Menu
Somos Todos UM - Home

Encontros e desencontros do Caminho - Final do Capítulo 6 e Capítulo 7 - 1a.parte

Facebook   E-mail   Whatsapp

Autor Fernando Tibiriçá

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 2/4/2006 8:18:48 PM


Resolvi encher a banheira para recompensá-los. Além disso, meus ombros estavam fora do lugar. Que saudades de um bom Rolfing (massagem para corrigir a postura) para colocar tudo nos eixos. Foi através do Rolfing que comecei a ter uma postura correta. O Rolfing me ajudou a conhecer meus limites e a saber que posso ir além deles. Depois de desastres, machucados de esporte, lesões de operações e de maus hábitos do dia-a-dia, consegui sentir-me renovado com o Rolfing.

A água morna me fez dormir. Ao acordar, senti saudades da minha gente, da minha moçada do Manga Rosa por quem tenho muito carinho, dos meus pais e do meu querido filho que me assiste a toda hora e cobre o meu anjo da guarda quando ele está de folga. Me enxuguei e corri ao telefone. Falei com muitas delas e comentei sobre o dia complicado no caminho, o forte calor e a felicidade da missa. Todos reagiram felizes com a minha alegria. Enfim, tudo folia. Foram quilômetros e quilômetros, dias e dias sem falar com minha gente querida. Mas as regras do Caminho pedem reclusão para se buscar a melhor inspiração e ter pensamentos positivos por todos.

Desliguei o telefone e comecei a me medicar, a passar pomadas nos locais em que as lesões de pele eram mais sentidas e Merthiolate no dedo do pé que já apresentava um sintoma de inflamação embaixo da unha. A bolha tinha arrebentado, levou a unha, fiz o curativo. Mas tudo isso era nada porque eu estava feliz. Desliguei a luz e fui dormir. Não quis jantar. Jantar para quê se o alimento maior que é a felicidade do Caminho, eu já digeria?

No dia seguinte, ao acordar, me dei conta de que uma farmácia seria interessante naquele momento. Fui de Ayegui, onde estava, até Estella para comprar meias apropriadas para o caminho, pomadas e anti-inflamatórios para os dedos do pé e a pele. A moça da farmácia era deliciosa. Eu toparia, sem pensar, uma injeção se ela quisesse me dar. Conversamos, ela falou sobre morar em Puente la Reina, ser casada e ser basca. Eu disse que admirava os bascos, principalmente as bascas, mas tive que ir embora porque outras duas bascas se aproximaram quando ouviram o elogio e elas eram uns verdadeiros canhões. Saí da farmácia e acabei comprando uma camiseta, já que estava entrando na fase de me desfazer das roupas que havia trazido; elas estavam em petição de miséria. Na loja, Gilberto Gil cantava em uma rádio local.

O calor continuava insuportável. Ao caminhar em campo aberto uma fumaça parecia sair do chão. Piso esplendoroso, caminho maravilhoso, sendo depredado e disputado pelas províncias por onde ele passava. Agora são espanhóis, franceses, alemães, italianos, canadenses, americanos e brasileiros, nesta ordem, os maiores usuários do caminho, segundo dados de 2003 e 2004, que peguei no albergue do Estella. Acho que em 2004, os alemães devem subir. Americanos e ingleses são muitos. Australianos idem. O caminho da espiritualidade está se convertendo em um caminho de interesses e de disputas entre as regiões da Espanha e o comércio está cada vez mais presente. Religião, comércio, turismo, política e, a qualquer momento, um Big Mac logo adiante. Aproveite para visitar o Caminho antes que ele acabe; ao menos o caminho físico, porque o caminho espiritual a gente vive todos os dias.

Comecei a notar como os franceses, alemães e ingleses são indiferentes em relação aos espanhóis. Não são racistas, mas desprezam o povo espanhol.

De volta ao hotel, fui jantar na cafeteria e pude ver como os espanhóis são engraçados. Que tipos mais diferentes! O hotel em que eu estava tinha um clima mais rural. Gente de diferentes posturas. Me lembrei de mim, no início do Caminho, nos dois ou três primeiros dias, a mochila nas costas. Eu mais parecia o Obelix carregando seus menires. Os espanhóis eram divertidos, alguns, beberrões. Mas, até agora, não tinha visto nenhuma briga.

