árvores, arbustos e terminei diante de uma cruz. O sol batendo por trás formava uma imagem maravilhosa. Fiz orações e agradecimentos, olhei para a frente e vi um descampado imenso, nenhuma árvore, nenhuma sombra e uma trilha não sinalizada. Segui enquanto parecia fácil. Bifurcação. Agora eu tinha que escolher. Nenhuma sinalização ou setas amarelas. Nada. Optei pela direita e fui. Olhei para trás e vi alguns ciclistas chegarem à cruz e tirarem fotos. A qualquer momento, eles vão passar por mim, imaginei. Andei, marchei, caminhei e nada de indicações. Pior, nada dos ciclistas.
Fui um pouco adiante. Voltei um pouco para atrás. Me virei, pensei em Deus. Eram 5h30 da tarde. Outra vez, a imensidão semi-árida e mais ninguém. Retomei o caminho escolhido indo na direção das antenas de rádio ou televisão e de uma construção junto delas. Depois de muito caminhar, fui chegando e encontrei a construção, alguns carros em um estacionamento e um senhor indo na direção de um automóvel. Respeitosamente, perguntei onde estava e como faria para ir a Burgos. Ele foi amável, me explicou e eu segui as orientações dele. Passei por um vilarejo e, mais uma vez, entrei na carretera. De repente, a estrada afunilou por causa de um conserto, nas duas mãos, veículos em alta velocidade. Quase fui atropelado. Pulei o guard rail, deslizei, ribanceira abaixo, para um ponto plano e retomei a caminhada, na lateral da carretera.
Por ali, encontrei um tratorista, que me acenou para eu ir em frente. Bom, ao menos foi o que eu entendi: talvez ele não me quisesse ali, na área que ele estava cultivando. Como eu era um estranho, a filha dele já havia corrido para dentro do trator. E como na Espanha todo homem do campo anda com seus cães, achei melhor seguir a indicação dele. Outra vez na estrada, passei na frente de um hotel e ameacei entrar. Hotel de estrada, mas com um bom astral. O sol ainda estava forte e resolvi seguir em frente. A informação do homem nas torres de televisão dava conta de que do hotel até Burgos seriam cerca de oito quilômetros. Após passar pelo hotel, parei para ajeitar a mochila, recolocar as botas e pegar um refrigerante energético chamado Aquarius, sabor laranja. Sempre tinha comigo água, suco, barra de cereais e, às vezes, frutas.
Voltei à estrada, caminhando na direção do sol, quando passou ao meu lado um caminhão enorme em alta velocidade e, de sua carroceria saiu, como que arremessado por um canhão, uma capota de carro conversível de dois lugares. Com vidro e tudo. E ela acertou um carro que vinha atrás. O carro se descontrolou na minha frente. Fiquei parado, olhando a tudo, sem poder fazer nada: enquanto a capota rolava no asfalto, o motorista tentava controlar o carro. A capota finalmente parou, o carro estacionou no acostamento e eu, vendo que o motorista não tinha se machucado, segui na minha, tomando Aquarius e me lembrando da música do filme Jesus Cristo Superstar e da era de Aquário. Mais uma vez, agradeci a Deus e a tudo que me protege. Firme no caminho.
Agora ou nunca, o negócio era chegar em Burgos. E entrei em Burgos pela carretera e parei num posto para pedir informações sobre onde eu realmente estava. Fui atendido por um frentista, que logo percebeu o meu problema e, amável, perguntou de onde eu era. Na verdade, àquela altura, eu mais parecia um europeu, um alemão ou francês: um branco avermelhado de tanto sol. Quando disse que era do Brasil, de São Paulo, ele mudou. Ele conhecia São Paulo e me disse que estava de mudança para a cidade em outubro. Vai dar aulas de espanhol.
Ele foi muito solícito, chamou um carro, que me levou ao centro de Burgos. De novo, não havia vagas em nenhum lugar. Nada. Roda pra cá, roda pra lá, fomos encontrar um point, um lugar transado, perto de tudo. Pequeno, mas arrumado. Ali havia peregrinos de todo o mundo, mas a fim de algum conforto. Jovens e velhos casais. Solteiros e solteiras. Vi o nome Jacobeo e me lembrei que tinha estado num hotel chamado Jacobeo, em Belorado. Era muita coincidência e no ano Jacobeo, ou seja, ano em que 25 de Julho, data de comemoração de Santiago de Compostela, caía em um domingo. Fiquei ali por menos de 48 horas, mas pude conhecer o espetáculo que é Burgos.
Primeiro, fui ao correio mandar cartões para o Brasil. Segundo meu filho Rodrigo, os cartões que mandei de Saint Jean Pied de Port ainda não tinham chegado. No correio de Burgos, a mulher que me atendeu comentou com a outra ao lado que eu era do Brasil, que estava no caminho. A outra disse que eu, então, deveria ter ido à Espanha andando. Interferi na conversa e disse que não, disse, de forma educada, que tinha ido a nado. A senhora que estava me atendendo foi amável e os cartões foram mandados.
Em seguida, fui à catedral e tudo era inimaginável. Do lado de fora, ela tinha o tamanho do estádio do Morumbi. Era imensa, com muitas torres e construções. O seu interior, magnífico. A variedade cultural era tão grande e a quantidade de capelas tão variada, que riquíssimos detalhes podiam escapar quando a visita era feita em um único dia. A catedral de Burgos bem que merecia uma visita em qualquer época da vida.
Da catedral para o Castillo de Burgos: formação da primeira sociedade na área, a construção, as invasões, as muralhas, o centro e o museu com telões e peças do passado, a riqueza cultural e sua história... Era realmente surpreendente. Fui visitar as ligações subterrâneas do castelo. Mal dava para passar uma pessoa. Os pisos eram preparados de forma que, quando havia invasões, as partes mais frágeis ficavam expostas para os invasores pisarem e eles caíam de uma altura de 30 metros dentro de fossos, onde eram imediatamente cobertos com pedras enormes. Os que não morriam nas quedas, morriam por causa das pedras, jogadas através de túneis. Quando havia combates corpo-a-corpo, facas, facões, pequenas pás e picaretas eram usadas como armas, já que o pequeno espaço dos túneis não permitia o uso de lanças ou espadas. O poço do castelo tinha 60 metros de profundidade até a água, que garantia a sobrevivência de quem guardava o lugar. E os inimigos faziam de tudo para envenenar essa água, mas, em geral, não conseguiam.
Tirei fotos de tudo e fiquei impressionado. O passeio tinha iluminação especial e som de batalhas e lutas. Aquelas pedras contavam a história do homem em Burgos. A primeira ocupação de caráter estável foi na Idade de Ferro (700-500 AC). No mesmo piso onde estava o castelo de Burgos, existiu um povoado com cabanas circulares. A base econômica era a agricultura de trigo e cevada, mais a criação de cabras, ovelhas, bois, cavalos e porcos. A ocupação mais antiga aconteceu em Cerro de San Miguel, no mesmo local, na época Neolítica (4.000-2.500 AC). O castelo de Burgos foi fundado no ano de 884 DC para criar obstáculos à circulação de exércitos muçulmanos. Há 1.120 anos atrás, a cidade de Burgos foi criada sob proteção do castelo. Da torre que ainda resta no castelo, dava para tirar fotos incríveis da cidade.

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