Ensinamentos do Srimad Bhagavatam: IX
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/13/2007 4:10:04 PM
O Srimad Bhagavatam é um comentário sobre o Vedanta-Sutras elaborado pelo sábio Sukadeva Gosvami aproximadamente 5000 AC. Nas explanações feitas por Sukadeva ele transmite também os ensinamentos de vários transcendentalistas. Neste artigo vamos evidenciar os conhecimentos dos sábios vedantas Angira, Citraketu e do filho de Maharaja Citraketu para que possamos ampliar o nosso nível de consciência.
Angira
Lamentar-se pela perda de algo material é inadequado. Aqueles que, avançados em conhecimento espiritual, deixam-se afetar-se pela perda ou ganho material, não adotam procedimento recomendável. Os objetos visíveis, tais como esposa, filhos e propriedades, são como sonhos e invenções mentais não possuindo existência permanente. Às vezes torna-se visível e, outras vezes, não. Assim sendo, lamentar por tudo que não é permanente constitui uma atitude incorreta.
Devido às nossas ações passadas criamos as invenções mentais, e, devido a essas invenções, continuamos executando atividades ligadas ao mundo material. A alma corporificada que se atém ao conceito de vida corpórea esta absorta no corpo, que é uma combinação dos elementos físicos fonte de toda a miséria.
A alma corporificada deve dispor de tempo para analisar cuidadosamente a posição da alma. Em outras palavras, tentar entender o que é o corpo, a mente e a alma. A alma corporificada deve também investigar de onde ela veio, para onde irá depois que abandonar o corpo e por qual motivo está sob o controle da energia material. Realizando o esforço para entender a sua verdadeira posição a alma obtém a paz.
Citraketu
A Suprema Personalidade é eterna e não possui começo, meio e fim. Quando a manifestação cósmica deixa de existir a Suprema Personalidade continua a existir como potência original.
A Consciência Suprema cria os universo e cada universo está coberto por sete camadas e cada uma das camadas é dez vezes maior que a anterior. Existem inúmeros universos, e, embora eles sejam ilimitadamente grandes, movem-se como átomos dentro da Suprema Personalidade.
Toda alma vivencia que a Suprema Personalidade é a criadora, mantenedora e aniquiladora de todos os universos, mas, existem pessoas materialistas que concluem que a manifestação cósmica independe do Supremo. As pessoas sem inteligência que estão sedentas de gozo material não entendem que Deus é o fundamento de todas as coisas.
Os materialistas não passam de animais com corpo humano e estão sujeitos a repetidos nascimentos e mortes porque são condicionados à natureza material, porém, como a alma é transcendental, aquele que tem a propensão a associar-se com o Senhor Supremo em transcendência escapa às condições impostas pela natureza material.
Muitas formas de religião atuam sob concepções de resultados materiais e de distinções de “tu e eu” e “teu e meu” e são praticadas por pessoas que desejam exterminar seus inimigos ou buscam poderes místicos, mas esses sistemas religiosos, estando cheios de paixão e inveja, são impuros e temporários, proliferando neles a irreligião. O sistema religioso que fomenta em alguém a inveja e a disputa não é uma religião.
Filho de Maharaja Citraketu
De acordo com a relação da alma corporificada com o universo material a alma transmigra de um corpo a outro indo às espécies dos semideuses, outras vezes aos corpos dos animais inferiores, às vezes, aos vegetais, e, dificilmente aos corpos humanos.
Poucas são as almas que nascem na espécie humana: muitas outras nascem como animais. Embora ambas sejam almas corporificadas, suas relações não são permanentes. Durante algum tempo, um animal pode permanecer sob a custódia de um ser humano, e depois, a posse do mesmo animal pode ser transferido para outros seres humanos. Logo que o animal se vai, o ex-proprietário perde o seu senso de propriedade. Enquanto o animal estiver em sua posse, o dono sentirá afinidade pelo animal, porém, logo que este é vendido, a afinidade se esvai, assim também ocorre com a alma, onde todo relacionamento com o corpo é temporário.
A energia do mundo material parece um grande rio que arrasta a alma corporificada provocando encontros e desencontros no decorrer do tempo, no entanto, ninguém está permanentemente relacionado. Assim como o ouro e outras mercadorias continuamente são transferidas de um lugar a outro no decorrer da compra e da venda, do mesmo modo, a alma corporificada, como resultado de suas atividades vaga por todo o universo, sendo injetada por consecutivos pais em diferentes corpos em diferentes espécies de vida.
As relações de convivência no mundo material são fundamentadas nos corpos e todos eles são perecíveis, assim sendo, todas as relações são finitas e passageiras. Apesar da alma corporificada manter ligações baseadas em corpos perecíveis, a alma é eterna. Na verdade, o corpo é que nasce ou se extingue, e não a alma. Ninguém deve aceitar que alma viva ou morre. Logo que a alma corporificada, como resultado de suas atividades materiais passadas, aparece como filho de certo pai e mãe, ela tem um vínculo com o corpo dado por esse pai e essa mãe. Domina-o, assim, a falsa idéia de que é filha deles e age afetuosamente. Entretanto, tão logo a alma abandona o corpo, a relação termina. Nestas circunstâncias, ninguém deve entregar-se ao júbilo ou as lamentações infundadas a respeito das convivências.
A alma é eterna, porque de fato, não tem começo nem fim. Ela nunca nasce ou morre. Ela é o princípio básico de todas as classes de corpos, mas não pertence à categoria corpórea. A alma é tão sublime que, em qualidade, é igual ao Senhor Supremo. Entretanto, a alma corporificada possui a tendência de deixar-se iludir pela energia material, e assim, de acordo com seus diferentes desejos a alma cria para si os corpos. Para a alma liberta, ninguém é querido e ninguém é desfavorável, não fazendo distinção alguma entre aquilo que é propriedade sua e aquilo que pertence a outrem. A alma que está liberta da energia material não se deixa afetar nem por amigos nem por inimigos, benquerentes ou malfeitores. Tudo o que ela faz é observar, testemunhar as diferentes atividades dos homens.
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