Na cafeteria, pedi uma entrada e um prato. A fome era grande já que eu não almoçava, apenas tomava o café da manhã e depois jantava. Pedi um bocadillo de chorizo e um filé de ternera. Veio o filé e achei atencioso trazerem um pedaço grande de pão. Comi o filé e perguntei sobre o bocadillo. Foi, então, que percebi a minha mancada: aquele pão que me trouxeram era o bocadillo de chorizo. Não era pão a mais. Não sabia, aprendi. É o Caminho! Fui dormir.

Capítulo 7

Logo cedo comecei a jornada para Los Arcos. Pensava muito e a toda hora na Mariú, pequenina e perspicaz, na Marilena, fumante contumaz e observadora do óbvio, e na Sandra, que me recebeu poucos dias antes de eu viajar. Mesmo com a mãe na UTI, ela conversou comigo e reforçou a impressão que eu já tinha, de que tudo de bom já estava acontecendo, tudo por causa do Caminho.

Essas três jovens senhoras merecem o meu carinho e respeito porque foram importantes e sempre serão. Na hora certa, falaram e mostraram o certo e o errado, o sim e o não. Volta e meia, lembrava também das minhas amigas Nice e Tsunae, que sempre me incentivaram com muito otimismo.

Outra figuraça que também não me saía do pensamento, é quase uma personagem de histórias em quadrinhos, grande, negro e cego. Ele é meu chapa desde 1984. Vê o que quer e o que não quer. Em 1984, montamos na minha casa, em São Paulo, um local para que ele encontrasse alguns amigos, seguidores e curiosos. Na verdade, ele morava e ainda mora em Belo Horizonte. Em pouco tempo, a minha casa havia se transformado em um canto do candomblé. Virei fanático, quis catequisar e converter. Aprendi que Xangô comanda minhas ações. Sempre fui muito duro nas minhas posições.

Quando o assunto é religião não curto banalidades e futilidades. Precisar de um Babalorixá (ou pastor, ou padre, ou rabino ou o que for) para conquistar uma mulher ou para ficar mais rico não é comigo. Naquela época, eu estava tão firme nas minhas colocações, que pretendia ir à Nigéria para visitar os lugares sagrados e, principalmente, ver tudo a respeito de Xangô. Minha forma autêntica de pensar deixou o Pai José em situação embaraçosa e, com o tempo, ele foi deixando de receber as pessoas em minha casa porque elas já não se sentiam à vontade para falar sobre banalidades. A rotina caseira praticamente não existia por conta da ansiedade e do baixo astral de outras pessoas, a maioria das quais, eu não conhecia.

Ainda praticante e respeitador das regras do candomblé, um dia, em junho de 1987, após um treino de lutas, ainda de quimono, peguei uma pizza e a levei para casa para jantar, tomar banho e, depois, ir trabalhar. Eu tinha o Roof e estava montando a House, duas casas noturnas em São Paulo. Meu filho estava viajando, minha namorada, na casa dela, e minhas empregadas, de folga. Eu estava sozinho.

Abri o portão, 9h da noite, entrei com o carro e, antes de fechar o portão, já tinha um cano de revolver encostado no meu rosto. Sem sair do carro e imaginando que aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto, nem pensei em pegar o meu revólver que estava embaixo da pizza, no banco ao lado. Estava na Saveiro do meu canil. Pelo retrovisor, vi entrarem em casa mais dois homens e uma mulher. Fecharam o portão. O muro era alto. A visão da rua era completamente nula.

Leia os 18 Capítulos neste Site ou peça o livro completo via e-mail que o enviarei gratuitamente com prazer.
ok
Gostou?    Sim    Não   

starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 21


estamos online   Facebook   E-mail   Whatsapp

foto-autor
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Fernando Tibiriçá   
Pude informar e amenizar leitores que buscam o comentário preciso e um agrado para sua alma. Por isso sinto-me feliz...
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

Saiba mais sobre você!
Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.
Veja também
Deixe seus comentários:



© Copyright - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução dos textos aqui contidos sem a prévia autorização dos autores.


Siga-nos:
                 

Energias para hoje



publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2025 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa