Enquanto corremos em bando: Esquecemos o essencial: Olhar ao lado

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Autor Paulo Roberto Savaris

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 4/15/2025 9:59:00 AM


De repente, o mundo virou trincheira. Não se conversa mais. Se confronta. Se não está do meu lado, está contra mim. Se pensa diferente, é inimigo. E assim seguimos, atirando frases como pedras, com verdades afiadas nas mãos e olhos vendados pela própria razão.

É curioso como as ideologias, que um dia talvez tenham nascido de desejos nobres, hoje servem como espelhos tortos. Revelam mais sobre quem as defende do que sobre o que realmente dizem. O que se grita, no fundo, é a dor de ser o que se é — ou pior, de não saber mais quem se é. A ideologia apenas veste, disfarça, mascara. Mas o corpo por baixo dela — o ego, o medo, a vaidade, a insegurança — esse não mente.

Calar-se quando o outro fala verdades incômodas é sinal de fraqueza ou de prudência? Depende. Às vezes é a covardia de quem não quer admitir o erro. Outras vezes é a arrogância de quem só fala com o próprio reflexo. O silêncio nem sempre é sabedoria — muitas vezes, é escudo.

Já o ataque é a ferramenta preferida de quem precisa impor. Imponho porque não suporto o contraditório. Porque, no fundo, a minha certeza não é tão certa assim. Então eu grito. Esbravejo. Cancelo. Faço do outro um inimigo para não ter que encarar que talvez eu esteja errado. A ideologia, então, vira trinco na porta da alma. Prende por dentro e ainda acha que protege.

A ciência explica: somos manada. Neurocientificamente programados para pertencer. É mais fácil seguir o grupo do que pensar sozinho. O cérebro gasta menos energia, evita o desconforto, se mantém seguro. O problema é que nessa ânsia por pertencimento, sacrificamos o discernimento. Seguimos líderes que nunca nos olharam nos olhos. Aplaudimos causas que nunca questionamos. Fazemos "pix" para bandeiras que tremulam bonito, mas escondem interesses próprios.

Enquanto isso, o vizinho precisa de pão. A irmã sofre em silêncio. O amigo some, e ninguém nota. A ideologia nos afastou do essencial: o humano ao lado. O simples. O pequeno gesto que não dá curtida, mas salva um dia.

Osho já dizia que perdemos o encantamento da infância. Quando tudo era descoberta e amor gratuito. Hoje, adultos sobrecarregados, vivemos dentro de complexidades criadas por nós mesmos. Criamos o labirinto, depois choramos por estarmos perdidos. E para muitos, a tal maturidade não é sabedoria, é apenas um endurecimento. Uma casca grossa que protege... do quê, mesmo?

Uns voltam ao centro. Reencontram o valor do silêncio e da escuta. Outros viram zumbis, circulando dentro da bolha da própria bolha. Alimentando certezas absolutas, tradições fossilizadas, honras retóricas, como se a vida fosse um debate a ser vencido e não um mistério a ser vivido.

A fé cega, a ciência iludida, o amor distorcido, a compaixão egoísta — tudo vira retalho de uma colcha feita de narrativas pessoais. E no meio disso, a vida: esse caos que criamos com as próprias mãos. Damos nome ao outro, categorizamos: “é pobre porque é preguiçoso”, “é rico porque roubou”, “é diferente, logo, perigoso”. E assim, seguimos. Sem freio, sem sinal, apenas com buzinas e gritos, tentando chegar a algum lugar que nem sabemos onde fica.

Vivemos, muitos de nós, para o aplauso póstumo. Para a biografia editada depois da morte. Idealizamos vidas que nada acrescentaram de fato. Só gritaram mais alto. E por isso, foram notadas.

Haja divina comédia para tanto inferno. Tantas purificações necessárias. Tantos paraísos prometidos.

Mas as estatísticas estão aí, para quem quiser ver — e poucos querem. Elas mostram quem somos, onde vivemos, quanto ganhamos, de que cor é nossa pele, e por que pensamos assim. Reproduzimos o que aprendemos, reforçamos o que nos convém, ignoramos o que nos desafia.

Enquanto alguém quiser ser mais que o outro, haverá opressão. E desigualdade. E dor. E silêncio. Até Deus vira instrumento de disputa: para uns, é José o carpinteiro. Para outros, Judas o traidor. E talvez o ideal mesmo fosse voltarmos à simplicidade amorosa de Jesus. O amor, afinal, não toma partido. Mas nós tomamos.

Reflexões finais:
 
  • Em que momento sua ideologia falou mais alto que sua empatia?
  • Quantas vezes você deixou de ouvir para reagir?
  • O que você está defendendo: uma ideia, ou a necessidade de estar certo?
  • Quantas causas distantes você abraçou... e quantas próximas você ignorou?
  • E se o outro for apenas você, visto de outro ângulo?
Talvez ainda haja tempo de se despir das armaduras. De voltar ao encantamento. De caminhar de mãos dadas com a dúvida — ela, sim, pode ser mais honesta que muitas certezas.

Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor de eBooks na Amazon e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo. https://www.caminhandocomfrancisco.com/


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