Ensinamentos do Srimad Bhagavatam: XII
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/21/2007 3:44:08 PM
O Srimad Bhagavatam é um comentário sobre o Vedanta-Sutras elaborado pelo sábio Sukadeva Gosvami aproximadamente 5000 AC. Nas explanações feitas por Sukadeva ele transmite também os ensinamentos de vários transcendentalistas. Neste artigo vamos evidenciar o conhecimento do homem santo que vivia nas margens do Kaveri perto da montanha Sahya para que possamos ampliar o nosso nível de consciência.
O Homem Santo de Sahya
Prahlada Maharaja, o mais querido servo da Suprema Personalidade de Deus, viajava pelo Universo com alguns de seus companheiros confidenciais para estudar a natureza das pessoas santas. Então, ele chegou às margens do Kaveri, onde havia uma montanha conhecida como Sahya. Ali, encontrou uma pessoa santa, que estava deitada no chão, coberta com areia e pó, mas possuía profundo avanço espiritual.
Prahlada Maharaja adorou a pessoa santa que vivia como uma cobra e ofereceu ao santo as devidas reverências. Após prestar esta adoração e tocar com sua própria cabeça os pés de lótus do santo, Prahlada Maharaja, a fim de compreendê-lo, elaborou perguntas ao santo homem que passou a respondê-las.
Salientou o homem santo que não se esforçava para obter nada e está satisfeito com tudo que consegue espontaneamente. Quando não obtém nada, permanece paciente e inabalável como a cobra e fica deitado por muitos dias. Às vezes, se alimenta com uma pouquíssima quantidade e, outras vezes, com grande quantidade. Às vezes, o alimento é muito saboroso, e, outras vezes, está estragado. Às vezes, o alimento é oferecido com muito respeito e, outras vezes o alimento é dado com negligência. Às vezes, alimenta durante o dia e, às vezes, à noite. Dessa forma, alimenta com o que for facilmente disponível. Às vezes, fica deitado na superfície da terra, às vezes, em folhas, grama ou pedra, às vezes, num monte de cinzas, ou, às vezes, pelo desejo de outros, num palácio, onde lhe é oferecido uma excelente cama com travesseiros. Às vezes, banha-se muito bem, untando todo o corpo com polpa de sândalo, usa guirlanda de flores e veste trajes e ornamentos finíssimos. Às vezes, montado no dorso de um elefante ou numa quadriga ou num cavalo viaja como se fosse um rei. Às vezes, viaja despido, como uma pessoa perseguida por fantasmas.
Disse o sábio que devido aos insaciáveis desejos materiais, estava durante muitas vidas sendo arrastado pelas ondas das leis da natureza material, e, portanto, estava ocupado em diferentes atividades, lutando pela existência em várias formas de vida. No transcurso do processo evolutivo, o qual é conseqüente das atividades fruitivas através das quais se procura obter o indesejável gozo dos sentidos materiais, recebeu a forma de vida humana, que pode levar aos planetas celestiais, à liberação, às espécies inferiores ou ao renascimento entre os seres humanos.
Nesta forma de vida humana, o homem e a mulher unem-se para tentar obter prazer sexual, porém, através da verdadeira experiência, observou que nenhum deles é feliz. Vendo a ocorrência de resultados contrários a libertação da alma corporificada devido o aprisionamento elaborado pela energia material resolveu parar de participar das atividades materialistas.
Para a alma, a verdadeira forma de vida é aquela em que há felicidade espiritual, que é a felicidade real. Esta felicidade pode ser alcançada apenas pela alma que abandonou todas as atividades materiais. O gozo dos sentidos materiais é simples imaginação.
A alma que vive dentro do corpo esquece com muita facilidade a sua verdadeira missão porque se identifica com o corpo. O corpo sendo material, sua tendência natural é deixar-se atrair pelas muitas energias do mundo material. A alma corporificada sofre as misérias da existência material. Assim como um veado, devido à ignorância, não pode ver água que está dentro de um poço coberto de grama e procura água em outra parte, a alma, coberta pelo corpo material, não vê a felicidade dentro de si mesma, mas corre em busca da felicidade no mundo material.
A alma corporificada tenta alcançar a felicidade procurando eliminar as causas da aflição, porém, como os vários corpos que utiliza estão sob o completo controle da natureza material, todos os planos da alma malogram-se, um após outro. Mesmo que a alma corporificada tenha sucesso no mundo material de nada adiantará o sucesso, pois, todo sucesso na vida material é uma ilusão. O sucesso na vida material não elimina o constante ciclo de nascimento e morte.
O homem rico é vítima dos seus sentidos, tem muita cobiça de acumular riqueza, e, portanto, sofre de insônia devido ao temor que o aflige de todos os lados, apesar de sua riqueza e opulência. Aqueles que são considerados materialmente poderosos e ricos vivem cheios de ansiedade por causa das leis governamentais, dos ladrões, assaltantes, dos inimigos, dos membros familiares e principalmente do inevitável fator tempo que conduz tudo que existe no mundo material para a morte.
Os membros da sociedade humana que são inteligentes devem abandonar a causa original da lamentação, ilusão, medo, ira, apego, pobreza e trabalho desnecessário. A causa original de todas essas aflições é o desejo de prestígio e dinheiro desnecessário resultados dos envolvimentos da alma corporificada com a energia material. A pessoa erudita e introspectiva deve perceber que a existência material é ilusão.
Apenas através da auto-realização a alma corporificada se liberta da energia material e de todas as suas conseqüências. A pessoa auto-realizada é aquela que vê a verdade libertando-se de toda ilusão provocada pela energia material. Devido ter visto a verdade o santo homem colocou fim em todas as atividades materiais estando ali deitado.
Depois que Prahlada Maharaja ouviu as instruções transmitidas pelo santo compreendeu os deveres ocupacionais da pessoa perfeita prestou a devida adoração e recebeu permissão para partir em direção ao seu próprio lar.
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